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quarta-feira, março 23, 2005

Gazua no Seixal - o concerto

Uma ida a um concerto dos Gazua é o mesmo que levar uma rajada vento na tromba, que nos “acorda” de repente!

É o mesmo que saborear um "velho gosto" que se reconhece bem, mas como se fosse pela primeira vez…

Foi o que sucedeu no passado dia 17 de março.



O local do concerto dos Gazua no Seixal, trazia alguma nostalgia… mas por outras razões…

Há uns bons 10 ou 11 anos, os Braindead deram um excelente concerto na mesma zona, belíssima sem dúvida, junto ao rio, que por acaso foi um dos concertos míticos da banda de Nobre (aliás, Jay Jay Neige dos DaWeasel) e de Vasco Vaz (actual Mão Morta).

Foi o princípio do fim, da banda…

Ironia do destino, o concerto foi fabuloso. Mas isso é outra história.



Os Gazua tinham a intenção de proporcionar uma grande noite ao pessoal que vinha de longe (e também ao pessoal que vinha de perto, do Seixal, que lá se encontrava).

Meus amigos, só vos digo, o objectivo foi largamente cumprido.

Em três palavras, "in-crí-vel"!

O espaço cultural da antiga fábrica Mundet (pelos vistos, lê-se “mun-de-te”, pois houve pessoal que respondeu à minha pergunta da localização, “ mundê? Nunca ouvi falar…”), era excelente.

Como sempre, o amigo Little John (João, o mentor do projecto), fez as cerimónias da casa, iniciando as hostilidades numa roulotte gigante (e quando eu digo gigante, falo em enorme, mesmo) exactamente em frente do espaço onde iria decorrer o concerto.

“É mesmo aqui em frente” dizia ele. E era mesmo.

O homem nunca mente (aliás, nunca o vi mentir, é impressionante).

Depois, passámos para o local, propriamente dito.


Exposições várias, trabalhos multi-média, pinturas, artes plásticas, de tudo um pouco havia neste local à beira-mar plantado (onde é que já ouvi isto????).

O ambiente aquecia ao som do “Portem-se bem” (leia-se, o álbum todo) dos Peste & Sida, o que enriqueceu a espera (e muito, para os presentes e para mim).

Descobri que o Seixal tem uma diferença horária de uma hora em relação a Lisboa, pois o concerto estava marcado para as 22 horas, mas num placard podia-se ler “Gazua – 23 horas – entrada livre”.

Está visto!

Depois de passar alguns minutos a entoar entre-dentes vários temas dos Peste, lá começou a actuação dos Gazua, pelas 23 horas e 15 minutos (menos mal, só 15 minutos depois).

Começam a atacar com temas novos, bem fortes, num mescla de rock musculado, com punk-rock contestatário, demonstrando uma coesão rara em bandas portuguesas, actualmente.

Sabendo eu, que o Little John não faria por menos, a banda esperou pelo momento exacto para voltar (e em força).


Os temas foram desfilando, com uma certeza inequívoca de quem sabe o que faz (a exactidão proporcionada pelos ensaios era notória).

O público ia vibrando com as guitarradas e o ritmo viciante dos temas da banda.

Um dos momentos altos da actuação, foi o “break” que aplicaram num tema novo, em que a assistência vibrava a aplaudir vigorosamente, quando, após 10 estáticos segundos de paragem, Little John grita “quando tudo é revolta!!!” e voltam os acordes do tema, que aparentemente tinha terminado.

Truque já sobejamente utilizado, mas que resulta sempre bem.

Outro dos momentos altos (já sabias que não podia falhar, Little John...) foi o único tema antigo interpretado pela banda, dos primórdios da história dos Gazua.

Foda-se, quem nunca ouviu o tema “Lugar Incerto” não sabe o que perde!!!

Aquilo entra no ouvido e depois é um problema para sair…

E atenção, que foi exaustivamente testado, por imensa gente, de gostos musicais, idades e estilos bem variados.


É um daqueles temas que nos dá vontade de gritar em voz alta, acompanhar o refrão e pensar novamente porque é que as rádios nacionais não apoiam bandas como os Gazua, que practicam um rock directo, forte e envolvente, sem grandes “circos” nem "la-la-lás" melosos e com cheiro a mofo, como assistimos actualmente, após, sei lá, imensos anos de estagnação, a nível de rock nacional.

O espectáculo durou cerca de uma hora, o bastante para provar a quem não os conhecia, que estão cá para "dar cartas" e tocam pelo simples prazer de banhar-nos com rock sério, duro e sêco, mas 100% puro (para gáudio dos presentes).

Ainda tentei brindar o Little John com um copo de cerveja, mas quando o arremassei, foi parar em cima da cabeça do baixista, ao que ele se dirigiu ao microfone com um desalentado "obrigado"...

Paciência... é a vida...

Eu encontrei uma boa classificação para o som dos Gazua, na sua mescla de punk-rock musculado, cheio de dureza, riffs fortes, solos bem elaborados e verdades indesmentíveis...

Rock-fodido!!!

Acredita quem quiser...

É o novo estilo de rock portuga...

No final, ainda houve palmas e gritos para o encore, que se concretizou em mais alguns temas, que bastante alegria causaram nos músicos, pelo sorriso demonstrado em palco.



A noite não acabou ali, o bar do local proporcionou uns breves momentos de conversa, após o final, mas a “sede" era muita e a cerveja acabava...

"Peço muita desculpa, mas infelizmente a cerveja acabou"...

"Mas este pessoal é maluco ou quê?!", ouviu-se na sala (era eu...)

A multidão dirigiu-se para a tal roulotte gigante e a noite ainda durou…

Pessoal que já não se via há algum tempo, há bastante, enfim, tudo foi motivo para uma alegria fora de vulgar (até houve umas cervejas oferecidas “em massa” para o pessoal).

Até valeu pão com chouriço acabado de fazer (não foi Teresa?).

Todos tinham uma certeza, valeu a pena ter ido de Lisboa ao Seixal para um concerto destes.

Mesmo a uma quinta-feira!

O Little John segredava-me entre várias cervejas, que os próximos temas da banda seriam "um pouco mais positivos", para não desmotivar o pessoal...



Institivamente, olhei para o relógio e vi que eram duas horas da manhã…

Pensei “amanhã pelas sete, estou a marchar para o trabalho”.

Mas como o tio Adolfo (Luxúria Canibal) diz, “ o que é que isso interessa? Nada…”

4 comentários:

Billy disse...

Claro está, esta é a MINHA opinião do concerto...

Mas não está nada longe de quem asssistiu ao espectáculo.

Muita gente vibrou, mesmo sem conhecer a banda, que estava ali por acaso.

O algodão não engana...

E o Little John também não...

Billy disse...

Algum feedback do concerto de ontem, dia 22 de março, no antigo Álcool Puro????

Anónimo disse...

Ga quem?

Billy disse...

Gazua é uma banda de rock, puro e duro, com influências punk, que já existe há alguns anos.

Para pedirem informações sobre esta excelente banda, podem enviar um mail para gazuarock@hotmail.com

Merece a pena conhecer o som dos Gazua, acreditem!