Como gostei da crítica (o disco não deve tardar nas minhas mãos), não quis deixar de colocar esta opinião do Tio Adolfo, para deixar no ar a curiosidade deste disco de Iggy Pop, que sempre fez bons trabalhos e neste não deve desiludir ninguém. Cá vai...
"Skull Ring" de Iggy Pop por Adolfo Luxúria Canibal
"Skull Ring" ficará certamente na história como o álbum em que Iggy Pop volta a encontrar os Stooges. Se bem que esse encontro tenha tudo menos um sentido nostálgico.
O disco abre com "Little Electric Chair" que, dos 4 temas assinados a meias com os meliantes malditos de Detroit, aqui reduzidos aos irmãos Asheton depois da morte de Dave Alexander, é o único que se pode aproximar das descargas eléctricas viscerais e debochadas do final dos anos 60.
Os outros 3 têm energia, sim, ironia, bastante, mas nada a que Iggy não nos tenha já habituado no seu trabalho a solo.
No entanto, "Skull Ring" é bem mais do que o reencontro dos Stooges.
Funciona antes como mosaico de várias tendências, como encruzilhada de diferentes sensibilidades, aqui reunidas pela mão e pela personalidade incontornável do Iguana.
E a coisa acaba até por soar incrivelmente homogénea, apesar da disparidade de registos que acontece quando se convocam nomes tão desiguais como, para além do dos Stooges, o dos neo-punks norte-americanos Green Day, o da electro-clash canadiana Peaches ou o dos inqualificáveis Sum 41.
E é precisamente da única parceria com estes últimos que resulta a única nódoa do álbum, "Little know it all", um rock pastilha elástica onde até a própria voz de Iggy soa irreconhecível.
Senão, à parte "Rock Show", tema nitidamente do universo de Peaches, e "Supermarket", onde o Punk mais pós-Ramones dos Green Day se faz sentir, Iggy Pop soube transformar os restantes 14 temas, independentemente de quem o acompanha, em material seu e, mais importante ainda, assina o seu melhor disco desde há muitos anos.
Os grandes momentos do álbum vão para os títulos "Motor Inn", um interessante exercício minimalista com Peaches e Gonzales, "Little Electric Chair", o incendiário single com os Stooges, "Private Hell", com os Green Day, marcado pelo inesquecível vibrato da guitarra de Billie Joe Armstrong, e "Perverts In The Sun" e "Nervous Exhaustion", este como faixa escondida, duas descargas furiosas com os seus habituais companheiros The Trolls, onde pontificam os irmãos Kirst na guitarra e no baixo.
Mas a jóia da coroa é essa interpretação despojada, em solo absoluto, de "Til wrong feels right", canção tomada ao repertório do bluesman Mississioi Fred McDowell.
Só isso, se mais não houvesse, seria suficiente para tornar o disco obrigatório...
Se o Tio Adolfo disse, tá dito!!!
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