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quarta-feira, outubro 01, 2008

Hangar 110 comemora dez anos


Foi em Outubro de 1998 que o espaço na Rua Rudolfo Miranda, nº 110 em S.Paulo (Brasil) foi inaugurado.
Com o passar dos anos, o Hangar 110 tornou-se na melhor sala underground do país.
Actuaram por lá bandas como The Exploited, Ramones, UK Subs, The Lurkers, The Vibrators, CJ Ramone, Marky Ramone, New York Dolls, The Rezillos, Agnostic Front, Sick Of It All, Lagwagon, Madball, Down By Law, Ignite, Shelter, Backyard Babies, H2O, Satanic Surfers, No Fun At All, Vivisick, Força Macabra, Fun People e Attaque 77.
Foi passagem obrigatória para bandas brasileiras como Ratos De Porão, Mukeka di Rato, Inocentes, Cólera, Claustrofobia, Invasores de Cérebros, Torture Squad, Dance Of Days, Raimundos ou Pavilhão 9.
Podem ler um texto sobre esta (já mítica) sala, clicando em "Comments" já abaixo...


1 comentário:

Billy disse...

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Publicado na Zona Punk Brasil




Este mês é o aniversário do Hangar110, e nosso amigo e jornalista Tibiu escreveu um texto muito bacana sobre a casa, esta que é uma grande parceria do ZonaPunk e sem dúvida, nossa segunda casa em SP. Parabéns Hangar!

Hangar 110: Um desembarque ao underground!

Em meados dos anos 90, o cenário independente nacional se mantinha através de muita força de vontade e batalha por parte dos envolvidos. Bandas, público, fanzines e selos se desdobravam para conseguir espaço e assim haver a interação e a troca de interesses/informações. As coisas aconteciam, claro, mas as perspectivas não eram muito otimistas: apresentações escassas, destrato por parte dos donos das casas de shows que objetivavam apenas o lucro e ofereciam condições precárias a quem deviam valorizar.

