Tara Perdida no Oeiras Punk Rock

No passado dia 12 de maio, os Tara Perdida actuaram na Fundição de Oeiras, numa prestação inserida no Oeiras Punk Rock...

Já sabia que a popularidade da banda era grande, mas meus amigos... pude constatar ‘in loco’ que não é 'apenas' grande... é ENORME!!!

Mais de 1500 pessoas aguardavam que os Tara subissem ao palco e quando se ouvem os primeiros acordes, houve um momento de verdadeira histeria... especialmente da parte do público mais novo.

Foi uma correria para as filas da frente e uma 'febre' tal que no primeiro tema já havia saltos, encontrões e empurrões com agitada movimentação...

Ribas bem pedia "tenham calma, pessoaaaaaaaaal..."

Provavelmente, era a ansiedade de um dos primeiros concertos ao vivo, para alguns...

Foi extraordinário ver trintões e quarentões, lado a lado com miúdos e miúdas de 12 e 15 anos, a curtirem a mesma música.

O som esse, era mauzinho, pois o Pavilhão da Refrige como mencionavam (o espaço do concerto) era nada mais, nada menos que um Entreposto gigante onde havia o carregamento de mercadorias em camiões e até onde lidavam com comboios da CP...

Ou seja, o som enrolado percorria o amplo espaço e não deixava perceber bem ritmos e letra...

Mas pouco depois me apercebi que o 'truque' era situarmo-nos mesmo em frente ao palco, pois bastava estar ligeiramente de lado para o som não ser bom (um PA mais forte não fazia mal a ninguém).

Os temas que iam desfilando, percorrendo a já longa carreira dos Tara Perdida cativavam, especialmente por interpretarem músicas em versão mais acelerada que registada em disco e o pessoal correspondia plenamente...

Muitos temas eram cantados/gritados na íntegra...

Por momentos, até cheguei a pensar que algum tema da banda entraria numa série de ficção televisiva, tal era a popularidade...

(isto sou eu a ser bera... eh eh eh)

A banda tem um excelente comportamento em palco, com uma presença firme e directa para o público, fruto concerteza dos muitos concertos dados e do natural entendimento entre os elementos...

Naturalmente, Ribas é o frontman e 'puxa' pelo pessoal em toda a actuação, agita os braços, salta de um lado para o outro, faz imensos gestos como se estivesse a contar uma história... a sua própria história...

Afinal é disso a que as letras dos TP se referem, a pensamentos pessoais, a atitudes do dia-a-dia, a momentos de reflexão...

Os temas apresentados saltitam de disco em disco...

"Realidade (não sou de ninguém)" é sem dúvida um grande tema, assim como "Quanto Mais Eu Grito” ou ainda "Jogar De Novo E Arriscar"...

Recorda-se "Zombies" com especial dedicatória a Serpa (autor da letra).

Aliás, o ex-baixista de Kú De Judas estava entusiasticamente presente...

Várias pessoas me diziam "gosto do som, mas prefiro os Tara ao vivo"...

Se bem que os últimos trabalhos "Lambe-botas" (de 2005) ou "É Assim..." (de 2002) têm mostrado um aprumado sentido de qualidade sonora com uma gravação a roçar o 'excelente', onde os instrumentos e voz são completamente perceptíveis, fico com uma sensação muito próxima dessa ideia...

Ouve-se a versão ultra-speedada e bem-disposta de “Batata Frita Pála Pála” e a agitação prolonga-se ainda mais...

Há momentos incríveis de movimentação entre o pessoal...

A meio da actuação, notava-se bem que as emoções estavam ‘ao rubro’...

A experiência do ‘mestre’ Ribas levou-o a pedir aos seguranças a remoção das grades à frente do palco, não fosse haver alguma desgraça...

Quem sabe, sabe...

