Está hoje disponível nas bancas a nova edição da revista Loud! dedicada aos Motörhead e a Lemmy Kilmister, figura sobejamente conhecida mundialmente...
Com a cortesia da Loud!, é publicada aqui no Billy News essa entrevista na íntegra, que para além das palavras do ‘mestre’, contém umas curiosidades bem demonstrativas do estilo de vida e modo de pensar deste senhor...
Seguem aqui uns trechos dessa ‘troca de palavras’, mas podem ler toda a entrevista clicando em “Comments” abaixo...
Somos únicos – não existe ninguém como nós. Mesmo quem nos odeia é obrigado a admitir que não existe nenhuma outra banda como os Motörhead, por isso acho que acabamos por cumprir um papel que é necessário. De qualquer modo, vocês merecem-nos.
...para ver-nos de perto e para nos perguntarem “Com essa idade, como é que ainda conseguem fazer isto?”
Gosto de punk. Se os Motörhead não tivessem cabelo comprido teríamos sido uma banda de punk rock… Aliás, acho que soamos mais como uma banda de punk do que heavy metal.
Gosto de ver gente negra misturada na nossa audiência, tal como gosto de ver punks e metálicos misturados. Tudo devia estar disponível para toda a gente. A música devia estar disponível para toda a gente, sem quaisquer problemas.
Existem 10.000 coisas que ainda não fiz... Gostava muito de fazer uma digressão em África, já que nunca lá fomos. De preferência antes que fique demasiado velho.
Acho que as pessoas nunca ficam totalmente satisfeitas com nada do que fazem. Se ficarem satisfeitos, é o fim.
Sei que é uma identidade própria, muito perpétua. Mas assim que eu acabar, os Motörhead acabam também – por isso é que digo que está um pouco nas minhas mãos, de certo modo está mesmo.
Mais palavras para quê? É um senhor...
Entrevista realizada por Fernando Reis e notas finais por António Freitas
ResponderEliminarPublicada na edição nº67 da revista Loud!
*** já disponível ***
http://www.loud.weblog.com.pt/
...Como poderiamos deixar de ter o senhor Lemmy Killmister na capa da edição mais quente deste ano da nossa/vossa revisa? Um novo disco - neste caso «Kiss Of Death», a editar no final deste mês - é sempre um bom motivo para falarmos com este deus vivo do metal e, claro, não perdemos essa oportunidade.
Outras entrevistas da edição de Agosto incluem nomes como Liv Kristine, Metal Church, Strapping Young Lad, Deftones, MGR, Firewind, Korpiklaani, Chrome Division, Cataract, Lair Of The Minotaur, Grave, Cattle Decapitation e ainda os portugueses Dust, Alkateya, Shadowsphere, TwentyInchBurial e Holocausto Canibal.
Para além das entrevistas, a revista contém as habituais secções (notícias, críticas a discos e DVDs) e colunas (Em Foco, Deseufemismos, Eternal Spectator), bem como reportagens sobre os concertos de The Cult no Porto, Madball em Lisboa, Glow em Cacilhas, Ignite em Lisboa e ainda sobre a quarta edição do Animal & Human Liberation Fest. Por fim, na secção de passatempos é possível habilitarem-se a t-shirts do metalicidio.com, a álbuns de Easyway e a edições japonesas de alguns dos últimos lançamentos da Frontiers.
Tudo na vossa banca mais próxima (ou na caixa do correio, para os assinantes) durante a próxima semana.
*** ENTREVISTA ***
ResponderEliminarMOTÖRHEAD
BEIJO [QUE NÃO É] DE JUDAS
Poucas bandas significam tanto para o heavy metal, rock’n’roll e punk rock como os lendários MOTÖRHEAD.
O estatuto de lendas vidas – especialmente do líder, vocalista e baixista Lemmy Kilmister – nunca impediu o trio de fazer pujantes álbuns que misturam as três correntes mais importantes da música pesada numa sonoridade muito própria.
«Kiss Of Death», a mais recente proposta do grupo, não foge à regra e constitui um óptimo motivo para falarmos com um bem-disposto e muito acessível Lemmy.
O que te mantém motivado para lançar álbuns dos Motörhead a uma velocidade tão constante?
Provavelmente poderias viver muito bem só a fazer digressões… Ou será que não podias?
