Já está disponível há dias a 125ª edição da revista Loud!
Neste número, podemos encontrar referências a Hatebreed, Atentado, More Than A Thousand, Cinemuerte, Biohazard, Blacksunrise, Doctor Midnight The Mercy Cult (com uma review do novo disco do projecto do ex-vocalista dos Turbonegro), Rob Zombie, Sepultura e obviamente muito, muito mais!
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ResponderEliminarGoste-se ou não do resultado final, não há como negar que o novo disco dos Morbid Angel vai – aliás, neste preciso momento já é – o lançamento mais badalado deste início de Verão 2011. Já repararam como é complicado partilhar um jantar com amigos que tenham um interesse, mesmo que remoto, por música extrema sem o assunto vir à baila? É praticamente impossível ir a um festival ou a um concerto sem que a pergunta “então, já ouviste o novo dos Morbid Angel?” não seja feita, pelo menos, duas ou três vezes. Nota-se que as pessoas estão confusas, ainda a formar a sua própria opinião, sem saberem bem o que pensar de um dos regressos mais esperados de sempre no mundo do death metal. O que se segue à tal pergunta é, invariavelmente, uma discussão acesa acerca dos defeitos e, errrm, méritos do álbum. Os detractores são mais que muitos, e assumidíssimos até na imprensa, o que é raro quando se trata das vacas sagradas da música pesada. No entanto, os defensores do álbum também não são assim tão poucos, muitos à força da insistência, outros tantos agarrados à ideia de que este é o passo mais audaz na carreira da banda. Continuará a ser assunto e, decerto, seria curioso conversar com alguém que tenha comprado aquela edição limitada que parece uma peça de mobiliário.
Registe-se, até porque a banda já não gravava desde 2003 e há toda uma nova geração a tomar contacto com ela agora, os Morbid Angel são um nome clássico do death metal. São daqueles que, façam o que fizerem, darão sempre que falar. A vida de uma banda “grande” é muito semelhante à de uma vela – sofre a combustão inicial, um apogeu, arde lentamente e acaba por apagar-se. Os Morbid Angel são assim – sofreram uma combustão com «Altars Of Madness», «Blessed Are The Sick» e a reedição do «Abominations Of Desolation», atingiram o apogeu com o «Covenant» e o «Domination», para depois ficarem a arder lentamente na fase pós-David Vincent. Talvez por isso, o regresso do icónico baixista e vocalista em 2004 foi aplaudido em uníssono por um coro de velhos e novos fãs. Os concertos que deram desde aí não defraudaram as expectativas e o passo seguinte só podia ser um álbum novo. Não porque se sentissem realmente instigados a isso criativamente, mas porque numa altura em que se faz cada vez menos dinheiro a vender discos é importante manter o nome do grupo vivo e manter os músicos em tour. A verdade é que «Illud Divinum Insanus» nem sequer é uma surpresa assim tão grande, porque... Lá está, quem os conhece bem sabe que não gravam um álbum consistente há dezasseis anos.
Que implicações terá um disco como este na carreira dos Morbid Angel? Provavelmente poucas, na verdade. Entre todos aqueles que aplaudiram o regresso de Vincent à banda e por esta altura ainda não perceberam a fé (apetece perguntar – “are you morbid enough or is it too extreme?”), e todos os que não podem esperar para vê-los em palco, a chama continua a arder. Há semelhança de uns Metallica ou Slayer, há muito tempo que não se reúne consenso à volta de um disco do quarteto, mas as pessoas continuam a pagar de bom grado para vê-los. Se para isso tiveram de levar também com um ou dois temas novos, tudo bem. Nem sequer se pode apontar nada nesse campo, aliás, porque se o público continua a aparecer para ouvir os temas antigos, mesmo que já tenham décadas, a atitude mais legítima é que continuem a tocar. Parece que esta é uma daquelas velas de pavio longo e, ainda por cima, o vento corre-lhes de feição.
Retirado de...
http://www.loudmagazine.net/editorial.html
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