O inconfundível João Pedro Almendra (Peste & Sida e PunkSinatra) foi alvo de uma interessante entrevista, realizada pela jornalista Helena Durães...
Aqui ficam algumas frases mencionadas nesta reportagem...
«A Paulinha é uma miúda que existe... Era muito gira... Foi uma brincadeira que acabou por tornar-se num mitozinho...Representa um bocado aqueles amores perdidos...»
«Foi para aí em 79/80 quando descobri os Sex Pistols... Foi aí que percebi que era um tipo
«Desapaixonei-me também um pouco da música... Foi uma oportunidade de me libertar um pouco de tudo o que estava associado à namorada, às bandas e às drogas e para fugir da realidade portuguesa...»
«(PunkSinatra) Foi um projecto que me fez recuperar um certo amor à arte...foi um projecto importante. Começamos em 2003 e editamos, no ano 2009, dez temas gravados, com o título “Ataca Contrataca, o Monstro Acordou!”...»
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Podem ler a entrevista na íntegra, clicando em "Comments" já abaixo...
16 comentários:
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Como habitualmente, devido ao texto extenso, o texto será inserido em vários comentários...
Desde já fica aqui um agradecimento especial à jornalista Helena Durães pela cedência da entrevista ao Billy News!
Podem encontrar mais informação sobre a autora em...
http://umolharpessoal.blogspot.com/
...ou contactá-la através do email:
helena.cruz.duraes@gmail.com
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João Pedro Almendra, vocalista dos Peste & Sida
“O punk é levantar a voz”
Entrevista feita pela jornalista:
Helena Durães
O seu percurso musical. As entradas e saídas das bandas por onde passou. As razões que o levaram a deixar os Peste & Sida há vinte anos e agora o seu regresso em definitivo à banda. A dependência das drogas. Fica esclarecida a diferença entre Peste & Sida e Despe & Siga. As várias actividades de João Pedro Almendra e os seus projectos para o futuro.
Um sítio pequeno, escuro, onde quase não cabem mais do que quatro pessoas. Para os Peste & Sida está mesmo à conta. É uma pequena garagem na Bobadela que serve de local de ensaio para uma das mais antigas bandas portuguesas de punk-rock, que conta com o regresso do seu primeiro vocalista, João Pedro Almendra. A voz que deu vida à canção Paulinha, em entrevista.
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Quem era a Paulinha?
A Paulinha é uma miúda que existe. É uma amiga pessoal, que conheci através de umas bandas e que parou muito em Alvalade. Era muito gira: tinha o cabelo preto, olhos verdes e era simpática. Foi uma brincadeira que acabou por tornar-se num mitozinho. Foi a Paulinha como podia ter sido outro nome. Representa um bocado aqueles amores perdidos. Calhou naquele caso haver ali uma espécie de paixão platónica por ela.
Mas da sua parte ou da banda inteira?
Talvez da banda ou do imaginário da malta nova na altura. O pessoal via-a muito no Bairro Alto e no Gingão.
Sente falta do Gingão?
O Gingão fechou desde que caiu aquela parte do Bairro Alto, em S. Pedro de Alcântara e nunca mais se recuperou. Para ser sincero, já não me identifico muito com o Bairro Alto. Foram muitos anos a passar por ali. De vez em quando ainda lá vou, mas já não paro lá todas as noites.
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O tema sobre o Gingão foi das primeiras músicas com os Peste & Sida. Sempre pensou em ser músico?
Não. Isso surgiu no Liceu. Mas já antes, quando fiz uma peça de teatro no Monumental, no quarto ano escolar, acho que aí o bichinho da música e do palco já estava em mim. Mas foi só no Liceu que veio essa chama da música rock. Não sei se na altura a intenção era a música, se era pela irreverência ou se era uma forma de procurar uma nova imagem.
E foi por essa altura que decidiu ser músico...
