Com início agendado para as 19 horas no espaço do Ginásio Alto Do Pina (perto da Alameda) e com um cartaz que contava com quatro bandas, era fácil adivinhar que podia haver algum atraso, em relação à hora final programada (22 horas, especialmente por ser num ´dia de semana`).
O atraso deu-se logo no início, a primeira banda, os Messfits iniciaram a sua prestação pelas 19h45. Serviu para aquecer o ambiente com as suas versões dos míticos Misfits, o público ainda muito ´preso` ia entrando na sala discretamente. Optou-se pela disposição das bandas no chão em vez do palco daquela sala, o que não beneficiou muito. Uma prestação que satisfez minimamente, sem impressionar.
Logo depois, foi a vez dos Desobediência Geral. Com alguns temas já conhecidos da maior parte dos presentes, a sonoridade punk recheada de mensagem agradou e deu o mote para se sentir mais calor (a todos os níveis). Pena o pormenor da voz mal se ouvir. O público entrava e saía num frenesim constante.
Mais tarde, actuaram os Ali Agca. A banda pratica uma mescla de punk/hardcore/grind/crust que resulta numa sonoridade bastante densa (e na minha opinião, algo saturante). Mas conquistou bastantes adeptos, que já compunham a sala e no final da prestação, recebeu muitos aplausos.
Para o final, ficou a banda que todos esperavam. Apesar de fundada em Londres, é composta por Rosy (espanhola) nas vozes e no baixo, Jarek na guitarra e Frank na bateria.
Já passava largamente das 22 horas quando arrancam com um dos seus melhores temas, "A.A.C.A." (Anarchy And Chaos Association). Desde imediato, a sala já cheia começou em agitação.
Os berros de Rosy não deixam ninguém indiferente. Todos os membros desfilam os seus temas com muita garra e excelente postura para o público.
Destaque especial para o baterista, que apesar de duro e seco a tocar, manipulava o seu instrumento de uma forma segura, fazendo vibrar incansavelmente os imensos pratos disponíveis.
O guitarrista mais sóbrio, segurava a sonoridade dos temas com competência.
Rosy, muito simpática e comunicativa, perguntava como estava a soar tudo e se o pessoal estava a gostar do que ouvia.
A mensagem das letras dos temas reflectem bem a atitude desta banda, com uma activa personalidade, mas sem extremismos...
«Vivemos em Londres, mas não somos ingleses...
Fomos buscar as raízes anarco-punks, mas tentamos fazer algo de novo, algo fresco...
Criámos este nome por existir um activista alemão, Urlike Meinhof… mas não quer dizer que sejamos fãs dele e dos seus ideais... é apenas um nome...
Pensamos no punk como uma ameaça ao sistema... e por isso, somos leais ao punk... é o nosso ´escudo` contra este mundo cheio de mentiras, hipocrisia e falsos profetas...»
O concerto segue sem interrupções, com o imenso calor a fazer-se sentir.
"Have We Lost Everything" e "Ghetto Punk" são pontos altos, regista-se sonoramente e pelo agrado do público.
Ouvem mais temas, alguns novos e toda a gente parece envolvida, havendo movimentação considerável (o costume do ´empurrar-cair-levantar alguém do chão`).
No final, pelas 23h10 indicam que têm de terminar a actuação e resolvem tocar mais dois temas, repetindo o clássico "A.A.C.A.", terminando sob aplausos de todos os presentes.
Muita gente fez questão de ir cumprimentar os músicos e dar a sua opinião sobre o concerto, acção a que os Meinhof responderam simpaticamente.
Quem conhece minimamente esta banda, pode ter ficado algo decepcionado... mas não pela prestação da banda, que esteve imaculada.
A falta de um PA e de material decente para uma banda com este power, condicionou um pouco (não só os Meinhof, mas todas as bandas do evento).
O backline disponível não era fraco, mas as vozes foram castigadas quanto baste, quando o som se tornava mais denso e como referi, foi um aspecto negativo em todo o evento.
Mas não deixou de fazer toda a gente sair desta sala, visivelmente satisfeita. Valeu bem a pena.
É óptimo poder ver uma banda punk estrangeira com considerável feedback a estrear-se, o que sinceramente já não acontecia por cá há algum tempo.
Por isso, parabéns à organização por ter aceite este desafio ibérico que conta com cerca de 8 datas em Espanha.
(fotos retiradas do site oficial da banda)
3 comentários:
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Já passava largamente das 22 horas quando arrancam com um dos seus melhores temas, "A.A.C.A." (Anarchy And Chaos Association). Desde imediato, a sala já cheia começou em agitação...
Os berros de Rosy não deixam ninguém indiferente. Todos os membros desfilam os seus temas com muita garra e excelente postura para o público...
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Parabéns por mais uma excelente review, que regista a passagem desta banda por Portugal com um relato muito equilibrado e bastante visual,relevando os momentos altos/aspectos positivos da noite, não deixando contudo de referir aquele que é sem dúvida um problema recorrente nestes eventos 'low budget'/diy...
Concertos low budget! Podem crer, que nojo.. o diy é para posers, metam mas é bandas destas no musicbox a pagar 10€! isso sim é que é punk!
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