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sábado, maio 28, 2005

The Temple em entrevista

A Feedback esteve a falar com os The Temple, sobre o momento actual da banda e carreira que já conta com uns anitos...

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Podem ver a entrevista aqui!

1 comentário:

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    maio 28, 2005
    THE TEMPLE - ENTREVISTA

    Os “Trashers” The Temple nunca estiveram parados, e desde do lançamento, há cerca de uma década, de «The Angel, The Demon & The Machine» têm-se ‘entretido' com dezenas de concertos e várias gravações que ganharam o estatuto de mito no underground punk-metálico. Tendo como mote a óptima aceitação do novo álbum «Diesel Dog Sound», editado pela independente britânica Copro Records, a Feedback passou uma tarde à conversa com a banda, falando-se de tudo um pouco.
    Por: João Matos

    Muitos dos vossos fãs estão numa faixa etária já um pouco abaixo da vossa, e nem se lembram de os The Temple terem pertencido àquele ‘pelotão da frente’ que assinou pela Skyfall.

    Fala-me um pouco desses tempos já longínquos.

    Bom, para já, neste género de música sempre houve uma certa diferença de faixas etárias entre as bandas consagradas e o seu público.

    Só a Britney Spears é que tem a mesma idade que o público dela... e mesmo assim...

    Eu lembro-me de ter 15, 16, 17 anos e ouvir Metallica, Iron Maiden e Megadeth que eram bastante mais velhos que eu.

    Porque é que isto acontece no metal, não sei.

    Talvez as coisas sejam mais genuínas.

    Não se pega num puto e se promove um álbum cheio de merdas compostas pelo produtor.

    Tem que haver atitude, sinceridade e personalidade.

    A arte é das poucas coisas que se apura com a maturidade.

    Esse tal ‘pelotão da frente’ era um grupo de bandas que começava, em Portugal, a construir um trabalho mais consistente e poderoso.

    Era a génese de algo que estava para vir.

    Foram bandas que deram nas vistas pelo que faziam numa altura em que realmente o rock e o metal não tinham a visibilidade que têm hoje, embora nem se tenham passado muitos anos.

    A Skyfall foi uma editora que escolheu essas bandas para fazer um trabalho que praticamente não havia em Portugal.

    E nós lançámos o nosso primeiro álbum.

    Revivendo essa altura admites a ilusão pela qual todos passamos, em achar que talvez consigamos ser músicos sem ter que ter outra profissão...

    Ainda consegues hoje em dia viver essa inocência tão salutar e desejada?

    Nesse aspecto tivemos sempre uma atitude diferente.

    Nunca pensámos em viver só da música.

    Pelo contrário, sempre pensámos que o ideal era viver bem de outra coisa qualquer para poder fazer música à vontade, sem pressões, como queriamos e quando queriamos.

    Falávamos nisso.

    E pensávamos que nunca teriamos que ser obrigados a fazer certas coisas por uma editora só para ganhar a vida.

    Em quantos concertos é que vocês já vão?

    Enumera-me meia dúzia de concertos que tenham tido um papel decisivo, ou pelo menos inesquecível.

    Já perdermos a conta.... no entanto há concertos inesquecíveis, como ter ido tocar à Prisão-Escola de Leiria e ao Estabelecimento Prisional de Lisboa.

    São experiências interessantes, mas depois podemos apontar concertos com Machine Head – Lisboa e Porto - Entombed, Moonspell e Life of Agony como grandes testes à capacidade de tocar com outras bandas.

    Têm noção de que é possível fazer a analogia de vocês serem os “Xutos” do metal lusitano?

    Como é que conseguem estar há 10 anos com o mesmo line up?

    Desanuviam em sacos de boxe?

    É uma pergunta interessante...

    e de alguma forma vista como um elogio.

    Dez anos é muito tempo... mas quando fazes algo genuíno é mais fácil durar muito tempo.

    Quando os projectos são insípidos e vão atrás de modas correm o risco de acabar tão depressa como começaram.

    Acham que desde «The Angel, The Demon And The Machine», o underground regrediu? Ou é por fases?

    O underground nunca regride. Enquanto houver uma corrente principal há-de haver sempre uma alternativa para os desalinhados.

    Mas as formas mudam. O underground era diferente há uns anos.

    Havia menos coisas, menos informação.

    Isso fazia com que se desse mais valor ao que havia e ao que se tinha.