Decididamente que ao longo de todos estes anos posso dizer que foi algo que eu ajudei a criar dentro de mim. Era algo que estava lá para ser colhido e depois foi crescendo porque fui trabalhando essa veia. Quando se é miúdo e se idealiza algumas coisas, facilmente se consegue acreditar, mesmo parecendo quase impossível.
Estudou num Colégio Inglês no tempo do Estado Novo. Viver durante a ditadura foi também um factor importante para sentir essa necessidade de ser irreverente?
Obviamente que havia algumas coisas que via em relação ao meu país que me era difícil perceber. Como eu andava numa escola Inglesa quando saía cá para fora fazia-me confusão. A seguir ao 25 de Abril senti que as coisas tinham mudado. A minha geração tentou combater os estereótipos... Mas, depois as drogas começaram a ser uma componente muito forte da irreverência...
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Mas também foi dependente de drogas?
Posso dizer que sim. Não tenho medo de dizer... Felizmente ultrapassei. Foi uma fase complicada. Consigo perceber porque é que pensava assim. Hoje em dia não consigo pensar assim. Mas dá-nos maturidade. A pessoa aprende pela experiência a ser alguém diferente.
As mudanças sociais trazidas pelo 25 de Abril levaram-no a ter a necessidade de romper com os velhos valores...
Eu percebi que havia a necessidade de tomar uma atitude. De repente houve uma quebra de determinados modelos e isso levou-nos também a uma revolução. Querer furar e querer fazer passar uma mensagem era algo emergente, mesmo necessário. Hoje em dia dá-me a sensação de que as pessoas continuam a não querer mexer-se, ou estão como que cristalizadas. E foi uma altura muito confusa, principalmente com o PREC, que foi um período muito radical, muito de esquerda...
Mas ficou com esses ideais de esquerda?
Não. Em minha casa sempre fomos muito democráticos, as pessoas sempre tiveram uma visão muito aberta. Havia uma certa inclinação, mas sem radicalismos. Apercebi-me muito cedo desse “radicalismo” e abandonei um pouco... Mas nunca deixei de ter alguma simpatia pelos ideais de esquerda.
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Quando decide enveredar pelo campo do punk-rock?
Foi para aí em 79/80 quando descobri os Sex Pistols. Como tinha andando numa escola Inglesa isso deu-me alguma afinidade com a cultura e a capacidade de poder processar rapidamente aquilo que eles diziam. Foi aí que percebi que era um tipo de música e de linha com um tipo de mensagem pela qual eu gostava de enveredar e de, pelo menos, conhecer.
A primeira banda em que participa activamente são os Ku de Judas. Quando é que começa esta participação?
Essa banda nasce no Liceu quando conheci o Serpa. Éramos todos colegas, tudo malta nova, do mesmo bairro. Foi fácil existir esse elo entre nós. A banda começou a ser idealizada em 1981 e só em 1983 é que começamos a ensaiar mesmo a sério. Éramos todos muito novos e ainda estávamos à procura das nossas próprias referências.
Num dos ensaios dos Ku de Judas, enquanto o João Pedro tentava tocar baixo, o Serpa disse “Oh, autista deixa lá a guitarra”. E aqui surge a sua alcunha: autista. É verdade que não sabe tocar baixo?
Não, não sei. Dou uns acordes na guitarra. No princípio dos Ku de Judas, por volta de 83, quando estava a ensaiar tentei tocar baixo. O Serpa tocava guitarra, eu tocava baixo e o Bago D’ Uva estava na bateria. Mas isso mudou com a entrada dos outros elementos: João Ribas (guitarra) e o Carlos Aguilar (bateria).
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Como recorda a participação dos Ku de Judas no Rock Rendez Vous de 1985?
Foi um sítio que marcou muito... As bandas encontravam-se todas nos camarins e era um espaço que contagiava muito as pessoas. Era marcante tu tocares no Rock Rendez Vous. As pessoas passavam a contar que tu tinhas tocado naquele sítio.
Sente falta desses espaços?
