Cinco álbuns de estúdio é obra! Especialmente num país como o nosso e a título de exemplo, estão os Gazua.
Os apoios nestes discos foram realmente poucos, começando com a exclusiva autoria da própria banda nos lançamentos, passando por pequenas ajudas de amigos, chegando mesmo a editoras ou distribuidoras independentes.
Mas foram passos seguros e bastante ponderados, desde "Convocação"(2008), "Música Pirata"(2009), "ContraCultura"(2010) até "Transgressão"(2012).
Resumindo, os Gazua estão de parabéns! Os fãs e seguidores da banda também. E ainda... a música portuguesa.
«Sobrenatural» é mais um passo em frente desta irrequieta banda lisboeta, que nunca baixou os braços perante as adversidades, sejam nas apresentações dos espectáculos ao vivo, ou mesmo em situações editoriais (gravação em estúdio, disco produzido, fase de fabrico e edição).
Nesta nova aventura, a banda mantém a sua linhagem. As guitarradas perduram, a raíz punk está lá (várias vezes se ouve «o grito [é a mensagem]», «grito», «fúria»).
O formato em trio mantém-se, mas denota-se que avançam por caminhos já explorados no álbum anterior ("Transgressão") tendo como denominador comum o rock e a musicalidade (leia-se, sintonia entre os três instrumentos, com grande cumplicidade na guitarra e bateria).
Após uma introdução instrumental ("Sinfonia"), somos recebidos com "Envolve-me", um tema clássico à Gazua, que foi escolhido como single de apresentação no final de 2014, antes desta edição em Março.
É excelente a energia que transborda. O balanço do tema, o ritmo e garra nesta faixa faz qualquer um abanar a cabeça. O som agudo da guitarra contrasta com a linha de baixo bem forte e a bateria serve-nos conforme o tema se desenvolve, acelerada ou lenta (e mesmo quase inexistente numa parte quase declamada por João Corrosão). Termina com um inconfundível dedilhar numa guitarra portuguesa. Muito, mas mesmo muito bom!
Logo de seguida vem novo momento inspirado, talvez seja mesmo a melhor faixa do disco, "Sobrenatural".
João (autor principal das composições das músicas) tem aquele condão de ´fabricar` temas que entram na nossa cabeça e teimam em não sair. E este é um deles!
O refrão é uma coisa especial... «e sigo para o espaço... sou sobrenatural...». Respira música.
Os leves efeitos na voz (no refrão) assentam muito bem e os solos de guitarra rondam a perfeição, sempre com a melodia em sintonia. É daqueles temas que vão perdurar no alinhamento dos Gazua (ao vivo) durante anos e anos. E na nossa memória também.
Será este o ponto de encontro de todo o disco, numa temática arrojada e diferente do habitual (a própria banda já nos habituou a isso).
"Montanha" traz a tal musicalidade que falei, Salta à vista nesta faixa. Um compasso marcado pela bateria e baixo, com uma guitarra quase a falar. Muita percussão, muitos pratos a abanar... interessante, sem dúvida.
Novas experiências em "Tempestade", que num ritmo forte (rock) demonstra algumas das novas influências da banda. "Sangue Bravo" também segue essa linha, com um ritmo muito marcado.
E "O Muro" assegura essa sequência, com marcação de baixo e letras por vezes declamadas. Há coros estranhos (a fazer lembrar momentos semelhantes dos Mão Morta) a complementar o ´ambiente` do tema.
Novo regresso à linha ´Gazua chapado`, com "Mais Depressa". Guitarradas desenfreadas, coros apelativos, letras inspiradas que com certeza resultam plenamente ao vivo, com o suor na cara e nas cordas das guitarras. Ou seja, ´o mundo segundo a palavra de Gazua`.
Nova pausa/experiência com "A Unha E A Carne", com (novamente) a marcação de baixo e bateria e uma guitarra desta vez trémula.
Mais um momento agitado com "Oiço Vozes" (sempre engraçada a opção de «Oiço» por Ouço»). Bom ritmo, guitarradas e gritos, com uma bateria muito inspirada.
O disco termina com "Grito", um modo especial de transmitir a essência dos Gazua, ou seja, aquilo que os moveu desde o início, sempre se manteve e continua viva, a querer mostrar o que fazem (ouve-se «o grito é a mensagem... limpa as pedras do caminho»).
Para os mais atentos, há ainda uma divagação ao som de um piano, mesmo a terminar.
São cerca de 47 minutos de rock em estado puro, com aventuras e novas experiências, mantendo o espírito que todos conhecemos.
A ´costela punk` está presente, a linhagem não engana, mas aponta-se para novos caminhos que sem comprometer um milímetro, são avançados a passos largos.
Bem vindos aos (sempre) novos Gazua... eles estão para ficar!
CD Rastilho Records (2015)
Para quem ainda não viu, aqui fica o vídeo do inspirado tema que dá nome ao título do álbum...
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ResponderEliminarGAZUA "Sobrenatural" (2015)
Edição: Rastilho Records
info para detalhes e adquirir o CD:
http://www.rastilho.com/cd/detail/4/sobrenatural-f962314d61/
Página da banda:
https://www.facebook.com/gazuarock
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Grandes! Já os vi ao vivo são muito bons
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