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segunda-feira, maio 16, 2005

Porcos Sujos - entrevista

Foi publicada uma entrevista na Dirty House a elementos da extinta banda punk portuguesa Porcos Sujos, mais exactamente ao Xico Gritador e ao Libelinha, pessoal bem activo na cena (Subcaos, Crise Total, etc.), inclusivamente com referência a projectos recentes, que ambos estão envolvidos.

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Quem quiser espreitar e saber pormenores desta banda e do ambiente punk de 90's em Lisboa, pode clicar em "Comments" já abaixo e saber por exemplo, o que era a LBN P.Z.

2 comentários:

  1. Entrevista retirada da Dirty House:




    ENTREVISTA: Porcos Sujos


    Como surgiu a ideia da banda?

    Xico: Naturalmente...os ensaios de Subcaos por volta do verão de 94 andavam
    a correr mal...algum pessoal baldava-se e nao avisava...eu o Libe e o Diogo
    nao tinhamos nada que fazer então decidimos fazer uma banda puramente Punk
    sem grandes influências de crust, com alguns temas mesmo punk rock 77 com
    letras em português.

    L: É de recordar que, mesmo no início, os PSP tocavam músicas mais
    influenciadas por bandas de HC escandinavo, como Rattus ou Riistetyt, pelo
    que gravámos alguns temas mais duros para algumas compilações. Com a entrada
    do Popas, e pelo seu amor aos Dead Boys, assim como pelo conteúdo das suas
    letras, decidimos tocar algo diferente, algo que passasse pelo punkrock de
    77, e por bandas punk portuguesas de 1ª geração.



    Apresenta-nos os membros da banda da altura e quem passou pela banda...

    X: Ao inicio era eu na bateria, o Libe na guitarra e voz e o Diogo que era o
    2º vocalista de Subcaos no baixo. Depois de um ano e pouco passado já era o
    Nuno Torres de Subcaos no baixo e o Popas como vocalista. O Diogo abandonou
    Subcaos e os PS na altura. De salientar que a banda se chamava no inicio
    P.S.P. (Porcos Sujos Punk.



    Quais os concertos que mais vos agradaram? E quantos concertos vocês deram,
    mais ou menos?

    X: Quase todos foram memoráveis... lembro-me de um onde não era suposto
    tocarmos, perto de Oeiras, e no fim fomos tocar apoiados por pessoal de 31 e
    a organizadora subiu ao palco e foi empurrada para fora
    dele...desligaram-nos os amps e tiraram-me as peças de bateria mesmo quando
    comecei a tocar. Lembro-me de outro na António Arroios onde o Popas começou
    logo o concerto a mandar os meninos que estavam lá na sala voltarem para as
    suas mamãs e deixarem lá apenas os punks, metade da sala esvaziou...outro
    memorável foi quando o Popas disse ao público "vocês já tiveram problemas
    com drogas leves? e duras? eu já!" AHAh! Como se fosse verdade...outra que
    disse memorável foi "voces nao sabem o que é o amor!". Eu desmanchei- me a
    rir por detrás da bateria...mal conseguia tocar...um também interessante em
    Peniche que foi interrompido umas 3 vezes com porrada e tudo. Quanto ao
    número de concertos...talvez apenas uns 10.

    L: Eu não me esqueço certamente dos concertos na recta final, onde acabava
    tudo à pancada, mas o que me salta mais à memória é talvez um concerto no
    Tocábrir, já não me lembro o ano (93?), em que o Diogo deixou a nave
    espacial atrás do palco, após apresentar os Sartanas de Moscavide.



    Quais as bandas da vossa onda que vocês mais gostavam da cena nacional na
    altura (anos 90)?

    X: Eu gostava das bandas onde estava envolvido na altura (Subcaos, Porcos e
    Crise Total), mas haviam umas bandas que simpatizava: Injusticed League,
    MAD, e claro os Renegados de Boliqueime. Os Inkisição do primeiro line up
    eram fantásticos, mais punk rock, os Mentes Podres eram hilariantes. Os
    Alcoore eram bons, os X-Acto do início eram engraçados. Estou a falar de
    bandas de 90 a 97 embora os MAD nunca tenham realmente acabado.