Para dizer a verdade não poderíamos viver muito bem só com as digressões – podíamos viver bem durante três meses só com digressões, mas para além disso seria complicado. É por isso que ainda precisamos de fazer uns discos de vez em quando. «Kiss Of Death» é um bom álbum, estou muito satisfeito com o que fizemos. Têm sido cada vez mais fáceis de fazer, sabes? Por mais engraçado que isto possa parecer... Cada vez é mais simples gravar um disco dos Motörhead.
Mais fácil? Mas porquê?!?
Não sei… Talvez porque os fazemos há tanto tempo. [risos]
Achas que é algo que se aprende com a experiência ou tem alguma coisa a ver também com a inspiração?
Ambos acabam por ter influência no que fazemos. Aprendemos a fazê-los melhor – especialmente no que toca ao trabalho de estúdio – e a inspiração acaba por fluir de outra forma… Torna-se mais fácil de trazer para a nossa sonoridade quando estamos a gravar. E, claro, um bom produtor também ajuda imenso… Felizmente trabalhámos com um grande produtor neste disco.
Alguma vez te ocorre, durante o processo de composição e gravação, que os Motörhead é quase como uma entidade própria, que está um pouco fora das tuas mãos e se transformou em algo com vida própria?
Nem por isso… Até porque não está fora das minhas mãos. [risos] Sei que é uma identidade própria, muito perpétua. Mas assim que eu acabar, os Motörhead acabam também – por isso é que digo que está um pouco nas minhas mãos, de certo modo está mesmo. No entanto, estou muito feliz por continuar esta entidade por mais uns tempos.
Se fizesses um álbum de reggae e o lançasses como Motörhead, achas que as pessoas diriam que os Motörhead tinham mudado… Ou que aquilo não era, pura e simplesmente, Motörhead?
Teriam razão em ambas as coisas. Mas isso é um país demasiado distante, que eu – definitivamente – não pretendo visitar. [risos]
Normalmente canalizas todas as tuas influências musicais diferentes para outros projectos. Já fizeste tudo o que querias fazer em termos musicais ou existe alguma coisa que ainda não tenhas conseguido atingir?
Existem 10.000 coisas que ainda não fiz... Gostava de ter um hit nos Estados Unidos, por exemplo. Nunca tivemos um hit lá. Gostava de receber um Grammy por uma das nossas músicas. Sei lá... Gostava muito de fazer uma digressão em África, já que nunca lá fomos. Gostava de fazer uma digressão na China, porque também nunca lá fomos. Gostava de fazer mais digressões da Rússia... De preferência antes que fique demasiado velho.
Em termos estritamente artísticos, estás completamente satisfeito com tudo o que fizeste até agora?
Não. É claro que não. Acho que as pessoas nunca ficam totalmente satisfeitas com nada do que fazem. Se ficarem satisfeitos, é o fim.
Se ficasses totalmente satisfeito com este disco que acabaram de editar, considerarias fazer alguma outra coisa que não música na tua vida?
Seria demasiado arrogante pensar que este disco é perfeito. [risos] Penso sempre que posso fazer melhor. No entanto, este é um álbum muito bom… Estou muito satisfeito com ele, sem dúvida.
Porque é que decidiram regravar o tema «Ramones» para a edição norte-americana de «Kiss Of Death»?
Porque, se regravarmos as músicas que lançámos no tempo da Sony, elas passam a ser nossas. Por isso, lentamente, estamos a regravar todas as canções que lançámos por eles. [risos]
Alguma vez sentes que estas questões legais retiram um pouco do teu próprio passado da tua posse?
Ocasionalmente, sim. O material antigo está fora das nossas mãos, não o detemos. Infelizmente não existe nada que possamos fazer em relação a isso ou para alterar a situação, por isso não me preocupo muito com essa questão. É um facto da vida, simplesmente isso.
Onde colocarias o «Kiss Of Death», em termos estilísticos, entre todos os discos que lançaram?
Não sei... No top 6, suponho.
Como achas que os Motörhead encaixam na indústria discográfica actual?
Somos únicos – não existe ninguém como nós. Mesmo quem nos odeia é obrigado a admitir que não existe nenhuma outra banda como os Motörhead, por isso acho que acabamos por cumprir um papel que é necessário. De qualquer modo, vocês merecem-nos. [risos]
Digamos que o responsável pela empresa que vende os teus discos vai a uma Fnac vender este álbum... Achas que o apresenta ao responsável pelo metal ou ao responsável pelo rock?
