“E Se Depois” é o tributo prestado a uma das bandas mais criativas e interessantes de sempre, da chamada música moderna portuguesa.
Os Mão Morta só por si já justificam um lugar especial na música independente, com mais de 20 anos de actividade.
Falando do tributo, este disco é uma interessante homenagem feita à banda de Braga, contém grandes momentos e propostas cativantes, não caindo na amálgama de temas que habitualmente surgem neste tipo de compilações (a chamada ‘sopa’).
Quanto a mim, há versões bastante felizes, como “Budapeste” dos The Temple (com grande energia e riffs pujantes), “Vamos Fugir” dos [f.e.v.e.r.], o speedante “Revi A Malvada Prima” dos Acromaníacos, em que as bandas assimilaram de uma forma extremamente interessante o tema original para transformar a cover num momento especial.
Interessante também é ouvir o tratamento e ‘roupagem’ de “Chabala” dos Cinemuerte, “Istambul” dos Méchanosphère (aqui Adolfo presta tributo à sua banda, com uma estranha vocalização) e também “Anjos Marotos...” dos Dr. Frankenstein.
Talvez menos interessante (mas não despropositado) pelo não arriscar demasiado em alterações ao original, surgem os D’Evil Leech Project (com um “Cão Da Morte” metaleiro) e “Anarquista Duval” dos Demon Dagger, mas deve ter sido mesmo essa opção das bandas, de não divagar nem dispersar o sentido dos temas, talvez pela própria crueza sonora dos originais...
Há também momentos pop que dão um toque diferente ao ‘jogar’ com as músicas, como “Oub Lá” dos Balla, com toques electrónicos em “Bófia” dos Ultimate Architects, o swingante “E Se Depois” dos Wray Gunn e a sonoridade já habitual dos Bunny Ranch a interpretar “As Tetas...”
A ter em conta, os restantes temas transmitem a sensibilidade do universo Mão Morta, com propostas mais ou menos interessantes, mas nem por isso deixam de ser curiosas.E é exactamente por isto que aconselho uma audição atenta a este trabalho, que recorda grandes momentos dos Mão Morta numa perspectiva diferente, com as bandas a dar o seu toque pessoal, que se nota bem em cada tema, mas sempre com o mesmo ‘denominador comum’ ou seja, prestar homenagem a uma das melhores bandas nacionais.
E acho excelente editar estes tributos a bandas ainda activas, neste caso dá-nos uma outra dimensão da obra de Adolfo Luxúria Canibal e companhia, que ainda está tão recente na nossa memória...
Um comentário final para a excelente capa do disco, uma ilustração muito bem escolhida da autoria de Ana Lima-Netto.
“E Se Depois” – tributo a Mão Morta
Alinhamento:
01 Dead Combo – Aum
02 WrayGunn – E se depois
03 CineMuerte – Chabala
04 Dr.Frankenstein – Anjos Marotos/Marraquexe (Pç. das Moscas Mortas)
05 The Temple – Budapeste (Sempre a Rock & Rollar)
06 Bunnyranch – As tetas da alienação
07 Balla – Oub’lá
08 Volstad – É um jogo
09 Houdini Blues – Charles Manson
10 [F.E.V.E.R.] – Vamos fugir
11 D’Evil Leech Project – Cão da Morte
12 The Ultimate Architects – Bófia
13 Acromaníacos – Revi a malvada prima
14 Demon Dagger – Anarquista Duval
15 Mécanosphère – Istambul (um grito)
16 TwentyInchBurial – Em directo (para a teelvisão)
Edição: Raging Planet http://www.ragingplanet.web.pt/
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ResponderEliminarFica aqui um agradecimento especial à Raging Planet pelo envio promocional deste interessante disco.
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Uma correcção: não é o Adolfo que ouves no tema de Mécanosphère, é o Scott Nydegger.
ResponderEliminarEstá explicada a 'estranha vocalização', thanks!
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarUm muito obrigado pelo comentário feito à nossa versão.
ResponderEliminarE umas boas festas a todos os que andam nesta vida de sexo, drogas e rock'n'roll.
Um grande bem haja!
Acromaníacos
uma das grandes bandas ainda no activo. ainda não ouvi o tributo, só conheço a música dos temple.
ResponderEliminarum grande abraço
jorge vicente