The Parkinsons no Ritz Clube (Lisboa) - review

Há noites fantásticas! E é já um hábito com The Parkinsons, estes rapazes não sabem dar maus concertos, nem sequer ´assim-assim`...

O regresso a Lisboa (depois de 7 Outubro de 2011) não podia ser melhor!

Foram muitos que no Sábado passado (22 Setembro) os quiseram ver no renovado Ritz Clube (sala ampla e com boas condições sonoras). E tudo jogou a favor da banda portuguesa.

Pelas 23h25, perante uma sala quase vazia, arrancam em grande velocidade. Rapidamente o público que se concentrava na rua, mesmo à frente do edifício, começa uma frenética subida das escadas (qual procissão a Fátima), para não perder mais nada do espectáculo.

A expectativa era muita, especialmente para ouvir ao vivo os temas do novo álbum "Back To Life".

Os três músicos (o vocalista Afonso, o guitarrista Victor Torpedro e o baixista Pedro Chau) na frente, começam aos pulos desenfreadamente, com muita garra e suor, ao mesmo tempo que Kaló ´martela` na bateria, a puxar os braços bem atrás, como se a quisesse destruir.

O público adere, apesar de se apresentar um pouco frio no primeiro tema (o vocalista Afonso refere mesmo isso, na pausa, «então pessoal...? Tá tudo parado? Ontem em Viseu estava bastante agitado). Quebrou o ´gelo inicial` e foi o mote para meter tudo a dançar.

Os refrões dos clássicos da banda são cantados em uníssono, "Bad Girl", "Angel In The Dark", e «Streets Of London» (que na verdade se intitula "Bedsit City") foram a prova viva disso mesmo.

A cara dos quatro músicos não engana, a sorrirem uns para os outros enquanto tocam, parecem uns miúdos, Kaló tem uma expressão de alegria que é inigualável. Dá gosto ver estes ´putos`assim.

Victor não pára um segundo, salta, deita-se, levanta-se, corre para os lados...

Fica tudo em ebulição, voa cerveja, Victor recebe mesmo um autêntico banho que fica literalmente a escorrer, inclusive a sua guitarra... mas está tudo tranquilo, a banda está compacta... chega a roçar a perfeição.

Os temas novos são escutados com muita atenção, o pessoal embala ao som do tema-título ("Back To Life" que é mais ritmado), empurra e salta com "So Lonely" (grande tema, mesmo... «I so looooonely, I´m so happy alone...» grita o vocalista... 100% Parkinsons).

"Girl From Another World" tem grande balanço, cativa facilmente e "Good Reality" (o tema eleito como single de avanço) é já reconhecido por muitos, com uma linha de baixo muito catchy...

Perto do final ouve-se "City" um tema com feeling reggae a fazer lembrar a cumplicidade dos Clash com este estilo (afinal uma das grandes influências da banda).

Afonso puxa sempre pela malta, salta do palco vai para o meio da multidão e pula como se ´não houvesse amanhã`, gesticula, provoca... enfim, o ´seu` normal.

Perto do fim, há tempo ainda para voltar a sair do palco com a banda em jeito de improvisação sonora (a esticar um tema), Afonso desaparece, nem os próprios companheiros de palco o vêem, aparece no balcão e mesmo sendo demasiado alto, salta de lá para ser recebido em braços.

No final agradecem ao público que não os deixa ir embora, voltam ao palco com mais alguns temas, finalizam e o pessoal pede mais. Novo regresso, repetem "Good Reality" e despedem-se perante imensas palmas (com novo pedido para encore mas à terceira foi de vez).

Pedro Chau meio adoentado foi uma das razões para terminar definitivamente a actuação.

Visivelmente suados, com rasgados sorrisos, confessaram que adoraram a noite.

O DJ A Boy Named Sue agarrou o público, iniciando a sua sessão com verdadeiros clássicos (GBH, Exploited, Abrasive Wheels), ou seja, a noite foi longa, longa...

Mais tarde, foi a vez do vocalista Afonso oferecer-nos a sua escolha e passou muitos e bons temas, para gáudio dos resistentes (que foram muitos) que não pararam de dançar até às 6 horas da manhã.

É um prazer ver uma banda com esta, com grande atitude, uma alma daquelas que não se consegue disfarçar (só mesmo adorando o que se faz, se corresponde assim), quer e ´rebenta` mesmo com o público, a deixá-los a desejar por um regresso rápido. E que seja mesmo, muito em breve!

De parabéns está definitivamente a banda e a SRMusic que já proporcionou três noites na capital (duas em 2011) sem que o público não deixasse de comparecer (desta vez foram cerca de três centenas).

´Culpa` óbvia dos próprios Parkinsons. Nem a trovoada que se fazia lá fora atrapalhou... que excelente ´regresso à vida`...






                                                              fotos por Carlos Ramalhete

 http://carloslramalhete.wix.com/carlos-ramalhete-fotografia