Eu sinto falta do Rock Rendez Vous e de vários Rock Rendez Vous. Há tantos géneros musicais que eu acho que deveria haver salas mais abrangentes, ou mais temáticas. Era também preciso que as pessoas estivessem mais viradas para os espectáculos e para a música. Mas isso deveria ser uma luta das bandas e das rádios, já que as bandas alimentam as rádios e eventualmente as televisões.
Mas considera que há uma passividade por parte das bandas e das rádios?
As bandas neste momento estão a começar a mudar de atitude em relação à maneira como vêem o mercado, no que respeita ao uso da internet como meio de chegarem aos fãs. Há aqui uma revolução e está tudo num impasse: as pessoas estão a aprender a lidar com a mudança das novas tecnologias e a falta de dinheiro que há para investir mais em música.
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Em 1986 sai dos Ku de Judas. Porquê?
A minha fase nos Ku de Judas foi muito interessante. Foi onde comecei e foi uma banda de que eu gostei muito. Tenho sempre algum gosto em falar disso, mas também alguma tristeza. Eu não estava satisfeito com a produção da banda e a sua fórmula de criatividade. As letras do Serpa não me agradavam e várias vezes falei disso. Depois aconteceram outras coisas... Lembro-me que houve uma vez em que me ausentei e a banda substituiu-me.
Foi aí que decidiu sair?
Cheguei à conclusão de que se calhar estava a arriscar a ser substituído e não estava a fazer letras do meu gosto. Entretanto, o João San Payo convidou-me para fazer parte de um projecto com ele e o Luis Varatojo (A Naifa), que se viria a chamar Peste & Sida. Nos ensaios que fiz com eles percebi que a banda tinha a mesma abordagem de força e irreverência, mas com mais conteúdo. Apetecia-me saltar e não vejo isso como uma coisa má.
Passa os anos seguintes nos Peste & Sida. A banda alcançou o sucesso com temas como Chuta Cavalo e Sol da Caparica. Quando compunham pensavam já no sucesso?
Nós sempre fizemos essas músicas. Nunca pensamos na repercussão ou o êxito que poderíamos ter. Fizemo-las simplesmente. Tentamos atingir ou procurar determinadas fórmulas sonoras que para nós eram agradáveis e depois acabou por acontecer esse sucesso. É bom quando assim é.
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A banda sempre foi marcada por muitas entradas e saídas, inclusive a sua.
É verdade. A banda sempre teve algumas dificuldades e, se calhar, a saída dos músicos foi, algumas vezes, com descontentamento, por não haver as condições financeiras necessárias para começarem a ganhar. Talvez tenha sido alguma imaturidade por parte de alguns membros, da minha também, em conseguir perceber o quão rápido aquilo cresceu e deixou de ser um projectinho de liceu e passou a ser uma máquina com várias pessoas a trabalhar.
Quando sai dos Peste & Sida vai para Inglaterra. Essa viagem esteve relacionada com a sua dependência das drogas de que falou anteriormente?
Na altura tinha também uma namorada e depois acabamos. Desapaixonei-me também um pouco da música... Foi uma oportunidade de me libertar um pouco de tudo o que estava associado à namorada, às bandas e às drogas e para fugir da realidade portuguesa. A minha passagem pela escola inglesa dos quatro aos dez anos, fez com que tivesse vontade de lá ir.
Quando decide regressar novamente ao mundo da música?
Voltei para Portugal e no final dos anos 90 comecei a pensar nisso. Iniciei um projecto chamado Punk Sinatra, em 2003. E nessa altura o João San Payo já tinha voltado com os Peste & Sida.
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A fase paralela dos Peste & Sida e Despe & Siga gere alguma confusão. Muitas pessoas dizem que os Peste eram os Despe. Porquê?
Porque não estão atentas. Não conseguem perceber que não é a mesma coisa. Despe & Siga é um aproveitamento de uma piada, que remonta a 1988, em que tivemos a carrinha assaltada por um montão de gajas. O nosso manager na altura, o Vítor Fernandes só dizia: “vá é despe e siga, despe e siga”. É uma piada porque elas só iam dar um beijinho. Essa banda foi formada à parte dos Peste.
