Quem já ouviu falar dos M´as Foice sabe que é sinónimo de confusão, teatralidade e muita imaginação cénica e musical em palco!
A mítica banda de Coimbra decidiu juntar-se há dias, após cerca de 20 anos de paragem.
O Billy News entrevistou Miguel Falcão (o baixista de sempre) e questionou-o sobre o passado, presente e eventual futuro. As palavras do músico elucidam-nos e seguem já abaixo.
Billy- Para começar, gostaria que nos dissesses como foi o início dos M´as Foice, quem eram os elementos, o que pretendiam, em que ano se formaram, só para sintonizar os leitores.
Miguel Falcão- A primeira formação tinha apenas o Alex, o João Paulo e o Sérgio e é de 1987 e surgiu ainda numa fase que se experimentava as coisas sem um objectivo definido. Nessa altura começaram a aparecer espontâneamente bandas novas em Coimbra. Foi o início de um período bastante interessante. Havia vontade de fazer música, lugares disponíveis para o fazer e muito público nos concertos.
Billy- Não que tivesse grande importância, mas houve sempre alguma confusão com o nome da banda, até no Blitz e em jornais especializados da altura. M´as Foice, É Mas Foice… isso foi devido ao vosso tema com o mesmo refrão, ou não?
Miguel Falcão- O nome da banda é o logotipo, (já diz a letra de "Martelo e Foice"). Um "eme", um "as" e uma foice desenhada ... normalmente punha-se entre parentesis a maneira como ler: "émasfoi-se". Acho engraçado que ninguém conseguisse ter a certeza como escrever, mas todos sabiam quem éramos!!! Ao contrário do que se faz agora com o (des)acordo ortográfico que querem escrever tudo de uma só maneira e depois não se sabe do que se está a falar!!
Billy- Os vossos concertos eram cheio de peripécias e bastante recordados, recheados de imaginação cénica e grande aparato. Infelizmente há poucas imagens disponíveis (como na Guarda num evento em que também participaram os Censurados). Chegaram a vir tocar ao saudoso Rock Rendez-Vous. De que concertos guardas mais memória?
Miguel Falcão- Os concertos do Johnny Guitar foram muito bons. Recordo-me de praticamente todos... ás vezes também me vêm contar histórias de certos concertos que já não me lembrava e depois me recordo!
Uma dessas histórias foi de termos começado a tocar "Cai neve, cai neve no jardim".... e nisto entra o Toni e o Jêpe pelo meio do público com um saco de farinha cada um... e pronto... nevou!
Billy- Lembro-me do concerto no Johnny Guitar em que o palco era um verdadeiro estendal de roupa, com farinha a voar pela sala (e com dedicatória do tema seguinte ao pessoal ´mais velho` que está de ´cabelo branco`) e um dos vossos animadores de serviço chegou mesmo a partir umas costelas por andar lá aos saltos. Era sempre assim, nunca chegaram a dar um concerto com uma postura em palco digamos ´normal`?
Miguel Falcão-Nós sempre fizemos o que nos apetecia... ao jantar combinávamos o que íamos fazer, mas depois já ninguém se lembrava do que tínhamos combinado! A postura mais "normal"... nos concursos nunca dava para fazer tanta "javardeira" porque eram 4 ou 5 músicas que tocávamos... mas em compensação tínhamos cenários mais preparados, roupas e outros aspectos visuais que acabavam por fazer o espectáculo interessante para nós e para quem nos via. Depois houve o tal protesto no RRV onde fomos vestidos de grupo de baile e o JêPê esteve de sopeira a limpar o palco.
Billy- Criaram um dos temas mais caricatos, mas ao mesmo tempo inesquecível que ficou na história da chamada ´música moderna portuguesa`, a faixa “Coca-Cola Billy”. Ao vivo já sentiam esse ênfase do público pelo tema, a aderir efusivamente ou era um pouco indiferente de concerto para concerto?
Miguel Falcão- Nós já tínhamos a noção que o Coca Billy era a música que quase toda a gente mais conhecia e gostava. Como tínhamos mais coisas e novas para apresentar, tentámos nunca exagerar no destaque a essa música e fazíamos questão em mostrar sempre as outras de que igualmente gostávamos. E sinceramente, depois de estar lá dentro do concerto, havia músicas que causavam todos os tipos de reacção do público, e cada noite era de um modo diferente. Mas reconheço que é uma música única, até porque é bem longa para um "single" e tem partes muito variadas como se fosse uma mini ópera rock.
Billy- De um modo mais geral, qual foi o motivo por que a banda acabou? Terminaram mesmo ou apenas decidiram parar e acabou por passar estes anos todos?
Miguel Falcão- Sempre dissemos que só existiríamos enquanto nos divertíssemos, e nessa altura não nos estávamos a divertir como antes - estávamos um pouco desanimados porque não nos deram o disco que ganhámos na mostra de Coimbra e víamos a nossa evolução difícil. Como tínhamos outras coisas que nos estavam a dar mais interesse fazer naquela altura, foi cada um à sua vida. Não foi parar, acabámos mesmo.
Billy- O que vos motivou para este regresso (concerto dado no passado dia 5 de Março no Teatrix em Coimbra) quase 20 anos depois?
Miguel Falcão- Saudades de estarmos juntos, vontade de estar em palco e ver como é que isto poderia soar com as condições de hoje em dia. Mas acima de tudo, o convívio.