    Por outro lado, talvez fosse mais fácil distinguir o que era genuíno do que não era.

    Hoje a indústria é gigante, e fabrica-se muita coisa.

    Nascem bandas por todos os cantos, para satisfazer este ou aquele mercado.

    Fazem-se bandas de gajos com ar de maus e que tocam música para meninos, etc.

    O que é dificil hoje no underground é distinguir as coisas.

    Porque hoje é moda ser underground.

    O que é facto é que houve um grande interregno entre o vosso primeiro trabalho e este novo «Diesel Dog Sound».

    Sei que andaram sempre ocupados e compuseram mesmo alguns ‘futuros clássicos adiados’ como «Dementia», mas o que é que se passou para só agora este forte ressurgir?

    Nunca tivemos agenda, nem prazos a cumprir, álbuns agendados, ou outras obrigações na banda.

    Tocámos sempre por prazer e o que fizémos foi sempre de acordo com os nossos princípios e ideias.

    Tudo na vida tem um lado bom e um lado mau, e obviamente temos prejuízos com a forma como encaramos e levamos as coisas.

    Um desses prejuízos é o tempo que demoramos para ‘aparecer’ com as coisas que fazemos. Mas nunca estamos parados. Temos tido sempre músicas novas, e as pessoas que nos acompanharam no caminho pelo underground ouviram-nas pela net ou nos concertos. Finalmente decidimos construir este álbum. E fizémo-lo com toda a força e empenho que tinhamos, mais uma vez.

    Como é que chegaram a acordo com a Copro Records?
    Foi um episódio engraçado. O ‘boss’ da editora, com quem nos cruzávamos de vez em quando, apareceu em estúdio num dia em que o nosso produtor estava mesmo a acabar de fazer a mistura final do tema «Millionaire». Nós vimo-lo a entrar, pois estavamos cá fora na ‘chill-out zone’. Depois de ouvirmos o produtor a passar a música lá dentro... o ‘boss’ sai do estúdio, vem ter connosco e pergunta-nos: "Man, that song blew me away, do you have a contract?"...e a partir daí deu-nos a entender que mesmo tendo o catálogo cheio fazia questão de abrir um espaço para nós assinarmos pela Copro....e assim foi.

    E os quase dois meses que passaram em Inglaterra a gravar? Houve uma sensação de que finalmente eram uma banda de metal profissional? Ou estavam tão absorvidos que nem sentiram essa ilusão?
    Aí está mais uma vez a questão. Não interessa ser uma banda ‘profissional’. O que interessa é ser uma verdadeira banda! E em Inglaterra sem dúvida que o sentimos de uma forma muito forte. Mas se calhar nem é no estúdio que se sente mais isso, é no próprio dia-a-dia. No fundo isso é o que acaba por interessar, e é isso que te faz feliz. Há muitas bandas profissionais que provavelmente nem se chegam a sentir uma verdadeira banda.

    O álbum tem uma produção potentíssima! Fala nos um pouco do resultado final, visto pela banda.
    Nós estávamos muito decididos em relação ao que queriamos fazer. Trouxémos o Dave a Portugal, à nossa sala de ensaio, tocámos e mostrámos-lhe bem o que queríamos. A nossa intenção era pôr aquilo num disco. Cru e intenso. E o Dave foi magnífico a traduzir isso no trabalho em estúdio. Ficámos com a sensação de que de facto ele nos compreendeu. E isso foi muito importante.

    Como é que tudo se processou, lá em Inglaterra?
    Veni Vidi Vici!

    Fala-nos um pouco da temática lírica.
    As letras deste álbum são fruto de reflexões e ideias. Umas vezes trata-se simplesmente da tradução de emoções e sensações, mas noutras abordam-se assuntos mais terra-a-terra, concretos, como as touradas onde meninas numas fatiotas ridículas entretêm pessoas sem escrúpulos com espectáculos de provocação e agressão de animais que não têm culpa nenhuma naquilo. Como as músicas, as letras nem sempre se podem explicar claramente. São a outra face de uma obra artística, de uma expressão que, com a música, funciona como um todo.

