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terça-feira, janeiro 26, 2010

The Casualties - review da noite


Aqui ficam trechos sobre a reportagem da excelente noite em que os americanos The Casualties nos visitaram pela terceira vez (23 Janeiro passado), desta vez no espaço Revolver em Cacilhas, onde ainda participaram Pussy Hole Treatment, Albert Fish e Simbiose, em que todas as bandas (sem excepção) tiveram com grandes momentos em palco, acompanhados por um espírito por parte do público raramente visto...


A vinda dos The Casualties a Portugal, no passado sábado, no âmbito da tournée de promoção do seu último trabalho, We Are All We Have, deu o mote para um concerto memorável que confirmou a pujança da cena punk nacional e internacional, alimentada sem dúvida pelo desencanto, descontentamento, revolta e impotência perante uma realidade social difícil, injusta, e sem perspectivas de mudança.


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os P.H.T. abriram as hostilidades com o seu som rápido e irreverente, e a sala, pouco espaçosa, rapidamente preencheu a sua capacidade...

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Seguiram-se-lhes os igualmente imparáveis e já veteranos Albert Fish, cujo último trabalho, News from the Front, fez abanar os corpos mas também as mentes...

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Os Simbiose deram seguimento ao espectáculo, com a sua sonoridade rápida, crua e brutal, que, como as suas letras directas, impiedosas e interpeladoras, não deixa ninguém indiferente...

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Finalmente, e depois desta maratona de punk nacional, foi a vez dos cabeças de cartaz subirem ao palco para uma verdadeira descarga de energia alucinante e de power punk que durante mais de uma hora não deu tréguas à assistência...



Podem ler a reportagem na íntegra da autoria de Sheena, clicando em "Comments" já abaixo...





7 comentários:

Billy disse...

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Punks United: Impressões de The Casualties etc.


O punk surgiu há 3 décadas, mas a sua actualidade inquestionável deve-se, em grande medida, à persistência ou mesmo agudização das condições sociais, económicas e políticas que lhe deram origem, e contra as quais se insurgiu (em particular no contexto britânico): políticas neoliberais orientadas para a maximização do lucro, “capitalismo casino” (Susan Strange), economia desregulada e globalizada, e as feridas abertas da desindustrialização e do desemprego massivo e estrutural.

A vinda dos The Casualties a Portugal, no passado sábado, no âmbito da tournée de promoção do seu último trabalho, We Are All We Have, deu o mote para um concerto memorável que confirmou a pujança da cena punk nacional e internacional, alimentada sem dúvida pelo desencanto, descontentamento, revolta e impotência perante uma realidade social difícil, injusta, e sem perspectivas de mudança.

O espectáculo realizou-se no Revolver Bar, localizado em Cacilhas, no antigo Cais do Ginjal. Outrora um ponto nevrálgico da economia local, o cais, e as carcaças dos armazéns e das fábricas que lhe deram vida e que sustentaram as vidas de muita gente, são hoje monumentos emblemáticos do estado decadente e sem rumo das sociedades industriais contemporâneas, e da destruição criativa do capitalismo. É um local triste e inquietante, cheio de fantasmas e de memórias de um passado diferente, e da angústia de um futuro sempre adiado, que nem a vista gloriosa de Lisboa numa rara tarde de sol de um Janeiro invernoso conseguiu afugentar.

Com o cair da noite, o cais começou a transformar-se, à medida que os restaurantes e os cafés circundantes se enchiam de gente que teima em celebrar o que a vida – e o fim-de-semana – têm de melhor neste cantinho à beira-mar. Aí o ambiente era de confraternização e de alegria e as T-Shirts de “Ramones”, “The Casualties”, “Peste & Sida”, “Tara Perdida”, etc. não enganavam: hoje havia festa no velho cais.




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Billy disse...

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Com algum atraso face ao previsto, os P.H.T. abriram as hostilidades com o seu som rápido e irreverente, e a sala, pouco espaçosa, rapidamente preencheu a sua capacidade. Desde logo se percebeu que o sucesso da noite estava garantido, com uma participação incondicional do público desde o primeiro minuto.

