Asfixia - review do álbum "Basta"

Já tardava este ´primeiro` trabalho dos Asfixia, depois de uma ´demo` inicial de apresentação ao público.

«Basta» é o novo álbum da banda residente algures entre Lisboa e Sintra.

E é com o tema-título que o disco começa, grande balanço, voz e instrumentos bem definidos, servem perfeitamente de ´cartão de apresentação`para quem não conhece bem os Asfixia.

"Sistema" é a segunda faixa, a bateria forte inicia o que vem a seguir. Velocidade estonteante, linhas de baixo bem fortes, mudanças de ritmo e breaks são uma constante, com letra a preceito («Agora sei que posso fazer revolução, políticas de merda, não tem solução»).

Logo depois, há uma faixa um pouco diferente, intitulada "Medos", num ritmo mais melódico e colocação de voz adequada à música, traz-nos um balanço mais calmo e equilibrado (mas atenção, não confundir com ´baladas`, não há nada disso neste disco).

O quarto tema é já um verdadeiro clássico, para quem já viu a banda ao vivo, "Hipocrisia" mete tudo a mexer. «Os cães ladram e a caravana passa» é uma frase tornada num verdadeiro hino que já foi cantada em plenos pulmões nos concertos. Uma das melhores faixas deste disco, sem dúvida.

Segue-se "Ódio", com uma raiva gritada pela vocalista logo nos primeiros segundos, «escrevo o ódio que está dentro de mim... és aquilo que me fode...». Tudo resulta numa temática fortíssima e com grande ritmo.

"Cobardes" trata-se de um apelo para um ´acordar` no dia-a-dia, um despertar à consciência neste quotidiano monótono e apático, que se observa actualmente...

De seguida há "Geração À Rasca", mais um tema actual e tão vulgarizado nos últimos tempos. A bateria ´pisa no acelerador` e arrasta todos os instrumentos e voz atrás. Excelente a frase gritada pela vocalista «já que nos comeram a carne, agora que nos roam os ossos».

Depois vem a faixa mais catchy de todas, a que mais facilmente cativa qualquer pessoa. "Asfixia" mistura ritmo e melodia de uma forma brilhante, a voz de Inês soa mais ´doce` (digamos, menos agressiva) e a guitarra é mais compassada. Por vezes até se sente um rasgo ska (sem ser demasiado explicito). «Asfixia do dia a dia... não me deixa viver...não respiras».

"Força E Luta" tem uma introdução revolucionária, a fazer lembrar «Guerra Colonial» dos saudosos Censurados. Novamente, trata-se de um apelo ao sentimento oposto ao comodismo. Há variação de velocidade, guitarradas e bateria bem ´martelada`.

Quase no fim, "Prisioneiro De Ti Próprio" seduz facilmente, traz-nos um balanço e ritmo que agrada.

O último tema "F.M.I. (Finalmente Mais Impostos)" acaba o disco em beleza, velocidade q.b. que faz todos os músicos ´suarem` do primeiro ao último minuto. «Abram alas ao FMI... finalmente mais impostos, era o que faltava para o barco afundar» diz tudo. Sentimentos de revolta e contestação em doses maciças com ritmo frenético, atribuem sem dúvida nenhuma o carácter de ´uma das melhores` a esta faixa, que como referi termina o álbum duma forma excelente (e a pedir por mais).

Faltou apenas «A Verdadeira História De Alcides Pinto» (a versão que os Asfixia fizeram recentemente do clássico dos Peste & Sida) para este disco valer o seu ´peso em ouro`.

A produção está bastante equilibrada (gravado e misturado por Paulo Vieira nos estúdios Toca Do Raposo, em Janeiro), com instrumentos e voz bem definidos, o que ajuda sempre numa produção própria.

Faz com que qualquer fã de punk ou mesmo de rock em geral escute com atenção as onze faixas do disco (com cerca de 30 minutos) de início ao fim.

Bastante recomendável, este álbum faz com que fiquemos com a (falsa) ideia que a música portuguesa está óptima e numa situação extremamente positiva para os seus músicos.

                                                                     CD 2012 (Raging Planet)





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