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sábado, julho 08, 2017
Chapa Zero - "Fia-te Na Virgem E Não Corras" (review ao disco)
Já está disponível o segundo álbum dos lisboetas Chapa Zero.
Após o álbum homónimo (lançado em 2014, podem ver referência no Billy News, aqui), a banda sofreu algumas alterações nos elementos, mantendo-se Kaveirinha como único membro da formação inicial.
Este "Fia-te Na Virgem E Não Corras" traz exactamente isso, uma sonoridade algo diferente, mantendo o estilo e personalidade dos próprios Chapa Zero, mas com algumas novidades.
A começar logo pela voz, algo ´tratada` e cuidada na gravação, tal como a produção em si (guitarras e resto dos instrumentos, mérito com toda a certeza de Emanuel Ramalho, produtor ligado a várias bandas, entre as quais Peste & Sida, no primeiro e último álbum lançados).
"Zé Faísca" abre o álbum, tema simples, muito animado, corrido e com balanço.
Já conhecido nas actuações ao vivo é a faixa seguinte, "Chapa Gasta" é uma espécie de ´apelido` da banda, «chapa ganha, chapa gasta, andamos todos à rasca». Bom tema, sem dúvida.
"Tens A Mania" relembra-nos o excelente «Queres É Aparecer» (do primeiro disco), numa temática muito semelhante, com uma musicalidade simples que inclui solos despretensiosos.
Logo de seguida vem "NuKu Da Europa" (uma alegoria ao nosso país), numa toada simples, a fazer lembrar ritmos ska brincalhões, ouve-se «nos confins da Europa há um país dos pequeninos onde qualquer matreco é doutor ou engenheiro...»
Menos feliz é "Vão Trabalhar", a mensagem mordaz está lá, mas usa e abusa do refrão (musicalmente não é nada de especial, não é horrível mas não cativa).
Ideia feliz foi trazer um tema popular (ou tradicional, como queiram chamar) para um ritmo punk rock, "Zumba Na Caneca" (da Tonicha) é festivo, tem velocidade e anima qualquer festa. Gosto de pensar que este tipo de versões torna-se melhor ao vivo, com o calor das actuações, mas na verdade em algumas bandas tornou-se um tema clássico e imprescindível nos concertos (de recordar «A Minha Casinha...» dos Xutos, «Vamos Lá Saindo» dos Peste ou mesmo «Alecrim» dos Censurados).
Interessante é "Fim Da Noite", outra faixa que cativa facilmente.
"Deix´ós Falar" traz novo tema demasiado simplista (a começar pela letra), com o baixo a segurar o ritmo.
Perto do fim, surge o tema título, "Fia-te..." é em parte um devaneio sonoro, um tema diferente da toada Chapa Zero. Há coros, baixo e solos de guitarra com um feeling algo incomum (que poderia ter finalizado o álbum).
O tema final é "Bate-Chapa", uma faixa metal que agradará com certeza aos aficionados desta sonoridade. Há velocidade, há efeitos de som (em jeito de ´bater na chapa`), solos ´metalizados`, com certeza uma abordagem diferente, que a banda decidiu arriscar (faz bem pela diversidade, apesar de não ter especialmente apreciado).
No disco, Kaveirinha é acompanhado pelo bluesman Marco António (guitarra e coros), Nuno Amaro (bateria e coros) e ainda por Filipe Rodrigues (baixo e coros).
São cerca de 29 minutos divididos por dez temas, como referi com uma identidade algo renovada da banda de Lisboa.
Mas sempre sem comprometer a essência e espírito que sempre foi o ex-libris dos Chapa Zero, ou seja, a crítica social, uma agressão verbal a sectores da nossa sociedade, a simplicidade da música sempre directa e in your face, (afinal o apanágio da estética punk).
No álbum, a nível lírico sente-se algum abuso dos refrões, mas é obviamente uma opção.
Gostei do disco, creio que é fácil aos aficionados de punk rock apreciarem o álbum na primeira audição. Agora, já sabem... fia-te na virgem e não corras!
CD "A Moca Da Foca" (2017)
Podem obter mais informação sobre os Chapa Zero e mesmo acompanhar as actividades da banda, clicando aqui!
Podem também ouvir excertos dos temas deste trabalho acedendo aqui!
Já abaixo, podem ver vídeo de uma das faixas do disco...
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