Seguiram-se-lhes os igualmente imparáveis e já veteranos Albert Fish, cujo último trabalho, News from the Front, fez abanar os corpos mas também as mentes, transportando-nos, mais uma vez, para a dura realidade social contemporânea, simbolizada pelo Cais do Ginjal (e os seus fantasmas): “The voices from the past shout questions that remain unanswered, Entertain the mind with thoughts of better days” (Albert Fish, “No Plan”).

O público demonstrou bem o seu apreço por esta banda lisboeta, correspondendo com entusiasmo e com as letras bem presentes. “We Stand Together”, hino poderoso da rebeldia e união punk, constituiu decerto um momento especial e teria sido mesmo o ponto alto da actuação desta banda, não fosse a totalmente inesperada interpretação do tema “Angústia”, dos míticos Censurados, com a participação do seu não menos mítico vocalista, João Ribas, vigorosamente intimado a subir ao palco.

“Estou perdido neste mundo/Estou perdido que é que eu faço aqui/Quero ir-me embora/Mas não sei para onde ir/Quero ter uma vida nova/Neste mundo quero existir/Angústia” (Censurados, “Angústia”)

Os Simbiose deram seguimento ao espectáculo, com a sua sonoridade rápida, crua e brutal, que, como as suas letras directas, impiedosas e interpeladoras, não deixa ninguém indiferente. “O país está em crise/E mal podemos comer./Pagas impostos para tudo, Mal conseguimos viver,/Saúde e educação,/Sem condições para trabalhar!/Nós temos de pagar/E eles querem encerrar” (Simbiose, “Sem Moral”). “Auto-estima” constituiu um dos momentos marcantes da performance da banda, com o público a gritar em uníssono “Deves falar/Dar a tua opinião/Não fiques calado/Segue a tua direcção”.


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Billy disse...

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Finalmente, e depois desta maratona de punk nacional, foi a vez dos cabeças de cartaz subirem ao palco para uma verdadeira descarga de energia alucinante e de power punk que durante mais de uma hora não deu tréguas à assistência que, imparável e delirante, esteve bem à altura do desafio, com constantes e inúmeras ‘pit manoeuvres’, com destaque para o stage dive, crowd surf e circle pit. Raros foram os momentos em que os The Casualties tiveram o palco só para si, e alturas houve mesmo em que era difícil distinguir os elementos da banda nova-iorquina de entre os muitos fãs que lá se encontravam…

De entre os muitos êxitos que se ouviram podemos destacar alguns temas fortes do último álbum, como “We Carry On The Flag”, “We Are All We Have”, “War Is Business”, “Unemployment – Depression Lines” ou “Stand Against Them All”; de Under Attack (2006): “Under Attack”, “System Failed Us…Again”, “Social Outcast”, “VIP” ou “No Solution…No Control”, e alguns clássicos incontornáveis, como “Riot”, “For The Punx”e o verdadeiro hino “Punx Unite”, sem esquecer o momento especial de tributo aos Ramones, com a cover de “Blitzkrieg Bop”.

As temáticas abordadas não poderiam ser mais actuais, e complementaram/repetiram a mensagem das bandas portuguesas que os antecederam. Através da sua música, os The Casualties manifestam um profundo desencanto, a impotência e a descrença no sistema vigente, insurgem-se contra o militarismo e imperialismo americanos, contra o desemprego pobreza, exclusão e injusta sociais, e apelam à união e à luta como necessárias à mudança.

Enfim, uma noite verdadeiramente memorável, a demonstrar a actualidade e a necessidade da música e do espírito punk originais, celebrados, continuados e actualizados com novo fôlego e da melhor maneira por todas as bandas participantes, e pelo público presente, que soube criar uma atmosfera e energia muito positivas, de alegria e coesão.

Impõe-se uma palavra final de apreço e de reconhecimento à Infected Records DYI, e a todos aqueles que contribuíram com o seu tempo e o seu trabalho para realização deste evento.

“No matter what's needed
Or how great the hurry
As long as there's rebels (…)”

(The Casualties, “Social Outcast”)




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Billy disse...

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Reportagem cedida gentilmente por Sheena, autora do blog "A Crack In The Cloud" e pode ser lida (para além de muitas outras reportagens) em...

http://crackinthecloud.blogspot.com/



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lp16 disse...

Bom artigo mesmo.
Elucidativo de como uma boa noite de punk-rock pode, e deve, ser.

Anónimo disse...

sem duvida, bom artigo. parabens.
alex

Anónimo disse...

que bela noite que foi....