Portanto, os membros eram os mesmos...
Era o João San Payo, o Luis Varatojo, da formação inicial e alguns elementos novos que entraram para os Peste & Sida. Faziam covers, muitas vezes até adaptados para português. Aquela música do James Brown I’m feeling good era: eu sinto-me bem e tu também... . Isto era para tocar em bares, era engraçado ahahah (com um tom sarcástico, bate palmas) para beber uns copos às 4 da manhã. Depois daquela fase paralela dos Peste e dos Despe a banda parou...
Também saiu dos Peste & Sida por causa disso?
A minha saída em parte foi por causa disso. Saí pela minha não participação total na banda, porque na altura estava com problemas de drogas, pois fui muito a fundo nas drogas. Foi um período muito complicado para mim, o que afectou bastante a minha participação na banda e o meu poder de discernimento. E naquele momento a banda estava a começar a perder um pouco a sua identidade e a enveredar por esse caminho. Percebi que já era tarde para agarrar o barco e optei por sair.
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Os Punk Sinatra marcam o seu regresso à música. O que significou este grupo no seu percurso musical?
Foi um projecto que me fez recuperar um certo amor à arte. Para mim foi um projecto importante. Começamos em 2003 e editamos, no ano 2009, dez temas gravados, com o título “Ataca Contrataca, o Monstro Acordou!”. Somos uma banda que ensaia nos momentos pós-laboral.
E regressa aos Peste & Sida também em 2003 mantendo as duas bandas em paralelo....
Em 2003 estava já com os Punk Sinatra e nesse mesmo ano entrei para os Peste como convidado. Dois anos depois já estava efectivamente na banda a compor e a escrever.
Actualmente, para além de ser a voz dos Peste & Sida trabalha em audiovisuais há cinco anos.
Sim, trabalho.
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E o que faz?
Sou assistente de câmara. Estou num meio de que eu gosto muito, que é o meio da televisão. Foi um nicho que eu encontrei para estar a trabalhar e poder encontrar outro universo que não só o do rock e da estrada. Também é uma fonte de inspiração, mas também uma fonte de finanças, não é? Tento não assentar a minha vida só no mundo da música, no caso de as coisas não se resolverem.
Mas pensa que os Peste & Sida não vão conseguir viver só da música?
A banda consegue viver só da música. Aliás, os próprios elementos dos Peste & Sida vivem da banda. Mas, nós todos temos actividades paralelas, porque acreditamos que ter universos diferentes ajuda-nos a formar enquanto músicos. Liga-nos a determinadas realidades e, assim, conseguimos estar mais atentos à sociedade que nos rodeia, às pessoas e aos problemas.
E consegue transportar essa experiência para a música?
Nem sempre. Há muita coisa que é difícil. Só passar tudo para uma letra, às vezes é complicado. Consegue-se passar talvez um apontamento de algo. Nós também não gostamos de ser muito sérios. Muitas vezes brincamos com as coisas. Agora se isso é fácil passar para uma letra? Depende.
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Consegue conciliar bem o trabalho e a banda?
Consigo. Regulo isso com a minha entidade empregadora. Tenho o meu diálogo com eles e entendem perfeitamente. Eles sabem que eu tenho uma carreira paralela e desde que eu não prejudique o trabalho... Ando, muitas vezes, cansado e não tenho tempo para mim ou para outras coisas.
Mas não tem pena de não viver só da música?
Não, penso que não.
Há músicos que sentem isso...
Gostaria de viver mais para a música, isso sim. Provavelmente estaria mais virado para poder compor. Se calhar há vinte anos atrás pensaria que viveria só para a música. Hoje em dia vejo a vida de forma completamente diferente.
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O punk é muitas vezes visto como uma forma de ir contra a sociedade. Tem essa ideia ou vê o punk como outro estilo de música qualquer?