Não sei… E – para ser muito sincero – não me importo, desde que fique lá à venda. Não me interessa, desde que as pessoas possam comprá-lo. É esse o sentido.
Não te importas então com o facto das pessoas no meio serem obrigadas a catalogar o disco num determinado estilo predefinido, mesmo que não seja o vosso...
Podem chamar-lhe “Motörhead”, não podem? [risos]
Sim, mas não existe uma prateleira só para Motörhead nas lojas...
Tem que existir agora, porque já lançámos tantos álbuns que não os conseguem colocar todos numa prateleira qualquer. [risos]
Sentes que o Grammy que ganharam vos deu um estatuto maior do que aquele que já tinham?
Ligeiramente, mas há muita gente que não quer saber disso. Por outro lado, há sempre pessoas para quem esse prémio é muito importante…
Entre os vossos fãs, achas que ajudou?
Esses já eram nossos fãs, certo? Por isso... Acho que não querem saber da porra do Grammy; isso não alterou absolutamente nada.
E as pessoas que não eram vossos fãs... Achas que notaram que vocês existem por causa do prémio?
Sim, todas quiseram estar lá, para ver-nos de perto e para nos perguntarem “Com essa idade, como é que ainda conseguem fazer isto?” [risos]. Todas essas merdas…
Achas que qualquer pessoa que goste de rock e que nunca tenha ouvido Motörhead, se ouvir o «Kiss Of Death» um par de vezes, vai ficar imediatamente fã?
Não imediatamente. Provavelmente tem que trabalhar um pouco para isso, porque não é propriamente fácil ser-se fã dos Motörhead... Primeiro é preciso comprar 26 álbuns. [risos] Por isso é preciso arranjar-se um emprego.
Musicalmente, tens que admitir que é mais fácil...
Depende da pessoa. Há muita gente que odeia do som dos Motörhead, porque é antiquado e pesado. Não podemos fazer nada em relação às pessoas que gostam de Debbie Gibson e coisas desse género. [risos]
Sentiste na pele o momento em que deixou de ser moda gostar de Motörhead e, mais tarde, o momento em que voltou a ser moda ouvir – e dizer que se ouvia – a tua banda?
Muitas dessas pessoas – e a imprensa – ainda não consideram uma “moda” gostar dos Motörhead. Obviamente que senti isso… Durante esses cinco anos até podíamos ser presos que ninguém dava por nada, mas as coisas acabam sempre por voltar. De sete em sete anos volta a ser porreiro gostar de Motörhead de novo. [risos] As modas são estranhas. Por exemplo, os Aerosmith... Voltaste a ouvir falar deles nos últimos tempos? Foi tudo enorme para eles durante – o quê, quatro anos? – e depois parece que desapareceram da face da Terra. Podem voltar, que nunca mais vão chegar a lado nenhum.
Subiste ao palco para participar num concerto dos Foo Fighters durante o mês passado. Falaste com o Dave Grohl sobre um novo disco dos Probot?
Não. Deve ser o Dave a falar disso, não eu... Mas de qualquer modo, convidei-o para o meu álbum a solo.
Que é como se fosse o teu próprio projecto Probot...
Sim... Ou melhor, não – não é bem a mesma coisa. É apenas uma coisa que fizemos juntos.
Como te sentes com o facto de alguém como o Dave estar sempre a considerar-te uma das maiores influências musicais dele?
É muito simpático da parte dele, sem dúvida. Eu próprio não tenho coisas boas que cheguem para falar dele… É uma das pessoas mais simpáticas que já conheci. E os Foo Fighters são muito bons – são uma excelente banda. Nem sempre me agrada pessoalmente, mas a maior parte das vezes agrada e ele é um grande compositor – aquela música «Monkey Wrench» é brilhante. Ele também o sabe, mas continua a ser porreiro – não é uma pop star. É um tipo muito simpático, sem dúvida. Ele e o Steve Vai são as duas pessoas mais porreiras que já conheci.
Estás constantemente a ser convidado para participar em projectos não-musicais. O que tens feito ultimamente?
