Noitada à antiga!!!

Passe a vulgaridade da expressão, no passado dia 30 de novembro, no Lugar Comum da Fábrica da Pólvora em Barcarena, houve realmente uma noitada 'daquelas'... lá está, à antiga!



Se bem que das duas bandas envolvidas na noite os Dalai Lume são algo recentes como banda, mas o espírito da noite e o ambiente remetia para grandes envolvências em concertos e festas de há uns tempos atrás...

Se conhecerem minimamente os elementos destas bandas, sabem do que estou a falar...

Mata-Ratos, Tara Perdida, Caso Crónico, Rolls Rockers e ainda outros projectos anteriores, que fizeram parte do percurso deste pessoal... ou seja, o palco não é nada estranho aos Dalai Lume e aos Anti-Clockwise (juntos desde 1996).


A noite prometia ser rija e não decepcionou ninguém...

Se o local seria eventualmente de acesso difícil ou meio complicado por não haver muitos transportes, cedo se desfez essa ideia, começou a aparecer pessoal pelas 22 horas (afinal a hora apontada para o início do evento).

Depois de algum ambiente sonoro proporcionado pelo DJ de serviço (eu próprio, na zona do bar), com ambiente sonoro minimamente apropriado, os Anti-Clockwise iniciam a sua prestação pouco depois das 23 horas...

Desde os primeiros acordes houve muita energia e guitarradas, para gáudio dos amantes do punk'n'roll que compareceram principalmente para ver a banda...


Uma prestação segura e bastante efusiva com alguns momentos bem apelativos como "Stay Cool, Stay Beautiful" (tema ritmado, com breaks e coros rock'n'roll'escos).

A forte secção rítmica agarra os temas e há claro destaque para as guitarradas de Mr. Tó Pica (também ele um 'veterano' da guitarra, chegando mesmo a representar ao vivo várias bandas, entre elas os Peste & Sida).

O final 'carimbou' a actuação como claramente cativante e demonstrativamente profissional...

Logo de seguida decorre mais uma sessão na zona do bar, que (naturalmente) congregou a urbe sedenta e que contou inclusivamente com pessoal visivelmente entusiasmado ao som de algumas novas propostas ("o que é isto? Gazua? Muito bom...) e dos vários clássicos que iam desfilando...


João Ribas (Tara Perdida) estava presente e bem disposto, tentava entusiasmar-me "mete lá as Un-Predictable, deixa ouvir o som das miúdas..."

E ouviu-se mesmo um tema da jovem banda punk feminina (que até surgiu por lá).

Mas era hora dos Dalai Lume, já toda a gente estava à espera deles... e já se tinha entrado noite dentro, entretanto.

Os Dalai Lume são 'como o algodão, não enganam....'


Orégos dá o mote e ataca a bateria como se desse uma ordem e marcásse o compasso de uma parada militar...

Ouve-se o característico "1, 2, 3, 4" e a noite recomeça!!!

Zorb agarra o microfone e começa a debitar vocalmente a sua mensagem...



Não é mais do que a mensagem que a banda continuamente transporta (ou transpira, se quiserem), a 'bandeira' com o espírito de Alvalade Hardcore, arremessando para o público a atitude e força de quem sabe o que quer...

O espírito festivo rapidamente invade todos os presentes...

"Portugal o que era e o que és..." grita o vocalista.



Há agitação, há coros e berros, cerveja a voar, pessoal a querer perpetuar o momento (com fotos e vídeos), enfim um conjunto de factores que tornaram esta actuação muito 'quente' e algo especial.

O tema "Dalai Lume" é sem dúvida o que faz ouvirem-se mais gargantas (a minha incluída).

Arrasta-nos todos na desenfreada correria das guitarras, ao balanço do baixo e bateria...

Depois de cerca de uma hora, muito suor e agitação, a banda dá por terminada a actuação...


Mas o pessoal exige a continuação da festa e berra-se o "Ó Joana" como desafio a Zorb e companhia... e a banda acede! Mais coros, mais pessoal abraçado aos pulos, mais agitação.

No fim, tudo termina em grande apoteose, o calor era muito, a sala tornou-se pequena demais e a malta regressava freneticamente ao bar.

A 'DJ-session' durou até às tantas, o pessoal estava animadíssimo a conversar (quando conseguiam, com o som...), a cantar os temas que iam passando, uns sempre mais apelativos para a movimentação (e até com pessoal a dançar), outros naturalmente mais ponderados.


Era já tarde quando o pessoal do bar me deu o toque:

"Mete mais um tema calmo e termina... é que acabou a cerveja!"

Pois é, era já de madrugada, com o desfalecer do som ambiente e da refrescante bebida, só havia uma coisa a fazer, arrumar as coisas e... ir à bomba de gasolina mais próxima!!!

Mas há alguém que sabe onde fica, nesta zona de Queluz, Barcarena?

"É já ali, sigam-me!" - dizia um...

O resto já devem calcular, comida e bebida a preceito e mais conversas até de manhã.

Mas para concluir, queria vos dizer que esta noite foi mesmo especial, vi pessoas que já não via há imenso tempo (algumas há 15 anos), veio gente de todos os lados, Amadora, Carcavelos, Lisboa, Bobadela, Setúbal e até de Olhão!!!

Sinceramente, já não via uma reunião destas há muito tempo, o que só me deu mais prazer, por ver tanta gente amiga num espaço destes (que é excelente, se nunca foram à Fábrica da Pólvora, não hesitem, todas as zonas são espectaculares com vários bares e eventos, na mesma noite).

E não pensem que eram só 'trintões' e 'quarentões' na festarola, porque apareceu também muita gente jovem (especialmente curiosa e ávida de bom som). O convívio foi mesmo excelente!!!

O que só vem provar uma coisa, estas duas bandas cativam sem dúvida pelo seu som tão característico, mas não só... pela atitude ao vivo! Se duvidam do que falo, apareçam um dia destes para vê-los num concerto e tirem a 'prova dos nove'! Mas este digo-vos, quem esteve presente não o nega... foi mesmo especial!