Voltamos a esta rúbrica das 3 perguntas rápidas feitas a pessoal envolvido no meio musical português...
Desta vez, desafiei Adolfo Luxúria Canibal a dar-nos umas palavras, aos leitores do Billy News...
Vocalista dos Mão Morta, também envolvido no projecto Mécanosphère, editou há bem pouco tempo “Estilhaços”, uma obra em nome próprio (ver review noutro post).
O seu nome é reconhecido por qualquer aficionado da música portuguesa e todos conhecem os ‘universos’ por onde se ‘passeia’...
Vejamos o que ele nos diz em três curtas questões...
BILLY – Nem merece a pena fazer um ‘apanhado’ do historial dos Mão Morta, senão, iria encher esta questão com 50 linhas, no mínimo... basta recordar que a banda começou em Novembro de 1984 e que continuou sem interregnos (significativos), o que por si já diz alguma coisa...
Lembras-te desses primeiros tempos do início da banda, ainda te colocam perguntas sobre essa altura ou apenas foi um capítulo que ficou para trás?
ALC – Lembro, claro! Todo o passado são capítulos que ficaram para trás… Nem podia ser de outra maneira, pois a história não se repete e o tempo da criação não é cíclico. No entanto, não deixa de se projectar no presente e mesmo de se fantasmar no futuro. E é incontornável, quando se tem um passado tão rico e tão longo, que ele desperte sempre o interesse, e as perguntas, de quem o não partilhou…
BILLY – O novo trabalho dos Mão Morta que irá ser editado brevemente, será conceptual, dedicado aos ‘Contos De Maldoror’ ou apenas fará algumas referências a esta obra?
ALC – O novo trabalho é um espectáculo de palco, com texto retirado exclusivamente de “Os Cantos de Maldoror”. É uma transposição para palco de algumas das características e histórias do livro. É possível que esse espectáculo seja gravado e filmado e que, a exemplo do que aconteceu com o “Müller no Hotel Hessischer Hof”, venha a ser editado em CD e DVD, mas ainda nada está decidido e dependerá sempre do resultado das gravações.
BILLY – Por fim, queria te colocar uma questão pertinente, nesta altura... há uns tempos li numa entrevista tua que nunca votas, apenas te pronunciaste no referendo (consulta popular) sobre o aborto em 1998 e que de certa maneira te sentiste decepcionado após o resultado com a vitória do ‘Não’. Eu também nunca confiei num partido a ponto de lhe atribuir o meu voto, mas de uma maneira sucinta, o que pensas sobre esta nova votação sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez?
ALC – Sim, normalmente não voto por discordar com o princípio da democracia representativa, uma vez que esta transfere todas as decisões para os representantes sem que os representados saibam sequer o que se decide ou vai decidir. Um referendo é um mecanismo de democracia participativa, o que a meus olhos lhe dá outra dignidade porque o aproxima mais da democracia directa, embora mantenha alguns defeitos como a universalidade, que provoca a demagogia, e a restrição da escolha, que se traduz numa pobreza de opção entre sim e não. De qualquer modo acho o assunto da interrupção voluntária da gravidez demasiado importante para me abster e não contribuir para, independentemente de todas as incógnitas e incertezas que ficam no ar, alterar uma legislação que já deu provas de não conseguir resolver os problemas mas apenas de os agravar, uma vez que não consegue suster a prática de abortos, apenas envia essa prática para longe da vista, para a clandestinidade, provocando sofrimento suplementar na mulher que aborta, fazendo-a correr perigo de vida e ameaçando-a com a prisão. Sucintamente, são estas as razões que me levam a votar no referendo e a votar “sim”.
BILLY- Agradeço ao Adolfo por esta sua participação, indicando que os Mão Morta vão actuar no Theatro Circo (em Braga) nos dias 10 e 11 de Maio e pedindo umas palavras finais para os leitores do Billy News...
ALC – Vai ser uma grande surpresa dias 10 e 11 de Maio no Theatro Circo, com a estreia do novo espectáculo “Maldoror”. Mas para quem não consiga aguentar até lá, os Mão Morta vão estar em Paris dia 3 de Março, na sala Jemmapes, nas margens do canal St. Martin… Com Fred Alpi, ex-guitarrista dos Sprung Aus Den Volken. Ainda se lembram? Estiveram no RRV em finais da década de 80, trazidos pela Ama Romanta…
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ResponderEliminarAgradeço desde já a disponibilidade e tempo prestado pelo Adolfo Luxúria Canibal...
Isso, para além da óbvia genuinidade e descontracção ao responder às questões colocadas, aqui no BN3...
Obrigado, Adolfo!
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ResponderEliminarNão se esqueçam de acompanhar as novidades dos Mão Morta em...
http://www.mao-morta.org/
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maldoror? fico à espera.
ResponderEliminarBoas respostas, mas Paris fica longe. Aguarda-se pela visita à capital. Luís R.C.
ResponderEliminarO Gin Ta marado!!! mas o Adolfo é como o vinho do porto...
ResponderEliminarfico a espera do k sera de certeza mais uma pérola dos Mao Morta!
p.s. és grande Billy!!!! :-D
ass.óóóónnóóóriooooooo
pois punk e politicos não combinam!sejam eles qual forem e com as propostas que sejam.viva a democracia direct@
ResponderEliminarMão Morta é um marco na música feita cá pelo burgo...música não conformista e com um som muito próprio...e essa veia anarco-libertária, exposta com alguma coerência prática, é sempre salutar nos dias que correm, onde o pensamento único tudo tenta fazer desaparecer...
ResponderEliminargrande discurso, belas palavras.fan ansiosamente a aguardar o novo disco.
ResponderEliminarsempre pertinente e com mt bom gosto nos temas de trabalho. maldoror é um imaginario cheio de surpresas. com 3 respostinhas apenas se reflectem talento e identidade
ResponderEliminarexcelentes noticias estou ansioso por ouvir isso.boa entrevista billy.
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