É pena que as pessoas vejam o movimento punk de uma forma egoísta, sensacionalista e como uma maneira de chamar à atenção. Acho que a irreverência e a atitude fazem parte do punk e da vida. Agora ser violento por etiqueta ou só porque uma certa revista diz faz com que se caia no erro de ter atitudes exageradas ou extremas.
Então o que é para si o punk?
O punk é levantar a voz (levanta a voz). Às vezes passa pela ruptura com determinados conceitos da sociedade, que nos irritam, porque nós queremos o melhor e não o pior. Há uma certa ironia no punk que nunca foi descoberta. Muitas vezes há muita raiva fruto dos tempos que nós vivemos. E depois essa raiva é passada para a música. Mas a música serve precisamente para deixar aí essa raiva.
Como é que vê a moda do punk? Acha que acabou por se perder essa cultura?
São gerações, momentos e décadas diferentes. A música acaba por ser fruto das novas tendências. Acho que se perdeu de alguma maneira aquele fio condutor, mas penso que a semente do punk está cá. O punk hoje em dia se calhar não existe quanto à estética, das pessoas andarem na rua com os cabelos todos no ar, mas existe impregnado já nas bases.
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Para além do seu trabalho e dos Peste também participou, até há pouco tempo, na Fanzine Outsider. Em que se baseava essa colaboração?
Fazia um artigo por mês. Tinha de fazer entrevistas a bandas ou às vezes ir a concertos e fazer uma pequena crítica. Mas tive que interromper porque não consigo. Tenho o tempo muito contabilizado. Este ano o trabalho com os Peste & Sida também foi muito grande, temos cada vez mais concertos... E eu também tenho de ter a minha vida social, tenho de ter um espaço para mim, coisa que não tenho contemplado muito.
Você é um homem que está sempre activo, com três, quatro projectos. O seu lema é nunca parar...
É bom é não parar, porque quando paramos é porque não temos projectos e não temos sonhos. É sempre importante, mesmo quando outros objectivos falham. São sempre tentativas e são sempre experiências para futuros vôos.
Março 2010
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(ainda inserido na reportagem)
O percurso de Almendra
1983 – Começa nos Ku de Judas
1985 – Participam no Rock Rendez Vous. O semanário Êxito faz reportagem sobre a
banda.
1986 – Sai dos Ku de Judas e ingressa nos Peste & Sida como vocalista, a convite de
João San Payo.
1987 – É lançado o primeiro LP dos Peste (Veneno), que conta com a sua participação.
1989 – É editado o segundo LP dos Peste & Sida e o último em que João Pedro participa
activamente.
1989 – Meses depois sai dos Peste & Sida e vai para Inglaterra trabalhar.
2000 – Já em Portugal participa em alguns concertos.
2003 – Funda os Punk Sinatra. Enquanto participa em alguns concertos dos Peste & Sida como convidado.
2005 – Reingressa definitivamente nos Peste & Sida e mantêm os Punk Sinatra.
2007 – Colabora na fanzine Outsider.
2009 – Os Punk Sinatra editam Ataca Contrataca, o Monstro Acordou!.
Actualmente continua como vocalista e também letrista dos Peste & Sida
"Há ainda, inevitavelmente, um certo medo em fazer música em português”
Portugal continua a ser um mercado difícil para o surgimento de novas bandas...
Portugal é um mercado pequeno. É preciso virarmo-nos para Espanha e contactarmos com o resto da Europa, senão vamos ter alguma dificuldade em firmar a nossa música. Mas penso que há ainda, inevitavelmente, um certo medo em fazer música em português. Há um non-sense em não se conseguir perceber como é que as pessoas se encaixam na sua própria cultura. Uma pessoa que seja coerente e consiga passar uma mensagem no seu próprio território é sempre respeitada pela sua música.
Os Peste & Sida acabam por ser isso. Quando fazem espectáculos fora a cantar em português...
É mais autêntico porque a mensagem passa muito mais rápido para o público e o público pode comunicar connosco muito mais facilmente. Nós, por exemplo, temos ido à Galiza e o facto de não tentarmos cantar em espanhol dá-nos muito mais personalidade.
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