Quem quiser ver uma crítica sobre o concerto de Lydia Lunch, no passado dia 21 de maio, em Famalicão, pode clicar em "comments" e ver a review feita pelo Som Activo...
Segundo dizem, foi bem intenso (como ela tanto habitua o seu público).
Festival Tímpano - Grande Auditório da Casa das Artes de Famalicão, 21 de Maio de 2005
Lydia Lunch é um mito vivo da cena underground mais mediática.
A artista de spoken word, compositora, cantora e actriz, figura maior da arte urbana que colaborou com Nick Cave, Sonic Youth ou Einstürzende Neubatten, esteve em Famalicão para um concerto único em Portugal.
Falar-se de Lydia Lunch é tarefa árdua, e longa. Escrever-se sobre um concerto seu também, até porque apesar de sabermos quem é, esperar seja o que for de uma prestação sua ao vivo pode ser um erro.
A imprevisibilidade é uma marca, mas grandiosidade do momento sempre único é uma garantia.
E foi precisamente isso que aconteceu perante um auditório com público expectante para a sua actuação.
“Hangover Hotel”, tema de abertura do último registo “Smoke in the Shadows” serve também de início ao concerto onde Lydia Lunch surge acompanhada por um guitarrista, um homem nos metais, e um percussionista que tinham ainda a acompanha-los os sons debitados pelas novas tecnologias…
O último registo serviu apenas de ponto de partida por uma autêntica banda-sonora de um rod movie “Lynchiano” (do David mesmo), tendo ou não a mão de Angelo Badalamenti na composição…
Tudo o que se passou de seguida torna-se impossível de descrever, até porque a mulher consegue partir rumo à verdadeira improvisação demonstrado o seu manifesto político e/ou social/cultural aos presentes.
Ela é provocadora o tempo todo! De forma subtil não menciona nunca alguns nomes que se subentendem. Manda-nos para o estádio onde há uma festa com músicos brasileiros (referia-se a Ivete Sangalo que actuava para cerca de 20 000 pessoas a pouco mais de 1 km do local), pergunta-nos o que estamos ali a fazer, e sugere-nos que fossemos para casa ouvir rádio!
Tudo embrulhado no mesmo pacote sonoro.
Mas há mais, a nova-iorquina que não gosta do presidente que tem, não deixa de lhe tecer avultados e negativos comentários.
A guerra, essa guerra que percorre o mundo não deixa ninguém seguro, e avisa-nos que até nós que vivemos numa pequena cidade de um pequeno país não estamos seguros, em lado nenhum!
Nem eu, nem tu, nem aquele, nem o outro, ninguém!
Temerosa, sexual, explosiva, assumindo pose de actriz carnuda de filmes porno e série z, não se esquiva a orgasmos múltiplos.
Intenso, carregado de dramatismo, cheio de penumbra, durante o concerto Lydia Lunch recolhe-se por entre o negrume que invade o palco condizente com o seu estado/estatuto.
Calorosamente aplaudida, regressa ao palco o percussionista para um solo que encadeia noutro do guitarrista que surge entretanto, ficando este com uma nota estridente em fade out a que o trompete daria continuidade…
Mestria a que Lydia Lunch entraria, e para colocar um ponto final vai declamando bem ao seu estilo “The End” dos The Doors.
Festival Tímpano - Grande Auditório da Casa das Artes de Famalicão, 21 de Maio de 2005
ResponderEliminarLydia Lunch é um mito vivo da cena underground mais mediática.
A artista de spoken word, compositora, cantora e actriz, figura maior da arte urbana que colaborou com Nick Cave, Sonic Youth ou Einstürzende Neubatten, esteve em Famalicão para um concerto único em Portugal.
Falar-se de Lydia Lunch é tarefa árdua, e longa. Escrever-se sobre um concerto seu também, até porque apesar de sabermos quem é, esperar seja o que for de uma prestação sua ao vivo pode ser um erro.
A imprevisibilidade é uma marca, mas grandiosidade do momento sempre único é uma garantia.
E foi precisamente isso que aconteceu perante um auditório com público expectante para a sua actuação.
“Hangover Hotel”, tema de abertura do último registo “Smoke in the Shadows” serve também de início ao concerto onde Lydia Lunch surge acompanhada por um guitarrista, um homem nos metais, e um percussionista que tinham ainda a acompanha-los os sons debitados pelas novas tecnologias…
O último registo serviu apenas de ponto de partida por uma autêntica banda-sonora de um rod movie “Lynchiano” (do David mesmo), tendo ou não a mão de Angelo Badalamenti na composição…
Tudo o que se passou de seguida torna-se impossível de descrever, até porque a mulher consegue partir rumo à verdadeira improvisação demonstrado o seu manifesto político e/ou social/cultural aos presentes.
Ela é provocadora o tempo todo! De forma subtil não menciona nunca alguns nomes que se subentendem. Manda-nos para o estádio onde há uma festa com músicos brasileiros (referia-se a Ivete Sangalo que actuava para cerca de 20 000 pessoas a pouco mais de 1 km do local), pergunta-nos o que estamos ali a fazer, e sugere-nos que fossemos para casa ouvir rádio!
Tudo embrulhado no mesmo pacote sonoro.
Mas há mais, a nova-iorquina que não gosta do presidente que tem, não deixa de lhe tecer avultados e negativos comentários.
A guerra, essa guerra que percorre o mundo não deixa ninguém seguro, e avisa-nos que até nós que vivemos numa pequena cidade de um pequeno país não estamos seguros, em lado nenhum!
Nem eu, nem tu, nem aquele, nem o outro, ninguém!
Temerosa, sexual, explosiva, assumindo pose de actriz carnuda de filmes porno e série z, não se esquiva a orgasmos múltiplos.
Intenso, carregado de dramatismo, cheio de penumbra, durante o concerto Lydia Lunch recolhe-se por entre o negrume que invade o palco condizente com o seu estado/estatuto.
Calorosamente aplaudida, regressa ao palco o percussionista para um solo que encadeia noutro do guitarrista que surge entretanto, ficando este com uma nota estridente em fade out a que o trompete daria continuidade…
Mestria a que Lydia Lunch entraria, e para colocar um ponto final vai declamando bem ao seu estilo “The End” dos The Doors.