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segunda-feira, outubro 08, 2012

Manifestação Cultural "Que se Lixe a Troika" (13 Outubro 2012)







5 comentários:

  1. Ele tinha saúde de ferro,
    E a taxa moderadora a enferrujou;
    Tinha até um nervo de aço,
    E o fisco o oxidou;
    Tinha um coração de ouro,
    E a troika o desdourou;
    Tinha um dente de platina,
    E o prego o açambarcou;
    Tinha um anel de latão,
    E o imposto lho levou;
    Tinha também pechisbeque,
    E o Gaspar lho tirou.
    E assim se foi o metal,
    Só lhe resta passar fome,
    Que a Fazenda Nacional,
    Come tudo, tudo come!


    Van Allu
    Outubro 2012

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  2. Novo Auto da Feira
    Escrito por Gil Vicente em 2012, aquando duma visita da sua alma ao país natal

    Entra na feira um político do arco da governação, carregadinho de tachos e favores, e diz:

    Vender-vos-ei nesta feira
    tachinhos vinte e três mil
    todos de nova maneira
    cada uma tão subtil,
    que não vos falte o tachinho
    amigos e compadragem,
    não esquecendo os filhinhos,
    e toda a vossa criadagem.

    Chega à feira um edil, que logo se dirige ao do arco da governação.

    Ora viva senhor ministro,
    que bem folgo em vos ver
    lembrai-vos sempre de mim
    pois nada tendes a perder,
    trago eu para vender,
    uns favorzinhos singelos
    o povo rompe os chinelos,
    e vós sapato de pele,

    Um camponês, ouvindo o edil, logo lhe perguntou:

    Que trazeis no vosso saco,
    que eu não consigo enxergar?
    serão votos ou licenças,
    para o outro se enfartar?
    que grande edil me saístes
    com fama na região
    a tudo deitas a mão,
    fazendo figuras tristes,
    perante este aldeão.

    Responde o edil ao camponês:

    Ó meu pacóvio sem graça
    que vens tu aqui comprar
    nesta feira semanal?
    que só sabes criticar
    aquilo que parece mal;
    que mal há num favorzinho,
    vindo lá da capital?
    é uma questão de princípio
    aqui no meu município,
    eu tenho o poder real.

    Van Allu
    Setembro 2012

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  3. Tachada (ex- Tourada)

    Há sempre um lugar ao sol
    Parlamento ou governo
    Apanhamos um a um
    Os tachos
    Ninguém nos tira o tachinho
    Rapamos mesmo tudinho
    Só nos pode causar risco
    O fisco.

    Entram broncos, chochos e patetas
    E alguns forretas
    Entram iates e topos de gama
    E alguns jarretas
    Entram bravos, cravas e calotes
    Porque tudo o mais
    São petas.
    Entram vacas depois dos mestrados
    Que não fazem nada
    Soam brados e olás dos tansos
    Que não mamam nada
    E é sempre a mesma bodega
    A jogar à cabra-cega.

    Enchendo muito a pancinha
    Afugentamos o fisco
    Dentro do tacho
    Há um bom petisco.
    Nós vamos dizer ao mundo
    Que isto aqui já não tem raça
    Só nos resta a bolsa tesa…
    Desgraça.

    Entram velhas e licenciados
    Entram fundações
    Entram artifícios e juristas
    E muitos burlões
    Entra a banca e os prestamistas
    Entram comilões
    Que arriscam
    Entra um banqueiro e o chupa-chupa
    Do seu egoísmo
    E o auditor com a sua lupa
    Do inspecionismo.
    Entra a garotada já caduca
    Mais o partidarismo
    E cismo…

    Entram empresários numas listas
    Entram ilusões
    Entram autarquias e chupistas
    E grandes tachões
    E entra muito euro, muita gente
    Que dá uso aos milhões.

    E diz o Chôr Presidente:
    “Não acabam as minhas pensões.”

    Lá lárá lá lá lá lá lá lá lá, lálárá lá lá….


    Van Allu
    agosto 2012

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  4. Uma Casa Portuguesa (Versão CRISE)

    Numa casa portuguesa já só tem,
    Ar e vento sobre a mesa.
    E se à porta bruscamente bate alguém,
    Passa fome com a gente.
    A mãe está com a fraqueza e não tem
    Nada para dar ao dente.
    E até a tia Teresa
    Está muito muito tesa,
    E a ficar toda carente.

    Quatro bocas esfaimadas,
    Ai coitadinho de mim,
    Tantas reformas doiradas,
    E eu aqui, sem um pilim.
    Já vendi o azulejo,
    Que me deu a tia Vera.
    Acabaram-se os desejos…
    É a miséria à minha espera…

    É uma casa portuguesa, que tristeza!
    Ai que tristeza, é uma casa portuguesa!

    O conforto que eu queria cá no lar,
    Toma mas é juizinho.
    Pois há tantas tantas contas por pagar,
    E nada para a panela…
    Basta pouco, poucochinho p’ra gastar,
    A minha reforma e a dela…
    É amor sem pão e vinho,
    E raramente um caldinho
    Muito frio na tijela.

    Quatro bocas esfaimadas,
    Ai coitadinho de mim,
    Tantas reformas doiradas,
    E eu aqui, sem um pilim.
    Já vendi o azulejo,
    Que me deu a tia Vera.
    Acabaram-se os desejos…
    É a miséria à minha espera…

    É uma casa portuguesa, que tristeza!
    Ai que tristeza, é uma casa portuguesa!
    É uma casa portuguesa, que tristeza!
    Ai que tristeza, é uma casa portuguesa!



    Van Allu
    2012

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  5. SEM QUEM ELE É
    (Madalena Iglésias conta para o Primeiro Ministro)

    Sei quem ele é,
    Ele é um capataz
    Um pouco ríspido até.
    Vivia numa de pagar o calote,
    E o ministro das finanças pediu mais,
    Mais suor

    A troika apareceu
    Com o dinheirinho,
    Mas só recebeu
    Amor e carinho;
    E agora ele diz
    Que alcançou na vida o maior bem,
    É feliz!

    Só pensa na troika
    A todo o minuto;
    Sonha com ela
    P’la noite dentro.
    Se ela se atrasa,
    Já não há pote.

    Chega à janela e vê o Portas,
    Sonha com ela (A COLIGAÇÃO)
    No pensamento;
    O Passos sem ela
    Não é ninguém.


    Van Allu
    Van Hellen

    Outubro 2012

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