    L: Acho que mais vale enumerar as zonas das bandas, pois acho que existiram
    muitos projectos que não tiveram durabilidade, mas com os quais partilhámos
    tanto o palco como excelentes momentos, e que merecem uma palavra.
    Resumindo, todas as bandas da LSHC, LVHC, Leiria, Porto, Coimbra, Aveiro e,
    claro, todas as bandas ligadas aos LBN Punx.



    Quais as vossas influências e gostos musicais naquela altura?

    X: Falo por mim...entre 90 e 94 os meus gostos recaíam mais para o Punk e
    Crust e algum Hardcore oldschool. Mas a partir de 95 veio a febre do Metal
    pois nos anos 80 já tinha andado no Metal. Também comecei por essa altura a
    ouvir mais Punk de 70's. As influências nos PS eram essencialmente HC
    Escandinavo bem como Punk de 77, Ac/Dc e Motorhead. Se pegares numa LBN PUNX
    ZINE o primeiro e único número que saiu está lá uma playlist minha... vês lá
    bandas Punkrock como Plasmatics e Undertones, bem como Metal Inglês antigo
    como Venom e Diamond Head.

    L: As minhas influências na altura recaíam essencialmente no HC escandinavo
    e japonês. Inspirava-me sobremaneira nos Anti-Cimex, Huvuudtvat &
    Headcleaners, e nos Confuse.



    Vocês faziam parte da LBN Punx Zine e parte dessa organização. Queres
    explicar a quem não sabe o que era a LBN Punx?

    X: Era uma fanzine 100% Punk Rock (uma das únicas da altura...a maioria era
    mais politica e direitos dos animais que outra coisa qualquer...) que só
    durou um número. A LBN PUNX não era nenhuma organização, era o grupo dos
    Punk Rockers de Lisboa...uma forma de identificação tão em voga na altura.

    L: A ideia base era fazer um fanzine criado por Punks e para Punks. Tal como o Xico mencionou, achámos que a cena estava a tornar-se demasiado
    politizada, e começava a elitizar-se através de aspectos como o
    vegetarianismo e o anarquismo. Creio que a nossa posição sempre foi do tipo
    "Agree to differ".



    Quais as diferenças que notas do nosso tempo de punk para hoje em dia?

    X: Perdeu-se a atitude Punk...agora ou é moda ou é mendicidade ou apatia. O
    Punk agora é Vans oldschool e descarregar mp3. Uma vergonha.

    L: A minha opinião pessoal é a de que a irreverência caracterizante do Punk
    foi, de forma inteligente, absorvida pelo sistema e tornada mais um produto.
    É uma espécie de rebeldia controlada. Fizeram do Punk uma moda, bandas com
    clips na MTV e roupas de marca. Perdeu-se o espírito DIY, e agora ou
    dependes de 3ºs (na maioria oportunistas) para fazer coisas, ou acabas por
    não fazer nada. Deixo aqui uma palavra de apreço a todas as pessoas e
    organizações que ainda se mexem e fazem as coisas acontecer. Muitas são
    criticadas, mas o certo é que aparece trabalho feito. Parece-me também que
    houve uma certa descaracterização a nível das novas vagas, um vazio, faz-me
    sentir que os jovens estão a deixar de pensar com as próprias cabeças.



    Se surgisse a hipótese de vocês voltarem voltariam? Não sentem que ficou
    algo por dizer ou por editar?

