Foi uma noite em grande ontem, em Corroios.
Muita gente ´respondeu à chamada`, o antigo vocalista dos Dead Kennedys estreava-se em território nacional.
O Cine-Teatro de Corroios encheu com muitas caras conhecidas, muita gente ligada à música e especialmente com muitos cabelos brancos em redor.
Os Gazua subiram ao palco 5 minutos depois das 21h30, com uma grande postura e com direito a mensagens transmitidas pelo vocalista/guitarrista João.
A pujança dos temas não engana e frequentemente incentivavam o público a acompanhá-los, para fazerem parte do espectáculo.
A banda terminou há dias as gravações de estúdio do seu novo álbum "Contra Cultura", mas estava coesa e bastante segura, apresentando os seus temas com garra.
"Estamos a acabar mas a festa ainda mal começou" referia João, com alusão ao cabeça de cartaz.
De seguida vieram os Anti-Clockwise, com grande força e um som bem alto.
A mistura punk ´n `roll da banda fazia-se ecoar perante a sala já completamente cheia, desfilando os seus temas numa actuação competente.
Pouco depois vinha ´o homem da noite`, a banda arranca com o primeiro tema do seu novo disco "The Audacity Of Hype" com um balanço electrizante e bastante contagiante.
A sonoridade remete-nos imediatamente para a época da antiga banda, apesar de se sentir que está mais actual, a guitarra soa mais dura e pesada, por vezes roçando o ´metal`.
Mas sente-se sempre o ´estigma DK`, com os característicos solos e paragens só com ritmo de baixo e bateria, aos quais o público respondia com invasão de palco e dança desarticulada.
Aliás, a invasão foi uma constante apesar da atenta acção dos seguranças, mas foi o próprio Jello a chamar a atenção destes para só agir se fosse exagerada.
Muito comunicativo com o público, Jello estava igual a ele próprio...
Pergunta se temos prisões lucrativas por aqui, apela para não darmos nada no Natal, questiona se conhecemos um falso nos E.U.A. (um tal de Obama), incita a pensarmos por nós próprios e para não sermos ´carneiros`, para não nos deixarmos levar pelas notícias que muitas vezes circulam.
Ao contrário do que pensei, a banda toca temas dos Dead Kennedys intercalados com os novos (Jello chegou a cantá-los apenas no último terço da apresentação, em outros espectáculos).
E era ver tudo num frenesim incessante, o reboliço era dono da sala, com cerveja e roupas a voarem...
Os novos temas definitivamente cativavam, mas os refrões dos temas de DK ecoavam sala fora, cantados em plenos pulmões!
Jello apercebia-se disso e deixava o público agarrar no microfone, provocando um mar de gente em seu redor.
Apesar dos seus 50 anos e de um ar algo pesado (próprio da idade), o vocalista não hesitou em vibrar com todos, chegando mesmo a atirar-se para o público, navegando em braços pela multidão.
O som da sala estava excelente, bem perceptível, os músicos que o acompanham neste projecto (The Guantanamo School Of Medicine) são muito bons, sempre concentrados (por vezes demasiado, mas com Jello Biafra não há muito espaço para protagonismos) e bastante seguros, especialmente o baterista, a execução dos temas de DK eram de uma similaridade arrepiante.
No final Jello agradece, refere que gostou desta passagem por Portugal e o público pede por mais, com resposta positiva para um ´encore`.
A noite festiva termina com um calor enorme, muito suor e agitação, com toda a gente de sorriso na cara.
Ao sair do Cine-Teatro de Corroios, fica-se com a sensação de que apesar da passagem dos Dead Kennedys (sem Jello Biafra) há uns anos no Paradise Garage, isto foi o mais próximo que tivemos de ´ver e ouvir a mítica banda` que terminou a meio dos anos oitenta.
Excelente review Billy! E fiel relato da atmosfera que se viveu em Corroios e da prestação verdadeiramente espantosa de Jello etc.! Cheers!
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