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segunda-feira, setembro 20, 2021

Nuno Mendonça (Zurrapa) - entrevista sobre o momento actual da banda

Já toda a gente ouviu falar nos Zurrapa! E a banda de Viseu não deixa ninguém indiferente. 

A boa-disposição aliada ao ´apontar o dedo` e uma atitude DIY, embebidas num punk rock simples e corrido, são as características que facilmente se identificam na banda.

Com dois EP´s, dois álbuns e alguns singles lançados, já fazem parte do rol de bandas que são uma referência no panorama musical alternativo. 

O Billy News quis saber como estão actualmente, depois desta paragem obrigatória, ou nem tanto, para os Zurrapa. O baixista Nuno Mendonça esclareceu-nos.




Billy - A primeira pergunta é inevitável, como os membros da banda viveram este ano e meio com a pandemia, alterou muito os planos ao vivo com certeza, mas também em ensaios, em eventualmente trabalhar novos temas?

Nuno - Este ano e meio foi uma cagada. Vivemos sempre com aquela esperança de que a coisa fosse passar e... nunca passou. Cancelamos todos os concertos que tínhamos marcado e paramos completamente durante umas semanas. Depois gravamos um tema em casa e aí percebemos que estávamos a enlouquecer ainda mais que o normal. O remédio foi regressamos à sala de ensaio para trabalhar em temas novos. Portanto, podemos dizer que nos mantivemos sempre minimamente activos.

 


Billy - O ano de 2020, apesar da situação, editaram dois álbuns, "(Des)Governo No País Das Maravilhas" e "Lambe-me O CUbo", para além de um single. Já estavam planeados/preparados antes de Março, o início das restrições, ou nem por isso?

Nuno - Pois, por estranho que pareça em termos de músicas foi uma fase bastante produtiva para nós. Editamos 2 discos, 1 Single e 2 músicas que só saíram em vídeo. O "(Des)Governo No País Das Maravilhas" já estava gravado e a apresentação calhou mesmo no início do confinamento. Cancelamos a apresentação ao vivo e aguentamos o disco mais umas semanas na espectativa de perceber o que ia acontecer, mas acabamos por fazer o lançamento em casa e a distribuição 99% via ctt. Depois ficamos um bocado esmorecidos e abrandamos com tudo até à fase do início da loucura. Aí sim, fomos para a sala de ensaio mesmo para criar material novo e gravar. Nesse sentido, o "Lambe-me o CUbo" foi escrito, gravado e lançado mesmo em confinamento. Fizemos uma apresentação do disco onde deu para o ouvir na íntegra mas zero concertos. As vendas foram mais uma vez via ctt.


Billy - A divulgação dos discos e a apresentação ao vivo dos temas ficou meio estagnada, mas a aceitação foi muito boa, receberam muitos pedidos de envio do formato CD e também muitas críticas positivas. Ficaram satisfeitos pela reacção, na generalidade das pessoas?

Nuno - Tendo em conta a situação, realmente não nos podemos queixar. Sabemos que a maior parte do que vendemos normalmente é ao vivo e não tendo concertos os discos até tiveram uma boa aceitação. As críticas não foram más e o feedback que fomos recebendo da malta que os comprou foi positivo. Claro que não se pode agradar a toda a gente, mas também não o queremos, quando toda a gente gostar de um disco nosso é porque estamos a fazer alguma coisa errada!




Billy - Neste momento, como estão em termos de banda, já há alguma actuação prevista? Vão recuperar ao vivo os temas dos discos que não apresentaram para sentirem a resposta do público, nos espectáculos?

Nuno - Neste momento temos algumas ideias, mas nada concreto. Não queremos muito tocar com o pessoal sentado, é algo que não nos interessa. Temos rejeitado algumas datas exactamente por isso, já podíamos ter feito vários concertos nessas condições, mas estamos a tentar adiar ao máximo tocar dessa maneira.
A acontecer algum concerto como queremos nos próximos tempos, sim, será uma setlist muito voltada para os dois últimos discos (e talvez para o próximo) porque na generalidade são músicas que ainda não experimentamos ao vivo e é para isso que as fazemos. Falta saber se as conseguimos tocar minimamente bem bêbados, porque isso é o que interessa.


Billy - Outra questão inevitável, como irrequietos que são em termos de edições, já têm alguma ideia, algum tema novo, um plano previsto para um eventual novo disco ou nem por isso?

Nuno - Pois... a verdade é que já temos o próximo disco escrito e só falta alinhavar alguns pormenores para começarmos a gravar. A ideia é começar a gravar ainda este mês ou na pior das hipóteses no início de Outubro.
Já temos nome definido e artwork idealizado e as músicas prontas (a 98%). Vamos juntar um surpresa ou duas e... siga a festa.


 

Billy - Para terminar, o que os fãs dos Zurrapa podem esperar, futuramente? Vão manter a linha a que nos habituaram, ou haverá algum desejo de mudança a nível musical, de estrutura das músicas?

Nuno - Esperar, podem esperar o que quiserem... mas não vamos mudar nada. Não curto essa coisa dos fãs... é o pessoal que vive isto connosco... e esses sabem o que podem esperar de nós. Vamos continuar a fazer a mesma cagada que sempre fizemos, porque é o que gostamos e é o que sabemos!!!
Mudanças acontecem inevitavelmente, todos mudamos um bocadinho todos os dias, mesmo que de forma inconsciente mas a nossa raiz, as nossas ideias e a nossa vontade não mudam. Continuamos a querer é beber copos, tocar ao vivo  mandar foder quem nos incomoda.

 


Recordamos aqui o tema "Afogado Em Cerveja", uma faixa do excelente álbum «(Des)Governo No País Das Maravilhas» (2020)...


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