Em outubro de 1998, um galpão localizado no número 110 da Rua Rodolfo Miranda – no bairro do Bom Retiro, em São Paulo (SP), a 100 metros da Estação Armênia do metrô – ajudaria a reverter essa situação. Ao abrir as portas do Hangar 110, seu proprietário Marco Badin, jamais imaginaria que sua casa viraria um ponto de ebulição para o cenário punk rock/hardcore do país.
Diferente de empresários que visando somente cifras pegam carona em modismos passageiros, o idealizador do Hangar 110 (popularmente chamado de Alemão ou Marcão), fez o caminho inverso: pegou sua experiência nos anos 80 como membro da banda Anarkólatras (um dos nomes do primeiro levante punk brasileiro) e conhecimento de causa (noção das dificuldades encontradas) e, sem deixar de prestigiar os veteranos, apostou no potencial de algumas bandas novas que havia notado.
Curiosamente quem estreou, literalmente, o palco – a primeira apresentação da história da casa – foi o CPM22, que anos depois estouraria nas rádios do Brasil e se tornaria um dos maiores e mais consolidados nomes do rock nacional recente.
Sinônimo de profissionalismo e respeito ao underground, o Hangar 110 logo começou a receber atrações internacionais, o que deu ainda mais respaldo e logo se tornou corriqueiro. Já desembarcaram por lá artistas das mais variadas partes do mundo, gerações e gêneros musicais. Precursores como New York Dolls (EUA) e The Rezillos (Escócia), os britânicos UK Subs, The Lurkers, The Vibrators e The Exploited, passaram por lá. Além de dois eternos Ramones, CJ e Marky, respectivamente ex-baixista e baterista do grupo seminal punk. Assim como, ícones do hardcore mundial: os norte-americanos Agnostic Front, Sick Of It All, Lagwagon, Madball, Down By Law, Ignite, Shelter, Samiam e H2O, os suecos Satanic Surfers e No Fun At All, os japoneses do Vivisick, os finlandeses do Força Macabra e os argentinos do Fun People e Attaque 77.
Sempre levando a sério, e na prática, o lema do “faça você mesmo”, não tardou para que adeptos de outros estilos, além do inicial punk/hardcore mas que se identificam com a máxima citada, passassem a freqüentar o Hangar, que acolheu (e ainda o faz sempre que possível) grupos contemporâneos e/ou consagrados de rockabilly, ska, heavy metal, rap – assim como as mais variadas vertentes destes. Entre eles, americanos (Deicide, Brujeria, Cannibal Corpse, Backyard Babies, The Black Dahlia Murder, Bleeding Through), britânicos (Napalm Death, Demented Are Go), e ainda The Monster Klub (França), Fast Food Orchestra (República Tcheca) e Palmeras Kanibales (Venezuela).
Do lado nacional é comum a presença de Ratos de Porão, Mukeka di Rato, Inocentes, Cólera, Claustrofobia, Invasores de Cérebros, Torture Squad, Dance Of Days e tantos outros guerreiros independentes, mas sem deixar de dar espaço a Cansei de Ser Sexy, Krisiun, Supla, Hurtmold, Paulo Miklos, Raimundos, Firebug, Pavilhão 9, Wander Wildner, Rodox, Sapo Banjo e Autoramas, que também tiveram a oportunidade de sentir o calor do público.
Depois do boom do CPM22, outras pratas da casa cruzaram a fronteira do underground, assinaram com grandes gravadoras e ganharam visibilidade na grande mídia, caso de Hateen, NX Zero, Fresno e, mais recentemente, o Glória. Todas elas sempre separam datas em suas agendas para voltar ao Hangar 110 como forma de retribuição e para firmar suas raízes. Não é raro que algumas, como CPM22, Dead Fish e Matanza, registrem em CD/DVD as apresentações energéticas.
Mas se engana quem acha que o Hangar só valorize suas “crias” famosas, a casa se orgulha de manter o Skema 110, onde os grupos iniciantes encaminham seus materiais e após uma seleção participam de shows, geralmente aos domingos, onde disputam eliminatórias. Os vencedores têm a oportunidade de fazer a abertura de nomes consolidados e/ou internacionais. Inclusive já foram lançados dois CDs duplos do projeto.
Certa vez passou pelo palco do Hangar uma banda baiana cuja vocalista logo chamou atenção dos que a viram em ação. A garota foi entrevistada e o bate-papo ficou por um bom tempo no antigo site (www.hangar110.com.br – aliás, onde, em Especiais e Cultura, há sempre resenhas, entrevistas, textos etc), seu nome era Pitty, na época à frente do Inkoma e hoje a maior voz feminina do rock nacional.
Vale dizer que num país como o Brasil atingir a marca de uma década de dedicação ao underground é para poucos, e que isso jamais seria possível sem total transparência e respeito (mútuo) conquistado. Quem se lembra daquele galpão “bruto” do final dos anos 90, com uma mini-ramp e um papelão gigante rabiscado no fundo do palco, demorar a crer quando hoje adentra e vê acesso (e banheiro) para deficientes, saída de emergência e demais medidas de segurança que alguns bares da moda não têm, além do som impecável que sai do palco quando as cortinas vermelhas se abrem.
Os anos se passaram, à mesma medida que foi evoluindo, o espírito alternativo se manteve. Vieram prêmios, reconhecimento, sementes que lá foram plantadas germinaram para o resto do país. Não são raros os casos de pessoas que saem de suas cidades/estados somente para ver sua banda predileta em ação em um lugar que respira (e transpira) independência. Por essas e outras que o Hangar 110 é, e sempre será, a maior e mais profissional casa underground do Brasil. É só desembarcar por lá e confirmar!

Ricardo Tibiu
Setembro/2008






Publicado em...

http://www.zonapunk.com.br/news.php?id=9371


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