Não tenho feito grande coisa, porque temos estado muito ocupados com a banda. Os festivais de Verão estão a aproximar-se e, neste momento, não tenho tempo para mais nada. A última coisa que fiz foi uma dobragem da voz de uma das personagens do jogo «Scarface», em que o Al Pacino também dobrou outra das personagens.
O teu estilo de vida é – mais até do que a tua música – considerado icónico. O teu corpo ainda te permite cometer os excessos em digressão pelos quais és conhecido?
Bem, deixei de tomar anfetaminas em 1975. [risos] Não havia seguro para isso. Os excessos que ainda cometo, não os considero assim tão difíceis.
Para além de um ídolo em termos de rock e metal, também és considerado um dos pais do punk. O que achas disso?
Não me importo nada. Gosto de punk. Se os Motörhead não tivessem cabelo comprido teríamos sido uma banda de punk rock… Aliás, acho que soamos mais como uma banda de punk do que heavy metal – sempre pensei que temos mais em comum com os The Damned do que com os Judas Priest.
Sentes-te bem com um público cruzado entre fãs de metal, punk e rock?
Sim, acho que todos os públicos deviam ser cruzados. Gosto de ver gente negra nos nossos concertos, por exemplo. Existe muita gente negra que gosta de rock’n’roll e tem medo de dizê-lo, porque todos os amigos deles que gostam de hip-hop iam fazer-lhes a vida negra. Se dissessem “O que eu gosto mesmo é de heavy metal” iam ficar sem amigos num instante. [risos] É muito difícil para eles. No entanto, temos alguns negros bem corajosos que vêm aos nossos concertos. Gosto de ver gente negra misturada na nossa audiência, tal como gosto de ver punks e metálicos misturados. Tudo devia estar disponível para toda a gente. A música devia estar disponível para toda a gente, sem quaisquer problemas.
Mas a indústria musical tende sempre a “emprateleirar” muito os produtos por público-alvo...
O pior de tudo é que eles não sabem porra nenhuma sobre o rock’n’roll... Nem se importam.
Como vês o ressurgimento do rock, particularmente no mercado escandinavo?
Acho que existem muitas bandas escandinavas boas... Julgo que, depois dos Estados Unidos e do Reino Unido, é a principal fonte de bom rock’n’roll actualmente. Os Backyard Babies, Hardcore Superstar, Crucified Barbara, Hellacopters... Existem tantas bandas boas a sair de lá...
Já ouviste os Chrome Division?
Não.
É a banda em que o vocalista dos Dimmu Borgir toca guitarra. Soam quase exactamente como vocês...
Ah sim? Assim nunca vão chegar muito longe... [risos]
Achas?
Demorámos 30 anos a ser aceites, certo?
Sim, mas podem ter lugar na tal prateleira dos Motörhead de que falavas há pouco...
Não me parece, porque o nome deles não começa por “M”. [risos]
Fernando Reis
www.imotorhead.com
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ResponderEliminarDISCURSO [IN]DIRECTO
Aqui na LOUD! já nos cruzámos com vários artistas de proporções míticas, mas de todos – incluindo James Hetfield, dos Metallica – o senhor Lemmy Kilmister continua a ser, sem dúvida, deliciosamente sarcástico e absolutamente “rápido no gatilho”.
Se visitarem, por exemplo, um dos muitos sites dedicados aos Motörhead podem encontrar sequências desde género:
Pergunta um fã: “Interrogo-me sobre o porquê do Lemmy nunca ter aparecido num dos álbuns dos Metallica como vocalista convidado ou como baixista…? Será que isto já alguma vez foi sugerido ou serei o primeiro a pensar nisso?”.
Resposta de Lemmy: “Foste o primeiro a pensar nisso!”.
Nascido a 24 de Dezembro de 1945 – com o nome Ian Fraiser Kilminster – mais tarde seria também conhecido como Ian Fraiser Willis quando assumiu o nome do seu pai adoptivo.
Lemmy é um dos verdadeiros rockers e daquela estripe da qual não se encontrará igual quando acabar.
Além de ter sido roadie de Jimi Hendrix, Lemmy ganhou notoriedade nos famosos Hawkwind – os percursores por excelência do space rock.
Pouco depois iniciou a sua longa caminha com os Motörhead.
Aproveitamos esta oportunidade para recordar algumas tiradas do génio aos “microfones” da LOUD!.
* Num dos vossos discos o livreto inclui comentários de músicos dos Metallica, Pantera e até Bruce Dickinson. Qual é o teu favorito?
