Quem passou ontem (dia 21 Novembro) pela Avenida da Liberdade pelas 22 horas notou logo a diferença...
Um grupo de punks e aficionados dos Ramones concentravam-se perto da porta do Hard Rock Café Lisboa e ocupavam todo o passeio, obrigando os transeuntes a atravessar a estrada naquela zona.
Não faltavam cães, garrafas, guitarras e convívio por vezes algo exacerbado, o que gerava alguma apreensão aos porteiros/seguranças na entrada daquela sala (mais tarde, chegou mesmo a ver-se a presença de vários carros da Polícia).
Pelas 23 horas em ponto (hora imposta pela organização do evento), os
Kamones subiam a palco e entrada do pessoal foi imediata.
Rapidamente a sala ficou apinhada, esgotando a lotação com algumas pessoas a serem impedidas de entrar.
(foto: Rui M. Leal)
E este foi o início de uma das melhores actuações da banda de João Alves (vocalista), João Ribas (guitarra e coros), Paulinho (baixo e coros) e Rafael (bateria).
Perante o primeiro andar totalmente ocupado (até com empregados do estabelecimento a ´furar` as pessoas), foram interpretados 35 temas em cerca de uma hora e quarenta minutos de espectáculo (quase
non-stop diga-se, bem ao jeito dos Ramones).
O repertório desta banda-tributo foi alargado com a interpretação de temas nunca antes apresentados por estes músicos portugueses.
Houve momentos diferentes, com João Alves a acompanhar a banda com guitarra acústica (em jeito de ´Ramones Unplugged`), outros com o vocalista a agarrar numa baqueta e a acompanhar o baterista, tudo sempre com o público em extrema sintonia, a cantar bem alto os míticos temas.
Para além dos temas óbvios, ouviu-se "I Wanna Live", "Poison Heart", "Pet Semetary", "Needles And Pins" e até dedicatórias em faixas como "She´s The One".
A semelhança com os temas originais é ´gritante`, os membros da banda tocaram os temas de uma forma irrepreensível,
tendo sempre a melodia e balanço próprios das faixas originais
(logicamente umas mais aceleradas do que outras).
Numa altura a meio do concerto ouviu-se um falso arranque, mas nada de mais. Maior semelhança é a presença física do vocalista João Alves, com uma postura bem aproximada de Joey Ramone.
De notar a presença de imensos estrangeiros na sala (como é habitual neste espaço), mas sempre a cantar os refrões dos temas, afinal todos sabiam para o que tinham ido.
Ao fim de uma hora e meia de concerto, a banda terminou a prestação mas perante imensas palmas, houve o pedido de
encore, ao qual foi correspondido logo de seguida e tocaram por mais uns dez minutos.
No final, ficou a sensação que se esteve em plena ´viagem` onde se percorreu toda a carreira dos Ramones, nesta noite exclusivamente dedicada aos norte-americanos.
A satisfação dos membros dos Kamones espelhava o excelente ambiente que se viveu naquele espaço, naquela noite magnífica. As conversas e opiniões tomaram conta de todos, com as pessoas lentamente a abandonar a sala, ficando ainda por muito tempo em plena rua, na entrada do Hard Rock Café (não houve frio que demovesse quer quer que seja).
Uma certeza ficou realçada, o legado dos Ramones perdura e os temas ficaram na memória de tanta e tanta gente que (à sua maneira) faz questão de os eternizar, seja a interpretá-los com instrumentos, simplesmente a ouvi-los ou mesmo a cantar em voz alta.
E temos a sorte de poder ver os Kamones a trazer momentos destes com alguma frequência. Obrigado Ribas, Paulinho, João Alves e Rafael.