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segunda-feira, fevereiro 27, 2012

Rock N´A.D. Ega - 4ª edição (review)


A 4ª edição do festival ROCK N’ A.D.EGA decorreu nos passados dia 17 e 18 de Fevereiro, tendo sido, uma vez mais, um grande sucesso!

A organização do evento continuou a ter a preciosa colaboração da instituição local, Os Ugas – Associação Desportiva e Cultural de Ega, uma das poucas que continua a ser um verdadeiro polo de atração para os seus sócios, e não só. Um grande bem-haja a esta Instituição que vai mantendo atividades desportivas e culturais de alto nível.
Um dos propósitos básicos deste festival prende-se com a oferta de excelentes condições, a todos os níveis técnicos, a todas as bandas para que assim se possam concentrar naquilo que é essencial, ou seja nas prestações em palco e na música que pretendem transmitir aos ávidos ouvintes. Este princípio tem sido religiosamente seguido desde o nascimento do evento e, para isso, muito tem contribuído a parceria técnica estabelecida com a empresa conimbricense Music Light. O evento pretende sobretudo difundir bandas portuguesas, mais ou menos conhecidas, mas que, de outra forma, dificilmente passariam pela região.
Pela primeira vez na história, desde a sua criação em finais de 2008, o evento dividiu-se em dois dias. No dia 17, sexta-feira, a noite foi preenchida pelas atuações de duas bandas de Coimbra, sobejamente conhecidas da turbe do circuito de bares da região centro, os ROCKLUSO e os ATLANTIS.
Os ROCKLUSO, que participaram na 1ª edição do ROCK N’ A.D.EGA em março de 2009, apresentaram um alinhamento musical renovado bem como um novo visual dos músicos da banda. E que grande atuação! Continuam a contagiar a assistência com a sua alegria em palco e reavivando as memórias do rock português dos anos oitenta. Quem os conhece sabe que não se trata de uma mera banda de versões. A experiência adquirida de todos os elementos do grupo confere a esta banda uma precisão musical invejável. Outro dos pontos fortes dos ROCKLUSO, são os temas escolhidos para as suas atuações, que não se limitam às escolhas mais óbvias e conhecidas pela maior parte das pessoas. É notável a inclusão de versões de grupos como os NZZN ou, por exemplo, os STREET KIDS.
Os ATLANTIS, são uma banda fundada nos finais dos anos 70 e que chegou a participar no concurso Só Rock, em 1981, no jardim da Sereia – Coimbra, apresentando na altura aos presentes o seu Rock Progressivo com toques psicadélicos. Paralelamente, eram uma das bandas mais requisitadas no circuito de bailes daquele tempo e só interromperam a carreira depois de um violento acidente ter ceifado a vida de dois dos elementos da banda. Passados cerca de 22 anos a banda voltou a juntar-se para participar na 3ª edição do ROCK N’ A.D.EGA em 2011, como banda convidada. Nesta 4ª edição, assumiram a posição de cabeças de cartaz do primeiro dia do festival, e presentearam os presentes com uma magnífica seleção de grandes clássicos do Rock internacional dos anos sessenta, setenta e oitenta. Foi maravilhoso assistir à alegria destes músicos calejados em palco. Uma verdadeira lição para os iniciados nestas andanças!
 
No segundo dia, sábado dia 18, o cartaz era composto por quatro bandas com propostas musicais bem diferentes.
Assim, os THE DUKES OF SPEED da Figueira da Foz abriram as hostilidades. A banda liderada pelo baixista Carlos Fernandes, também baixista nos THE JUNKYMACHINE e nos BLIND ALLEY DOGS, apresentou os temas da sua primeira demo de originais recentemente gravada. O som duro, veloz e bem rock n’ roll remete-nos para bares de beira estrada, cheios de fumo, whisky caseiro e strippers em delírio. A postura rebelde em palco revela que as horas passadas na sala de ensaio valeram bem a pena. O baixo de Carlos Fernandes marca forte a batida forte de Pedro Camaz nas peles indefesas. Nota muita positiva para o jovem guitarrista, Pedro Aires, possuidor de uma técnica bastante apurada mas que talvez deva começar a controlar melhor os devaneios “herdados” de Slash e similares. Uma banda que surpreendeu toda a gente e que não se deve perder de vista. Neste momento, a banda já tem vários concertos marcados para próximos meses. Rock n’ Roll rebels!
A seguir, entraram em palco os PORTA VOZ, banda de Lisboa repleta de músicos experientes e com muitos concertos nas pernas. Bruno Alves (ex-REVOLTA), Anselmo Alves (ex-LULU BLIND, ex-REVOLTA), Rui Loureiro (ex-CASO CRÓNICO, ex-DALAI LUME) e Orlando Cohen (ex-MORITURI, ex-PESTE & SIDA, ex-CENSURADOS) não deixaram ficar os seus créditos por mãos alheias e arrancaram para uma atuação soberba, sem a mínima falha. A banda funciona como um motor de alta cilindrada bem afinado, dentro do qual cada elemento funciona perfeitamente em sintonia com as outras partes. Uma prestação demolidora!
Os temas da demo de 1996 continuam perfeitamente atuais e convidam à participação do público, mesmo daqueles que nunca os tinham ouvido. Outros dos momentos altos da atuação foram a versão da música “Sémen”, dedicada ao malogrado Zé Leonel, e a estreia de Orlando Cohen na voz com um tema da sua autoria, “Maninhos Catatua”. Esta banda merece um disco rapidamente!
Com o público ainda bem quente, entraram em palco os também lisboetas VIRA LATA, cheios de garra e dispostos a que ninguém conseguisse ficar quieto. Outra banda pejada de músicos experientes e com dezenas de concertos às costas. Ulisses Silva (ex- K2O3), Filipe Brito (ex-KUSKREDO, ex-TOAST, ex-HIDEN COOKIE e, atualmente, baterista nos STEREOFUX ), Paulo Guano (ex-2 SACOS E MEIO) e Ivan Barros (ex- 2 SACOS E MEIO) formam a equipa de demolição sonora que são os VIRA LATA em palco. Além de músicos experientes, são todos autênticos animais de palco. O baixista Filipe corre de um lado para o outro, puxando pelos seus colegas de banda e, ao mesmo tempo, pelo público. Incrível! O disco de estreia desta jovem banda está para breve e os VIRA LATA ainda vão dar muito que falar.
Para terminar com chave de ouro, os BULOTA, vindos de Guimarães, foram uns digníssimos representantes da capital europeia da cultura. Esta jovem banda, fundada em 2008, foi até há bem pouco tempo um trio, tendo gravado em 2010 o single “Ardor”. Entretanto, o anterior vocalista/guitarrista saiu, passando Zé Pedro Caldas para a guitarra e entraram Jota Freitas para a voz e Catarina Meireles para o baixo. As peles mantiveram-se sempre sob o domínio avassalador do Maurício Medon. O som da banda vimaranense não é tão direto como o praticado pelas bandas anteriores contudo, conseguiram desde o primeiro instante agarrar o interesse dos presentes, apesar do adiantado da hora e dos muitos e muitos litros de cerveja entretanto consumidos pelo público. O espetáculo foi fortíssimo, tanto sonora como visualmente. A iluminação condizia perfeitamente com o tom negro das letras em português, singularmente interpretadas por J. Freitas, enquanto a secção rítmica preenchia a atmosfera com um som pesado e abrasador. A banda editou recentemente o single “Animal” e prepara-se para lançar o disco de estreia muito em breve. Ainda vamos ouvir falar muito nos BULOTA no futuro.
Venha a 5ª edição!
                                                                                                Pedro Branco

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