Billy- Há planos para continuarem a tocar ao vivo ou este evento foi único? Podemos esperar a banda em palco brevemente ou apenas daqui a mais vinte anos?
Miguel Falcão- Nós a brincar dizemos que só daqui a 20 anos... adorámos todos este concerto e todos os ensaios que fizemos.... a única coisa que ficou marcada foi uma patuscada.
(imagens de vários eventos, cedidas gentilmente por Miguel Falcão)
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ResponderEliminarApós 20 anos de paragem, os M´AS FOICE regressaram para um concerto ao vivo.
O passado, presente e eventual futuro são os tópicos desta entrevista.
Depois da banda, Tony Fortuna era vocalista nos Tédio Boys e actualmente faz parte dos d3ö.
O entrevistado Miguel Falcão esteve nos Caffeine e é músico de jazz.
Os restantes elementos passaram por bandas como Wray Gunn, Belle Chase Hotel, Primus Inter Pares, Voodoo Dolls, entre outros projectos.
Para a história ficaram os inesquecíveis concertos ao vivo, o CD editado "Umas Fitas dos Émasfoi-se - K7s Perdidas" em 2005 e participações em várias colectâneas.
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ResponderEliminarMensagem enviada:
Já agora billy, pedia-te que corrigisses por favor pois não me considero músico de jazz, antes participo em projectos de música variados do rock à música improvisada e outros estilos(sim também pontualmente jazzísticos) como aliás demonstram os projectos de que vou fazendo parte, mencionados na mensagem anterior. Obrigado e parabéns pois ficou um bom artigo.
Miguel Falcão
March 16, 2011
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ResponderEliminarFica aqui o esclarecimento do Miguel e as minhas desculpas pela falha.
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ResponderEliminarMiguel Falcão faz parte dos projectos Panda Pompoir e Lulas Belhas (ambos com páginas no myspace e facebook).
O site com composições e notícias dos projectos do MF está disponível em...
www.miguelbass.com
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ResponderEliminarMais informação complementar enviada sobre a banda:
Nito - voz
Começou nos Extremonção (aparecem na colectânes Divergência) - Baterista Tom Tom Macoute - Baterista
Sérgio Cardoso - Guitarra
Tom tom Macoute - Baixo
wraygunn - Baixo
Furagidos da Placenta - Baixo
Miguel Falcão - Baixo
Nassi Barbatão - Baixo
Caffeine - Baixo
Panda Pompoior - Baixo
Alguns projectos de Jazz
Tony - Voz e performance
Tédio-Boys - Voz
D3ö - Voz e guitarra
Alex - guitarra
Eden - Guitarra
João Paulo - Bateria
Primus Inter Pares - Bateria
Alguns grupos de baile e de bares.
Esta foi a formação que tocou no reencontro. Esteve aida presente o JP também performer.
Nenhum deles passou por Belle Chase Hotel.
Pela banda passaram ainda
Zé Zé - Voz
Nassi Barbatão - Voz
Cristina - Guitarra
Voodoo Dolls - Guitarra
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SANTOS DA CASA
Fausto da Silva & Nuno Ávila
Apartado 4053
3031-901 COIMBRA
http://santosdacasa.blogspot.com
http://myspace.com/santosdacasa
http://www.facebook.com/santosdacasaruc
http://www.ruc.pt
24 ANOS (1986-2010)
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Pois nada bate a info do Fausto & Ávila. Acrescento que o Toni foi o primeiro vocalista dos Nassi Barbatão.
ResponderEliminarAbraços
Miguel
Parabéns e muito obrigada ao Billy por esta excelente entrevista e mais este contributo para a divulgação da cultura e história musicais portuguesas!Isto sim, é serviço público :-)
ResponderEliminarQuanto aos M'AS FOICE, esperamos que reconsiderem e voltem aos palcos em breve.
E que venham tocar ao Porto.
ResponderEliminarGanda banda, lenbro-me bem deles. Que o regresso seja a sério.
ResponderEliminarSoube pelo facebook que estão de regresso, muito fixe. Gostaria imenso de ve-los nunca tive essa oportunidade. força com isso. ass: David Oliveira
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ResponderEliminarPodem ver um vídeo com imagens da actuação dos M´as Foice no passado dia 5 de Março no Teatrix em Coimbra em...
http://billy-news.blogspot.com/2011/03/mas-foice-video-do-concerto-de-2011.html
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Esta muito interessante esta entrevista, fica-se e a querer mesmo ver e ouvir a banda ao vivo .
ResponderEliminarConfesso nao ter pensado ja ha muito tempo nos M'asFoice que era uma banda que ainda ouvia regularmente mas so via o vivo uma vez.
Venham dai mais concertos ...se nao chegarem a Londres ao menos vou vendo no youtube ;)
Muita sorte e venha de la um regresso a serio.
Lena
Vim aqui parar pelo google e nem fazia ideia que tinham voltado.
ResponderEliminarMuito boa a entrevista, parabéns ao autor do blog e á banda, que regressem mesmo, deixaram saudades.
DR
altamente. quem diria.
ResponderEliminarAs fotografias são da autoria de Paulo Abrantes.
ResponderEliminarA banda do Nito chamava-se Extrema Unção.
ResponderEliminarDa banda fazia parte João Batista, baixista, mais tarde dos Belle Chase Hotel.
Eliminar*****
ResponderEliminarObrigado pela info complementar.
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