"Peste & Sida - Tributo" - review ao disco

Está disponível juntamente com o livro em jeito de biografia "Peste & Sida - 25 Anos De Veneno" um disco-tributo à banda, que junta 18 bandas a prestar homenagem a uma das melhores bandas portuguesas.

E o motivo e lançamento não podia ser em altura melhor, exactamente no momento da comemoração de duas décadas e meia do lançamento do álbum de estreia dos Peste.

Sem ser uma ´sopa` de sonoridades ou uma amálgama de músicas, este "Peste & Sida - Tributo" tem o tal ´fio condutor`que nos mete facilmente na sintonia das versões que cada banda assimilou ao escolher cada faixa. Há bandas que se aproximam do original outras nem por isso.

O disco começa muito bem com uma versão sóbria dos Xutos & Pontapés, escolheram o tema "Está Na Tua Mão" e interpretam com uma entoação por vezes diferente... no fundo, «à minha maneira», diria Tim.

Surpresa é a versão dos mirandeses Galandum Galundaina, com um "Bebe Vinho" muito engraçado, com uma sonoridade tradicional da região, onde não faltam gaitas de foles, flautas, violinos e até um abrir de garrafas.

Logo depois os Tara Perdida mostram que a cumplicidade ao vivo com San Payo no espectáculo realizado no TMN Ao Vivo (Lisboa) a 15 de Julho do ano passado, deu frutos. Guitarras rasgadas e aceleradas, ladeadas de um Ribas com um sentido melódico na voz, dá um toque especial, tornando a faixa bastante interessante.

Decreto 77 adaptou "A Caixa Colorida" ao seu estilo e velocidade, mantendo a melodia no ponto certo.

Os Barafunda Total são como o ´algodão`, ao ouvirem-se ´não engana`, a voz e as guitarras são inconfundíveis e o estilo punk/hardcore furioso alterou substancialmente "Felizes Os Dois", mantendo o interesse de início ao fim.

Outra surpresa no disco, os Rat Swinger (projecto que San Payo faz parte) convidaram Manuel João Vieira (Ena Pá 2000, Irmãos Catita, Corações De Atum) especialmente para este tema e resultou muito bem! O tema escolhido não podia ser melhor, "Carraspana" e a sonoridade jazz/manouche domina com um balanço ´swingante` e muito cativante. Está muito engraçada esta versão.

Primata Robot cumprem perfeitamente com "Furo Na Cabeça" com ritmo acelerado.

"Família Em Stress" foi o tema escolhido pelos Boca Doce (banda da qual Ricardo Barriga, que participa com os Peste ao vivo, faz parte), a versão está muito ao jeito do projecto que brinca com temas antigos de música popular portuguesa... talvez pudesse ser mais ambiciosa com uns solos à Toy Dolls... digo eu.

Defying Control fizeram uma excelente versão de "Dever Cívico", tema algo esquecido já algum tema pelos Peste nos concertos ao vivo.

Inconfundível é também a versão de "Alerta Geral" dos Simbiose, velocidade, guitarras ´speedadas` e vozes gritadas fazem deste tema um momento especial no disco.

Winterspring adaptaram para uma sonoridade electrónica o tema "Paranóia", a fazer lembrar projectos de Armando Teixeira (Balla, etc.)

Zero À Esquerda fizeram uma interessante versão de "Acordas P´la Manhã", sem fugir muito ao original.

Vira Lata imprimem o seu cunho pessoal, recheado de ritmo e melodia em "Portem-se Bem" com a voz de Ulisses (K2O3) a narrar a letra do tema.

Nova surpresa, ouvir "Alcides Pinto" pela voz feminina de Inês, vocalista de Asfixia. Num ritmo acelerado e mesmo desenfreado, com as guitarras e bateria a não dar descanso à voz, são autores de outro excelente momento neste disco.

Gilbert´s Feed trazem a sua mescla de sons que tanto os caracteriza, a antiga banda de skate-core assimilou perfeitamente para o seu estilo o tema. Trompetes, tambores e ambiente de festa são os protagonistas desta versão de "Gingão", até com um final circense.

Grog carregam no ´peso` com "Morte Aos Xibos" com o seu grind-core potente e voz grotesca.

Albert Fish  fizeram uma boa versão e bastante actualizada de "Veneno", com o sing-a-long habitual da banda nos coros, uma sonoridade bastante segura, embora sem desviar muito do original.

O disco termina com os Resposta Simples a interpretarem "Sol Da Caparica" ao seu estilo, com ritmo acelerado, voz esganiçada e momentos a fazer lembrar os Beastie Boys de «We Got To Fight For Your Right To Party». Há ainda sonoridades ska a adornar a versão.

Para concluir, trata-se de um bom disco que todos devem ouvir, nem que seja para emitir a sua opinião sobre o tributo ( e respeito destas 18 bandas) a uma das bandas mais importantes do panorama musical nacional.

«Desde pequeno são me dão...»


Já abaixo podem ouvir este disco...