"O crust português da banda Simbiose invade as terras tupiniquins em janeiro com a turnê Evolution? Brasil Tour 2008.
Com 16 anos de estrada, os nossos patrícios prometem mostrar a fúria do crust de além-mar em suas apresentações.
O vocalista Hugo Rebelo conversou com RP, confira."
Podem ler a entrevista aos Simbiose feita pela Rock Press, clicando em "Comments" Já abaixo...
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ResponderEliminarEntrevista
SIMBIOSE
por: Deise Santos
http://www.rockpress.com.br/modules.php?name=News&file=article&sid=2265
"O crust português da banda Simbiose invade as terras tupiniquins em janeiro com a turnê Evolution? Brasil Tour 2008. Nossos patrícios prometem mostrar a fúria do crust de além-mar em suas apresentações. O vocalista Hugo Rebelo conversou com RP e contou um pouco sobre a história da banda, a cena portuguesa e as expectativas para a tour brasileira."
"Como a banda surgiu?
Teve início em 1991. Inicialmente nem era pra sair da garagem, éramos um grupo de amigos querendo tocar um som sujo e podre. Mas em 93, quando demos o primeiro show (em Lisboa, nossa cidade), a formação já tinha alguma coesão e com alguns contatos começamos a tocar com maior regularidade.
E como era a cena nessa época?
Havia bastantes bandas, zines e mais locais pra tocar que hoje. Havia uma união entre as pessoas que não há hoje em dia, inclusive maior ação em termos de manifestações de rua. Havia uma variedade musical enorme desde SxE, streetcore, todo o tipo de metal, muito grind e crust, assim como punk e punk rock. Até nem havia tanta distinção entre as pessoas como existe hoje, tinha metaleiros a conviver com punks e hoje a situação é mais elitista.
Você consegue detectar o porquê dessa situação elitista?
Não deixa de ser curioso, com o tempo isso foi acontecendo. Mas também tem um lado paradoxal: se num show bandas de estilos diferentes, por exemplo punk e metal, tocarem juntas as pessoas partilham o mesmo espaço, bebem uns copos e riem todos juntos. Simbiose já tocou até com banda de ska, já tivemos num só show públicos totalmente distintos e isso gera um ambiente muito positivo. Mas é só durante o show. Não sei explicar, são os tempos em que vivemos (risos).
Mas voltando ao início da banda, a formação atual não é a original. Quem saiu e quem entrou na banda nesses 16 anos?
Bom, de 1991, sou só eu. Em 1993 juntaram-se o Luis e o Nuno que até hoje tocam na banda. De resto é uma longa e chata história de troca de integrantes. Neste momento tem o Bifes no baixo (que tem a sua própria banda chamada Dr. bifes e Os Psicopatas ) e o Paulo na guitarra (que toca também na Namek). E eu e o Jonie na voz.
E o nome Simbiose, de onde veio?
Antes de Simbiose teve um monte de merda de nome. Nojentos mesmo. Tipo Herpes e Hambúrguer Pútrido (risos). Simbiose foi um nome que surgiu e soou bem. Pelo menos é um nome positivo, não apela ao ódio ou às doenças ou guerra como é característico em 70% dos nomes das bandas do estilo.
Você diria que a formação atual chegou ao que o nome da banda significa?
Simbiose significa haver uma relação benéfica e de ajuda entre duas espécies distintas. O nome no fundo nem tem nada a ver com o centro da banda, tem a ver com uma visão quase utópica, que seria a humanidade sabendo coexistir no planeta terra sem interferir na extinção de outras espécies. Seria simbiose nesse sentido: a humanidade viver em pleno respeito pelo planeta em que vive, com total respeito aos outros animais e aos outros humanos, cada um com a sua raça, sua cultura, mas habitando em total respeito à liberdade de cada um.
Por falar em animais, há integrantes vegetarianos na banda. Como isso se reflete nas músicas e nos concertos? Há um retorno das pessoas que ouvem as músicas?
Sim, tem três vegetarianos na banda. Bem, em nível musical ou mesmo nas letras não altera em nada, escolhemos essas opções para nossas vidas dentro das nossas convicções, apesar de nos concertos mencionarmos esse tema. Não temos letras diretamente sobre o vegetarianismo, mas temos algumas sobre libertação animal, touradas, experimentação animal e nos concertos acabamos por fazer referência ao vegetarianismo. Tem sempre reação, claro, principalmente das pessoas vegetarianas. Embora a mensagem seja para os portadores de cadáveres.
Os álbuns eram lançados pelo selo Anti-corpos, mantido pela banda. Essa era uma forma de manter o espírito do it yourself?
Os dois primeiros e todos os outros lançamentos foram efetuados pelos esforços da própria banda, sem dúvida tudo dentro do espírito DIY. Inclusive era a banda e o próprio selo. Passamos para outro selo, no sentido de subir mais um degrau. Óbvio, perdemos o controle de muitas situações, como o preço dos CDs nas lojas ou o processo de distribuição, mas isso não necessariamente pode significar que seja mau. Às vezes não ser totalmente DIY não significa que tenha perdido o espírito ou a ação DIY. O novo selo nos deu uma liberdade muito boa para resolver tudo em relação ao álbum, praticamente só se encarregaram de burocracias e de uma distribuição maior. Tanto que tivemos liberdade de lançar, pelos nossos meios, o disco no Brasil, Japão e México por selos DIY e independentes.
Por vezes no DIY chega-se o ponto que não se passa mais dali, os meios e a tua força já não impulsionam para outros patamares e 16 anos depois quisemos arriscar para crescer mais, como pessoas e como banda. E só pelo selo que temos é que isso será possível, eles também nos ajudam muito pra tocarmos noutros países (principalmente na Europa), é uma força muito motivadora pra tocar noutro nível, como festivais e abrir pra concertos de bandas "grandes". Mas temos sempre poder de decisão na banda e liberdade pra fazer tudo o que quisermos fazer, quer em termos de concertos como de lançamentos.
