domingo, novembro 04, 2012

Porta Voz, Asfixia, Chapa Zero e DJ Billy em Lisboa - review


Depois de adiado o evento inicialmente marcado para 9 de Junho (devido à visita do Presidente Cavaco Silva às instalações do CDS-PP em frente à Casa de Lafões e um pedido de adiamento por parte da Polícia e Segurança deste senhor), realizou-se no passado dia 3 de Novembro a nova data que juntava em palco Porta Voz, Asfixia e Chapa Zero.



Ao balanço de uma ´Billy session`, as portas abriram à hora marcada (16h30), as quase 100 pessoas que passaram pela sala lisboeta (ao longo do todo o evento) iam entrando lentamente.

Passavam 3 minutos das 17 horas (estava indicado no cartaz  como 17 horas pontuais) arrancam os Chapa Zero com grande energia e velocidade, no formato de trio com o guitarrista Hélder a assumir as vozes principais, pois o vocalista da banda teve recentemente um problema de saúde e não pôde estar presente.

 (foto por João Moura)


A garra da banda é notória, a sonoridade cativa facilmente e as letras apelam a cantar os refrões. "Queres É Aparecer" fica sem dúvida no ouvido, mas há outros temas bastante interessantes. "Dizem Por Aí" é outro, com grande balanço.

Por vezes deu a sensação de que ´carregaram no acelerador` em demasia, o que tornou o som por vezes denso.

 (foto por Fernanda Antim)


Ao anunciarem uma versão de "F.M.I." (um original dos Ratos De Porão) chegou-se a pensar em ´censura no ar` pois a energia foi completamente abaixo e ficou tudo escuro... mas não, a electricidade voltou passados uns 30 segundos e recomeçou o concerto.

Após 40 minutos de prestação, a banda abandona o palco, perante sonoras palmas, já com o ambiente bem composto.

Mais uma série de temas debitados pelas colunas da sala, entre a mudança de material em palco e cerca de quinze minutos depois, recomeçam os Asfixia.


  (foto por João Moura)


E em grande diga-se. A banda está cada vez melhor, com a ´máquina`bem oleada, arrancaram com uma prestação que seria mesmo a melhor da tarde/noite, com muita energia e grandes guitarradas oferecidas pelo mestre Rui Rocker, com uma secção rítmica (baixo e bateria) bastante seguros.

A vocalista Inês tem uma voz bastante versátil e uma excelente presença em palco, percorrendo os vários lados do público, passando o microfone para se cantar os refrões ou mesmo saltando para o meio da multidão.

  (foto por João Moura)


As faixas do recente disco "Basta" desfilam com grande naturalidade, mas há já temas novos para ouvir com um público bastante atento.

 (foto por João Moura)


No final, após 45 minutos e perante os membros bastante suados (e desgastados), a banda despede-se com o público bastante ruidoso e a pedir por mais, pedido que é atendido, com uma versão de Bad Brains onde a vocalista (de improviso), pediu a ´ajuda` de Zorb (vocalista de Dalai Lume) que estava ali presente, para fazer também cantar com ela. Excelente final.


 (foto por Alexandre Guerra)



Surge novo momento de DJing, com a sala já perfeitamente cheia.

Mas isto num momento em que se aguarda a banda final (Porta Voz), um sentimento que estava em crescendo há algum tempo, foi se apoderando dos músicos da banda e também dos elementos da organização (ao longo do final de tarde, já noite, por volta das 19 horas).

 (foto por Alexandre Guerra)



O baterista Anselmo sentiu-se indisposto, abandonou a sala e sem dar qualquer resposta, nunca mais lá voltou. Ou seja, com a perspectiva da actuação poder ser cancelada, o nervosismo instalou-se.

Mas o ´punk`tem destas coisas e eis que da ´não-alternativa`, surge Orégos (o baterista dos Dalai Lume e também dos Re-Censurados), acabado de chegar dum evento no dia anterior na zona de Beja, não rejeita o convite lançado pelos Porta Voz de subir ao palco e sem qualquer ensaio, interpretar alguns temas da banda.

Com grande responsabilidade e atenção, Orégos segue a meia-dúzia de indicações de Orlando, Bruno e Contacto, que poucos minutos depois iniciam aquele que foi o concerto com mais adrenalina (pelos motivos óbvios) naquele evento.
 

  (foto por Alexandre Guerra)


Os Porta Voz iniciam o concerto e a banda interpreta cerca de 6 temas com um ritmo do baterista que não se escusou em ´agarrar o ritmo`dos seus ´novos`parceiros e mesmo acelerar as faixas dos Porta Voz, numa marcação sem descanso nem paragens!

"Não Vou Ser Assim" e "I.R.S." soaram excelentemente, "Sémen" (dos Xutos) com grandes ´marteladas` seguiu o balanço ritmado que se lhe conhece e ouviu-se ainda "Angústia" (dos Censurados) com Orlando Cohen plenamente satisfeito perante as muitas vozes que se ouviam a prolongar o refrão deste verdadeiro hino e os braços no ar, num ambiente completamente festivo. E João Ribas também estava lá presente.


  (foto por Alexandre Guerra)



Houve ainda tempo de apresentar um novo tema "Catatuas" sem a companhia da bateria (em jeito meio acústico), mas tudo terminou muito bem, com bastantes palmas. Apesar de curta, a prestação foi muito sentida, com os nervos à flor da pele, mas na verdade o baterista ´emprestado` naquele momento, cumpriu a sua função com um desempenho bem acima da média, tornando-se o verdadeiro herói da noite!


(foto por Raquel Alves)


No final,  o clima era de festa, com imenso calor que se fazia sentir e ainda com oportunidade de ouvir uns clássicos do punk e cumprimentar todos os músicos presentes, trocar algumas palavras e beber um copo.

E foi assim que decorreu mais uma ´Billy News Production` que com algumas ´ameaças no ar` desde o seu início, mostrou que é possível fazer eventos com um grande espírito punk e (felizmente) com muita entreajuda.

Tive a sorte de estar rodeado de muitos amigos e mesmo com momentos de improviso e situações novas, creio que conseguimos oferecer muitos momentos de distracção, mas sempre com grande ´onda`, desde o público presente até ao pessoal de apoio, técnicos, responsáveis da sala e pessoal das bancas.

Tomara que houvessem muitos mais eventos assim...! Obrigado a todos!