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quinta-feira, junho 09, 2011

Marky Ramone´s Blitzkrieg em Lisboa - review da noite

E que grande noite foi esta, de celebração no Santiago Alquimista em Lisboa!

Marky Ramone é um ´senhor`, nunca houve dúvidas disso e a insistência em não deixar no esquecimento alguns dos grandes temas dos Ramones, leva-o a percorrer o mundo aos 54 anos e a presentear os fãs da mítica banda norte-americana com noites fantásticas.



E desengane-se quem esperava uma repetição do concerto realizado naquela mesma sala em 2007...

Desta vez, o projecto Marky Ramone´s Blitzkrieg ganha mais vida porque adiciona dois novos factores à habitual festa...

Participa Michale Graves (ex-vocalista de Misfits, que esteve nesta banda entre 1995 e 2001, lançando os álbuns «American Psycho» e «Famous Monsters») arrastando toda uma influência da sua antiga banda e também temas novos criados de raiz.

O evento arrancou à hora marcada (21h30), na primeira parte estiveram os Dept. começando com um som bem alto.

Pouca informação foi divulgada sobre esta banda latina que aqueceu os presentes com o seu pop/rock enérgico adornado com teclas e coros, que chegou mesmo a agitar os presentes na primeira fila do público.

De notar que a sala já estava bem cheia passados 15 minutos do início... a banda finalizou, com um gesto simpático, agradecendo aos presentes e a Marky a oportunidade de estarem ali presentes.

Não demorou muito para que a banda que todos esperavam estar presente em palco.



Num alinhamento de mais de trinta temas, causaram o caos e a confusão desde o primeiro ´acorde`, neste caso com o tema "Rockaway Beach".

Com um baixista e guitarrista muito competentes (destaque especial para a energia e postura do baixista) arrancaram com os grandes clássicos dos Ramones, dando o verdadeiro sentido à palavra festa.

Melhor ainda, com Graves a puxar pelos presentes, virando-se para os lados, para cima e para trás (com público na varanda nessa zona) e incentivando todos na sala a cantar.



O mais interessante é observar e ouvir este vocalista a interpretar temas como "Rock n Roll High School", "Pet Semetary" ou "53rd & 3rd" à sua maneira, ou seja, não imita sequer Joey Ramone.

As partes melódicas das vocalizações são arrastadas, tornando-se fácil a identificação com aquela fase dos Misfits.

"Sheena Is A Punk Rocker", "Havana Affair", "Commando" metem tudo e todos em delírio.



Notória é a alteração vocal em "Poison Heart", aí sim, a música fica mesmo alterada com sucessivos ´atrasos e adiantamentos` da interpretação das letras do tema. O mesmo se passa com "She´s The One".

Marky está lá atrás, seguríssimo... as habituais ´caretas` continuam embora discretas (quem não se lembra de certos vídeos ao vivo dos Ramones, com os ritmos a variarem, estampados na face do baterista).


A técnica deste músico é única e torna-se um verdadeiro espectáculo vê-lo a agitar todos os pratos da sua bateria.

O público vibra, salta e empurra... há cartazes com frases dedicadas aos músicos, as imensas t-shirts de Ramones e Misfits são visíveis por todo o lado.

"Judy Is A Punk", "The KKK Took My Baby Away", "Chinese Rocks" e "I Wanna Be Sedated" ajudam a complementar a simbiose entre público e banda (visivelmente contentes com a reacção dos portugueses).

Ouve-se ainda "R.A.M.O.N.E.S." (celebrizado pelos Motörhead) com o refrão ´berrado`em uníssono.

O calor aperta, tudo grita em plenos pulmões as letras dos temas... e o frenesim não pára.

Até que cerca de vinte temas depois, parou mesmo... a banda abandona o palco com grande alarido dos presentes.

Dois minutos depois, regressa Michale Graves (de seu nome verdadeiro Michael Emanuel) apenas com uma guitarra, sentando-se num banco alto e deu início a uma interpretação a solo.



Para quem conhece melhor este músico, sabe que já editou dois álbuns em nome próprio e até um disco ao vivo ("Illusions") totalmente acústico e foi parte disso que interpretou ali naquele momento.

O público ficou dividido, os fãs de Ramones ficaram algo apáticos...

Os de Misfits adoraram, especialmente "Fiend Club" e outros (a interpretação de "Scream" foi arrepiante) mas a ´quebra` de ritmo do concerto foi notória e o excesso de temas motivou alguma apatia e movimento para o bar.

A divisão não foi assim tão óbvia, logicamente haviam muitos fãs de ambas as bandas.

Mas uma coisa é certa, provou-se ali porque a revista japonesa Burrn Magazine atribuiu o título de ´melhor vocalista do ano` a Graves, em 1999.

Logo depois, abandona o palco e regressa com todos os elementos, para (aí sim) interpretar "Dig Up Her Bones" (tema de Misfits) com imensa energia, com músicos e vocalista aos saltos, levando tudo ao rubro!




De seguida, outro momento especial... o novo tema "When We Were Angels" que foi composto por Graves e especialmente adaptado para a banda de Marky.

Tudo termina em festa, para o final ficou "Have You Ever Seen the Rain?" (clássico dos Creedence Clearwater Revival), "What A Wonderful World" (de Louis Armstrong, que Joey Ramone incluiu no seu disco póstumo) e o poderoso hino "Blitzkrieg Bop" que é um verdadeiro ex-líbris dos Ramones.

A banda abandona o palco cerca de uma hora e meia depois, para não mais voltar... ainda há tempo para Marky Ramone agradecer, visivelmente feliz.

O público ainda chama por eles, mas as luzes acesas ao ritmo de "My Way" de Frank Sinatra colocam lentamente todos fora da sala, incompreensivelmente pela hora (pouco depois da meia-noite) e pela aparente boa-disposição de todos, a confraternizar mas sendo convidados a sair pelos seguranças do evento.

A noite foi excelente, irrepreensível para muitos, com alguns momentos ´mornos` para outros, mas com a ideia geral que Marky Ramone é sempre bem vindo ao nosso país!

Para quem ainda não ouviu, já abaixo está o novo tema deste projecto para audição...


(fotos por Johnny Punk)





6 comentários:

Sheena disse...

Mais uma review de alto nível, como é habitual no Billy-News, afectiva mas simultaneamente equilibrada e objectiva,a dar a todos os que não puderam estar presentes uma imagem bem vívida do concerto e do ambiente,com um texto bastante rico e detalhado, repleto de informação e pormenores que contextualizam muito bem a performance, a postura, e em termos genéricos a identidade da banda/do projecto. Parabéns e um big thanks ao Billy!!!

Rute disse...

Review brutal!!!!!!

Zorb disse...

Muito bom, Billy! Excelente mesmo!!!
um agrafo.

Anónimo disse...

Muito boa a review, estive lá e posso dizer que está muito fiel e bastante pormenorizada. Parabens.

ass: rider

Anónimo disse...

esta review da-me raiva... por nao ter ido.

Billy disse...

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Obrigado a todos pelas palavras...

Aqui fica o link para a página da banda de abertura, os Dept...

http://www.facebook.com/DeptOficial


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