quinta-feira, setembro 21, 2017

Peste & Sida - "Ao Vivo No RCA" (review ao disco)


«A gravação no RCA ficou mesmo muito fixe, é demasiado boa para eu não partilhar...».

Estas foram as palavras que João San Payo me segredou, após o espectáculo realizado naquela sala lisboeta, mesmo no final de 2015.

O significado de ´Família Peste` nunca fez tanto sentido como nesta noite com lotação esgotada.

Antigos membros da banda (que tantas formações teve), amigos, colaboradores mais ou menos directos, fizeram parte desta celebração em jeito de comemoração dos quase 30 anos (na altura) dos Peste & Sida.



Agora chega-nos em disco, "Ao Vivo No RCA" foi lançado recentemente num formato muito apelativo, num CD com um livro (tamanho A5) que contém imensas fotografias dessa noite mágica (excelentes , da autoria de Rui Canto) e com depoimentos relevantes de alguns dos intervenientes.

O que salta imediatamente à vista é a participação integral de João Pedro Almendra. San Payo refere mesmo na gravação que «isto sem o Almendra não é a mesma coisa». E esse sentimento corresponde à verdade, após o regresso em 2003, após «Tóxico» (2004) os convites para participar em alguns temas ao vivo, foi um passo para se juntar á banda a título definitivo e mais tarde lançar o excelente «Cai No Real» (2007).

O que mais se pode desejar por ter dois ´monstros de palco` na mesma banda?

O disco abre da melhor forma com «Carraspana» e com a notícia de uma ausência forçada, a do guitarrista Orlando Cohen devido a compromissos profissionais (laborais, fora do país).

O baterista Fernando Raposo começa logo na primeira faixa.

Há uma contextualização dos imensos convidados, especialmente com os ex-membros da banda a interpretarem temas de momentos em que marcaram presença com um significado especial.

Os coros do público não enganam, a festa começou logo ao primeiro minuto.

San Payo lidera e Almendra acrescenta. É uma perfeita sintonia, uma simbiose de palavras e alguns improvisos que demonstram bem a identidade dos Peste, especialmente em palco.


Obviamente que a competência dos restantes membros actuais seguram com firmeza e mestria toda a linhagem musical das faixas que vão desfilando.

João Alves (na guitarra e vozes), Sandro Dosha (bateria) e Ricardo Barriga (guitarra) merecem um aplauso em uníssono.

De seguida ouve-se «viva os Peste & Sida, muitos e muitos anos de vida» e o sentimento é geral, com o arranque de "Família Em Stress"..

Mais tarde ecoa em palco «tenho um furo na algibeira, arranjem uns trocos» com Almendra no seu melhor a dar introdução a "Furo Na Cabeça".

Seguem-se os clássicos e as participações, Nuno Rafael, Zé Vilão e ainda João Leitão (ex-Vómito), os bateristas Marco Franco (ex-Braindead), Sérgio Nascimento (na altura que passou por Peste vindo dos Tropa Morta) e Marte Ciro (do Projecto Ciro, ex-Phil Mendrix Band e Los Tomatos), o actual agente/manager Jonhie (também vocalista dos Simbiose).



Até as ´cotonetes` participaram (foi mítica a participação no Pavilhão Carlos Lopes, no lançamento de "Portem-se Bem" em jeito de freiras), vénia à Iolanda Batista e Suzie Peterson (Suzie também ligada ao universo Ena Pá 2000).

Há menção a Emanuel Ramalho, responsável pela produção de "Veneno" (1987) e "Portem-se Bem" (1989) e mais recentemente "Não Há Crise" (2011), que acabou mesmo por participar ao vivo no "Sol Da Caparica"

E também a Luís San Payo, baterista dos que gravou o tema «Bule Bule», (irmão de João San Payo, ligado a imensas bandas portuguesas, como Croix Saint, Pop Del Arte ou Radio Macau).

Tudo em festa com "Está na Tua Mão", "A Verdadeira História De Alcides Pinto", "Orgia Paroquial", parece que ninguém pára.

Ouve-se o (mais) recente "Estrela Da TV", "Acredita", seguido do frenético "Cai No Real" e da voz gutural de Jonhie em "Alerta Geral".


Não podia faltar o "Sol Da Caparica", a excelente versão dum tema popularizado pelos Ramones (também eles a tocar uma versão da faixa original da década de 1960).

Nem a "Paulinha", muito menos o "Gingão" (tema dos mais cantados/gritados pela plateia), o "Reggaesida" (com as habituais brincadeiras à la Beastie Boys) e uam das melhores faixas de sempre,  "Veneno" (que arranca de imediato os coros do público).

Os temas seguem quase em jeito de medley, exceptuando o discurso em jeito de explicação de cada um, como em "Portem-se Bem".

"Ao Trabalho" é o penúltimo tema, em que tudo termina com o "Chegámos Ao Fim".

São vinte faixas na íntegra ou em excertos (em jeito de ´rapsódia Peste`) em que o espírito festivo reina de início ao fim.



Além de Orlando, faltou obviamente um dos membros mais importantes da história da banda, especialmente entre 1986 e sensivelmente até 1994.

Mas o algodão não engana, os Peste são ainda uma das melhores bandas ao vivo em Portugal e este disco mostra exactamente isso.

Ou seja, edição extremamente aconselhada a quem aprecia minimamente a banda, obrigatória para os seguidores.

Peste & Sida até ao fim!




                                  book/CD - edição Alain Vachier Music Editions 2017


Aqui abaixo podem ouvir exactamente o momento de abertura, com a "Carraspana"...




2 Comments:

Blogger Ana Pappamikail said...

Grata por pertencer a esta família ��

3:44 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

muito bom, tenho de arranjar isso.

10:16 da manhã  

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