    Já agora fala também um pouco das participações especiais que o álbum recebeu.
    Na fase de concepção de algumas músicas, surgiu a ideia de que alguns elementos musicais poderiam ser interpretados por pessoas que achassemos que encarnavam o espírito específico desse elemento. Era uma questão muito simbólica, de mais uma vez dar uma verdadeira personalidade ao que estávamos a fazer. Isso aconteceu com uma guitarra que queríamos que soasse muito genuínamente ‘rock‘, com uma parte vocal que deveria ser mística e profunda, e com o acordeão. E naturalmente os nomes do Zé Pedro e do Fernando Ribeiro apareceram. E como símbolos que são, marcaram as músicas em que participaram de uma forma muito especial. O Ricardo Pereira para o acordeão resultou da procura de alguém com capacidade musical para concretizar certas ideias. Foram todos impecáveis.

    Como é que está a ser feita a promoção? Existem já dois clips...Mas para além do trabalho nacional, estão a ter visibilidade lá fora?
    A promoção deste álbum tem duas vertentes: nacional e internacional. Ao assinar com a Copro nós só colocámos uma condição: "Portugal é nosso, e queremos ter uma editora local". E porquê? Achamos que o mercado é muito especifico e precisa de um tratamento completamente diferente. Só para perceberes, em Portugal fazes cinco cópias em betacam digital do clip e só para Londres foram feitas 25 por clip. Já nem sei quantas foram elaboradas para o resto da Europa... Para além disso, em Portugal fizemos questão de elaborar um digipack mais sofisticado, com um DVD extra. Quanto à visibilidade... apenas podemos responder pelo que vemos nas ‘reviews’ que recebemos do estrangeiro. Se fores ao nosso site, percebes logo que estamos a chegar a países onde nunca tínhamos imaginado chegar... e receber reviews da Austrália, Grécia, França, Inglaterra, Bélgica, Holanda, Alemanha, Itália, etc... é sem duvida muito esclarecedor acerca do trabalho da editora.

    E a nível de concertos? Vocês são de longe uma das actuações de metal mais profissional que já vi ao vivo, isto incluindo qualquer banda estrangeira. Prova disso foram as datas com Machine Head. Como é que está a agenda?
    Antes de mais, obrigado pela critica... É bom ouvir isso. Nós achamos que um concerto é sem dúvida onde uma banda se exprime verdadeiramente. Há um conjunto de elementos - música, luzes, atitude, público - que tornam o evento numa cerimónia única e especial. E damos tudo para curtir ao máximo em cima de um palco. Em relação a datas, é um pouco incerto a forma como se processam as contratações para concertos. No entanto tocámos bastante no ano passado, de norte a Ssl e ilhas, Fnacs... e estamos sempre dispostos a tocar, desde que existam o mínimo de condições. Data confirmada é a presença no palco Quinta dos Portugueses no dia 27 de Maio no 11º Super Bock Super Rock.

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    E voltando ao passado... há cerca de dois anos, vocês prepararam um set acústico que redesenhou por completo o vosso repertório. Eu vi-vos na altura e arrepiava qualquer tipo de exigência. Porque não apostaram mais nesse esquema? Hoje podia-se falar de vocês como se fala de Blind Zero, por exemplo.
    E isso era bom? Eu gosto muito de Blind Zero, e eles são pessoas impecáveis, mas nós somos uma banda diferente, com ideias diferentes. E neste momento queremos tocar desta forma: intensa, com muita potência e muita electricidade! O set acústico agradou-nos muito, mas felizmente não somos tão profissionais que tenhamos que o tocar sem nos apetecer. Talvez qualquer dia nos dê esse feeling outra vez, e aí voltaremos a fazê-lo com gosto. Foi uma experiência muito especial.

    Como já referi, apesar de apenas dois álbuns oficiais, contam com uma extensa lista de temas gravados. Por muito difícil que seja, partilha connosco um top-ten de The Temple.
    De facto é difícil, mas músicas que consideramos de alguma forma especiais são talvez o «Dementia», «Lonely», «War Dance», «Release my Demons», «Revolution», «Millionaire», «Baby Hate», «CyberVoodoo» e «22 Belzebu».

    Os temas que ficaram por editar podem ser retirados do vosso site. Fala-me da eficiência que o vosso site tem na vossa divulgação
    O nosso site, embora pareça algo banal e sem grande relevo, foi uma das coisas mais importantes que aconteceram nos The Temple. Através do site passámos a ter um contacto com as pessoas que gostam da nossa música que nunca tinhamos tido. Recebemos apoio e opiniões. Ficamos muito estimulados com isso. Vemos os downloads que são feitos. No underground a comunicação é muito mais difícil, e o site veio mudar completamente essa situação.

    Publicado por BillLaswell em maio 28, 2005 12:57 PM

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