Ao vivo os Tara Perdida dão um grande espectáculo, a energia da banda agarra qualquer um e o que poderia ser algo desagradável na 'comunhão 12-40 anos' transforma-se em puro divertimento e num momento de verdadeira acção própria de um concerto punk rock!

A comemoração dos 10 anos de existência da banda já lá vai e ainda mais longe está o primeiro concerto da banda, numa colectividade em Alvalade (que tive a felicidade de poder assistir, onde marcavam presença inúmeras caras conhecidas do rock nacional), em que a vontade era superior a tudo, com um som sujo (eu até gosto mais dele deste modo) mas pontuado por pormenores ainda próprios de um projecto em início de carreira...

Este é ‘o momento’ e Ribas com os seus Tara Perdida estão presentes para tocarem até mais não, para se divertirem o mais possível e para fazerem os outros curtir um bom momento...

A noite termina em pleno com o pessoal em delírio, muitos estavam bastante suados mas com um rasgado sorriso de orelha a orelha...

A banda agradece a todos os presentes pela excelente noite e o sentimento é recíproco...

Infelizmente para alguns, devido ao adiantar da hora, tiveram que regressar antes do final (Paulo, é pena Setúbal ainda ser afastado, pá...) mas o propósito tinha sido completamente atingido pela banda... o ‘V’ de vitória não podia ser mais claro, toda a gente se divertiu nesta noite.

Momentos mais tarde, pude observar a banda na sua merecida pausa, mas bem satisfeita com o momento vivido...

Ribas estava bem animado, junto aos comes-e-bebes...

Ruka, o guitarrista co-fundador da banda era o mais conversador...

No meio de muitas conversas e discussões sobre pormenores técnicos da noite (mencionavam também a actuação perante mais de 3000 pessoas, dias atrás no Algarve), «vislumbrei» a ’bandeira’ que o ex-vocalista de Censurados ainda ‘transportava’ consigo...

O ‘Porta-Estandarte’ do Movimento Punk em Portugal está bem vivo, com o habitual carisma que se lhe reconhece e cheio de pica para os próximos eventos que se aproximam, contava-me...

A banda é sem dúvida um conjunto de todos os elementos (Ribas–vocalista, Ruka–guitarrista, Ganso-guitarrista, Jimmix-baixista e Rodrigo-baterista) e se não há uma perfeita conexão entre eles, raramente ou mesmo nunca se atinge um ponto como os Tara Perdida já atingiram...

Uma cumplicidade musical e pessoal extremamente forte, coesa... e para durar!

Salutar foi ver Samuel Palitos (companheiro de Ribas nos Censurados) entre o staff dos TP...

Fica o sincero conselho, se puderem, não deixem de ver os Tara Perdida ao vivo actualmente.

Sabia que provavelmente iria gostar da actuação, mas nunca pensei que houvesse tanta energia envolvida, tanta acção...

Para já, estão marcados os seguintes concertos:

27 maio – Aljezur (com uma cover surpresa especialmente preparada pela banda)

3 junho – Lisboa (Festival Rock In Rio)

29 julho – Vila Nova de Foz Côa (Festival Metac)

31 julho – Lever

4 setembro – Pontével (Cartaxo)

Mas convém ir consultando os vários sites informativos existentes...

Site oficial:

http://www.taraperdida.com/index.htm

Página myspace:

http://www.myspace.com/taraperdida

Fórum Tara Perdida:

http://www.phpbbserver.com/tperdida/index.php?mforum=tperdida

Fotolog (fã da banda):

http://www.fotolog.net/taraperdida/

Falta referir ainda que a noite se iniciou com a actuação dos Vicious Five (que por acaso apanhei a meio) que com o seu rock saltitante, meio dançável (com uma vocalização a fazer lembrar-me uns P.I.L. ou algo do género) ia cativando a atenção dos presentes, sem deslumbrar (o som também não ajudou) mas com uma presença bem segura e participativa...

Falta muito para o Oeiras Punk Rock 2007???