    X: Agora eu não voltaria...à 4 anos pensámos nisso mas temos 2 elementos a
    viver em Londres há anos e PS só resulta com aquelas 4 pessoas. Ficaram por
    editar os temas das Demos em vinil, pelo menos alguns deles, enfim, alguns
    temas por fazer como o mítico "Ó tu labrego Bombeiro" ou o célebre "Bébé
    (ele é meu amiguinho, não gosto de o ver levar no focinho)" e a
    porno-xanxada "Prazer" do Popas. Numa das vezes que estive com os outros PS
    em Londres à 4 anos tínhamos mais ideias de novos temas como o bombástico
    "Para onde foram os Metaleiros dos pregos de galiota?", inspirados no tema
    dos Slaughter and the Dogs "Where have all the bootboys gone".

    L: Sou da mesma opinião, sem os "4 amigos" não dá.



    Vocês estiveram em várias bandas... de todas elas quais as que vos deram
    mais prazer fazer parte?

    X: Subcaos há-de sempre ter um lugar primordial. Mais recentemente os
    No-Counts. Mas os PS hão-de ter sempre um lugar muito especial no coração
    pois era acima de tudo uma espécie de irmandade.

    L: Subcaos. Logo a seguir os PSP. Porém, creio que o trabalho que estamos a
    desenvolver neste momento, em conjunto com os bons momentos que certamente
    iremos atravessar ao longo dos anos, colocará os Dawnrider num pedestal
    muito nosso.



    Neste momento estão em algumas bandas, quais e qual a sonoridade?

    X: Eu e o Libe temos os Dawnrider. Ainda não temos a certeza até à data se
    seré este o nome que vai ficar mas o primeiro 7" sai em Junho. O Vitor dos
    No-Counts toca bateria aqui também, visto os No-Counts estarem actualmente
    parados. Tocamos um Doom Metal muito oldschool com influências de Heavy Rock
    dos anos 70. Os No-Counts já muita gente sabe...é um Hard Rock agressivo,
    apunkalhado por vezes, mais boogie rock por outras. O Nuno Torres lá em
    Londres está nos Jackoffs com o Biff dos Varukers. Os Jackoffs são
    essencialmente Punk Rock & Roll agressivo.

    L: Para além dos Dawnrider, tenho um projecto com o Conim (também
    guitarrista nos Dawnrider) chamado ERÍNIA, que se pode caracterizar pela
    fusão dum
    tipo de Industrial com Doom Metal.



    Das novas bandas quais as que te agradam mais?

    X: Referes-te às nacionais? Se sim bom...pouca coisa...no Garage os Bunny
    Ranch, no Punk Rock os We Were Wolves, no Metal os Iron Sword, no Stoner os
    Brainwashed By Amalia. Não me lembro assim de mais nada.

    L: Os Discharge e os Varukers...



    Que podemos esperar de novidades da vossa parte no que toca à música?

    X: Doom, Heavy Rock essencialmente, não estou virado para fazer mais nada de
    diferente. Embora de vez em quando sinta saudades de tocar um Punk
    Rock...para agora não há tempo mas talvez mais tarde. Nós havemos de andar
    sempre aí...passam-se as gerações mas nós ficamos, estamos é disfarçados,
    ahahah!

    L: Da minha parte, talvez um esporádico regresso às origens, vai depender
    exclusivamente da minha carga de trabalho com os Dawnrider.



    O que acharam desta entrevista?

    X: Que pergunta mais estúpida!!

    L: Acabaste de entrevistar a ex-banda mais Punk de Portugal!



    Querem deixar uma mensagem aos fans de Porcos Sujos? Últimos comentários?

    X: Fans mas quais fans?? Ainda há "fans" de PS? Não me digas! Nunca se
    esqueçam das raízes, procurem o Punk seminal estrangeiro e as nossas
    primeiras bandas... Aqui del Rock, Corpo Diplomático, Grupo Parlamentar,
    Speeds, etc. Comprem vinil, apoiem o underground, deixem de ser tristes do
    mp3, vivam o Rock, não as drogas!

    L: Visto que o único fã que conheço és tu, sugiro que compres um garrafão de
    vinho e ouças as demos. Lembra-te do passado e põe os olhos no futuro.


    (Entrevista póstuma a PORCOS SUJOS feita em 30/4/05)

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