A do Ron Jeremy! É uma vedeta de filmes porno, que disse qualquer coisa como “toda a gente gosta de good head [NR: a palavra “head”, em inglês, funciona também como gíria para sexo oral]… Eu prefiro os Motörhead!». Acho que é um comentário bem interessante e engraçado.
* Com o passar dos anos sentes que é cada vez mais difícil tocar ao vivo?
Não, de maneira nenhuma… O público cansa-se antes de mim. [risos]
*Gostarias de ver o teu nome gravado no famoso Rock’N’Roll Hall Of Fame?
Estou-me a cagar para isso. Essas coisas não têm nada a ver com o rock’n’roll… O Rock’N’Roll Hall Of Fame é uma autêntica anedota. Deviam ver o que aquilo é... Nem consigo descrever, é verdadeiramente horrível. A forma como eles tratam a música é desprezível… O mais importante lá é o balcão, onde se vendem as recordações.
* É verdade que ficaste irritado com uma das vossas antigas editora por vos ter enganado e ficado com os direitos dos temas?
Eles acabaram por vender os direitos à Castle Communications, que editou uma série de compilações – um autêntico truque para enganar os fãs. Ganho royalites, mas não é isso que me interessa,,, Continua a ser um esquema para enganar as pessoas. As reedições da Roadrunner são boas, mas as outras são más. Esses tipos até incluem versões instrumentais de temas cantados e dão-lhes outro nome. Isso é merdoso.
* Houve algum episódio interessante na tua festa de aniversário no Whiskey A Go-Go quando fizeste 50 anos e os Metallica tocaram mascarados à Lemmy?
Isso foi há três anos… Já não me lembro muito bem. Sei que recebi 19 garrafas de Jack Daniels. [risos] Não tive de comprar whiskey durante algum tempo. Isso foi bom. Lembro-me que o James Hetfield se parecia mais comigo do que eu próprio. [risos]
* As novas gerações não prestam atenção aos blues ou a tudo aquilo que deu originem ao rock’n’roll? Não ficas indignado com isso?
Eles têm de fazer aquilo de que necessitam. Têm de ouvir aquilo de que gostam, não podemos impor a nossa vontade aos outros – isso é fascismo. [risos] Cada um tem de fazer aquilo que tem de fazer e as pessoas têm de se sentir bem com aquilo que fazem. Se se sentem bem a ouvir esse tipo de coisas, assim seja. É a história deles, não é a minha… São as origens deles. A grande vantagem das década de 70 e 80 era que se podia ouvir o que se quisesse e ninguém se importava com isso. O que importa é para onde se vai e não onde se esteve.
* Os perigos do rock’n’roll… É verdade que um médico disse que se fizesses uma transfusão total de sangue poderia ser perigoso para a tua saúde?
Isso foi há muitos anos, penso que em 1984. O meu manager pensou que seria uma boa ideia porque corria a notícia de que o Keith Richards [dos Rolling Stones] tinha feito algo desse género na Suíça. Foi ao médico e ele mandou-me fazer análises ao sangue… Tiraram-me uma amostra de sangue e, uma semana depois, voltei lá. O médico disse que, se tentasse algo assim, poderia matar-me. [risos] Sou imune.
* O que dirias a um promotor que te fizesse a proposta de fazeres uma reunião com o Fast Eddie Clarke e o Philty Animal Taylor?
Que não faz sentido. Por exemplo, o Eddie não parece o mesmo… Quando actuámos na Brixton Academy ele apareceu em palco e ninguém o reconheceu. [risos] Agora tem cabelo curto e grisalho, não parece o mesmo. E o Philty já não toca muito bem. Não faz sentido… Porque é que o haveria de fazer? Isso seria andar para trás.
* Correm rumores de que houve alguns problemas entre ti e o Blackie Lawless na digressão norte-americana com os WASP. O que é que aconteceu?
O Blackie Lawless é um parvalhão e não há nada a fazer. Fizemos dois terços da digressão, mas depois tornou-se impossível. Já fui insultado por profissionais, por isso não preciso de ser insultado por um cara-de-cu. [risos] Não precisava de passar por essas merdas com um gajo como ele, toda gente dos WASP era fixe… Só ele é que não, por isso fartei-me.
[A.F.]
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