Dalai Lume + Alison Bentley "Split 07" - review

O concerto de dia 3 de novembro no Via Club em Coimbra marca o arranque de uma série de concertos entre estas duas bandas, em promoção do split-CD com a banda lisboeta Dalai Lume (DL) e os Alison Bentley (AB) de Famalicão...

"Split 07" foi gravado no Stúdio 8 (DL) e no Mastermix (AB) e em ambos os casos, já se justificava uma edição, pela intensa actividade e actuações constantes destas bandas nos últimos tempos...


O disco arranca com 5 temas dos Dalai Lume, "Tudo A Perder" traz-nos a mensagem directa com um discurso simples, mas certeiro «nem no fundo da garrafa, nem na ponta da colher... quem decide és tu...», tudo ao balanço hardcore.

"Desenvolvimento" é olhar para o panorama mundial actualmente com variações musicais bem conseguidas, há sentido de contestação «é importante a máquina, mas o homem já não conta... as pessoas são valorizadas quando se aproximam as eleições», há ritmo melódico mas logo acelera...

Em "Portugal" sente-se um grito de desalento com «o que era e o que és... à Europa estendemos o boné».

"Dalai Lume" é o meu tema preferido, transmite exactamente a essência da banda e transporta toda a herança de Alvalade... Zorb grita o refrão como se tivesse a voz em sangue, as guitarras debitam uma sonoridade rude, Orégos martela como 'se nao houvesse amanhã' e o ritmo é duro como as pedras...«para manter a chama viva» complementa e este é o BI da banda.

A participação dos DL termina com "A Revolta Popular", é a 'costela' melódica e o apelo ao acompanhamento do público (nos concertos), o que torna o tema algo frágil (em estúdio) mas ainda assim é um dos meus temas preferidos...

Este lançamento é a primeira edição discográfica dos DL e de fora ficaram grandes temas ("Não Sei Por Onde Vou" e o eterno "Joana"), mas a escolha está consistente...


De seguida, chega-nos a proposta fresca e energética dos Alison Bentley com mais 5 temas...

"Hey Baby" é sem dúvida um grande tema, mostra a irreverência e fúria da banda num ritmo punk/garage com um balanço incrível...

"City Rock" e "Ride On" traz mais power na bagagem, com uma energia que não se esgota...

"Give Your Love" tem algumas variações, com algum groove à mistura, mas sem perder o sentido rock'n'roll...

O disco termina com "Today I Hate", tema rápido com o refrão a ser malhado pelos dois vocalistas e um apurado sentido rítmico.

Como já referiram algures, os AB são uns jovens bem calminhos, mas quando entram em palco parece que enfiam os dedos na ficha eléctrica e dispáram em todos os sentidos!

As comparações com algumas bandas britânicas fazem sentido, mas obviamente tendo em conta uma sonoridade própria de quem sabe o que procura, facilmente justificável com as várias edições discográficas já existentes...

As letras em inglês apelam esencialmente à dança, ao balanço e a desvaneios diversos...

Por vezes, ouço ecos dos Parkinsons, embora a comparação não seja directa.

Finalizando, o split-CD é extremamente recomendável, são duas bandas diferentes mas com uma base semelhante em termos de raízes e ritmo. A produção não é excelente, embora esteja bem aceitável. É sem dúvida uma edição a ter em conta para os fãs de punk português...