O Evolution? tem duas participações especiais, o Dean Jones (Extreme Noise Terror) e João Gordo (RDP), como surgiu a idéia de convidá-los para participar do álbum?
O Johnie já fala com o Gordo faz um tempo, eles também falam muito pelo MSN e tal. Foi só o Jonie perguntar ao Gordo se gostaria de participar numa música, já que ele conhecia o som da banda e sempre manifestou que Simbiose era foda. Ele aceitou logo e pediu pra ser a música mais fodida do álbum.
Em relação ao Dean, tocamos com eles num festival aqui no norte do país, eles ficaram fãs da gente (baba, baba). O Dean então ficou louco (risos), parece que o álcool aqui é bom. O homem durante dias não falava de outra coisa. Uns meses depois surgiu a nossa sessão de estúdio, lembramos de falar pra ele sobre cantar num som nosso e ele aceitou logo. Gravou a voz num estúdio em Londres, assim como o Gordo gravou num estúdio dele.
Estamos emocionados com isso. Tanto Ratos de Porão como Extreme Noise Terror são bandas da nossa juventude, altas influências pra nós. Nunca na vida sonhávamos em ter essa gente fina no nosso disco. É algo brutal e emocionante.
O álbum de vocês está no top 30 da Blitz Magazine, uma revista que reflete o mainstream em Portugal. Como vocês receberam essa notícia?
Com baba (risos). Mostra o reconhecimento do nosso gigante esforço. Parece que afinal há alguma qualidade na banda, por mim, estar em primeiro ou em último é igual. Estar lá já é bom. Ficamos em 27 e uma banda underground lá no meio da merda comercial me parece bom. É bom ser o lado extremo da lista. Apesar de estarmos lá, não mudamos nada em nós, nem na política da banda. A verdade é que podemos subir mais um degrau pra derrubar barreiras e quebrar tabus. Me parece positivo.
Quais são as maiores influências da banda?
Os gostos musicais dos integrantes são muito variados, uns mais punk, outros mais metal, outros mais HC. Na verdade a essência musical é o crust, essa é a nossa maior influência desde o início e sob essa estrela será até aos fins dos nossos dias (risos, estou muito poético). Mas tem épocas com vertentes mais metaleiras e isso também é influenciado pelos guitarristas que foram saindo e entrando na banda. Uns mais metaleiros, outros mais roqueiros e por aí afora, mas os pilares da banda e pra mencionar nomes são os DISRUPT, DOOM e Extreme Noise Terror.
O que vocês têm ouvido ultimamente?
Os outros não sei. Eu tenho ouvido Sodom, Guided Craddle, Beyond Description, Firebird, Entombed, Tyrant. Thrash, rock e crust .
Quando alguma banda brasileira vai pra Europa, sempre elogia a cena portuguesa. Mas como é a cena portuguesa na visão de quem está dentro dela? Em relação a locais pra tocar, equipamentos, divulgação...
Em Lisboa é a maior merda. Não tem locais pra tocar, quando tem são muito precários ou muito caros. Tem cidades pequenas ou locais periféricos com muito mais qualidade. Mas de uma maneira geral não existem propriamente locais considerados de culto pras bandas e público. Refiro-me a locais com condições ideais. Isto aqui funciona um pouco no improviso. Hoje em dia a cena underground está realmente florescendo, houve um tempo que por aqui andava tudo muito morto, mas há cada vez mais bandas, mais variedade e mais público para mais idéias novas e variadas.
Quais bandas portuguesas vocês indicariam para as pessoas conhecerem?
Freedoom, Discarga Etilika, Pitchblack, Reltih, Aykien, Namek, Dr Bifes, Holocausto Canibal, Tiro No Escuro, Tara Perdida, Misslava, Motornoise, Acromaniacos, Mechanica Sundown, Grog, Fiili Nigrantium Infernalium, RBD, Pussyvibes, Pestox, 31. Só pra mencionar algumas.
Durante a Evolution? Brasil Tour 2008 há previsão de shows com Cólera, Korzus, Bandanos e outras bandas do cenário brasileiro. Enfim, o que vocês esperam da turnê brasileira?
Este é um sonho que se torna realidade, queremos viver o ambiente, conhecer as pessoas, sentir a energia. O melhor é ir como "tábua rasa" pra poder assimilar e sentir melhor. Esperamos a puta da loucura. É como quem nasce, sem nada na mente. Onde se começa a escrever, sem preconceitos, sem idéias pré-concebidas e onde tudo o que aparece é recebido como se fosse a primeira vez. Uma coisa é certa, seremos outros quando voltarmos pra casa, vai nos marcar muito. A experiência será brutal, com certeza. Gente boa, bandas boas e tudo perfeito pra nós.
Bom, Hugo, gostaria de agradecer pela entrevista e abro o espaço para você deixar uma mensagem, contatos e o que mais quiser...
Nós é que agradecemos todo esse trabalho, apoio e vontade de divulgar a banda. Mas esse é que é o espírito, né? Estamos aí com o nosso amor à camisola, ou seja, à banda. Queremos estar com as pessoas, dar energia pela nossa música e queremos receber também a vossa energia, com a vossa participação. A relação é mútua."
_Simbiose é:
Hugo – Vocal
Johnie – Vocal
Paulo – Guitarra
Nuno – Guitarra
Bifes - Baixo
Luiz – Bateria
_Mais informações:
www.myspace.com/simbiose
www.simbiosecrust.com
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