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sexta-feira, março 30, 2012

João Gordo (R.D.P.) - entrevista


O site SexyClube entrevistou recentemente João Gordo, vocalista dos Ratos De Porão.

Os assuntos abordados são sobre a sua história pessoal e temas ligados à mítica banda brasileira.

Uma das novidades é que Gordo pensa editar um livro com todas as suas memórias.

As imensas perguntas colocadas podem ser lidas com as devidas respostas, clicando em "Comments" já abaixo...

10 comentários:

Billy disse...

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João Gordo

O vocalista do Ratos de Porão, que fala da mudança da MTV para a Record, onde participa do Legendários, do dia em que fechou um bar com Kurt Cobain em São Paulo e de como viu um centurião romano quando esteve em coma




Por_ Luiz Felipe Mazzoni e Lucas Baranyi



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Billy disse...

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O Ratos de Porão fez 30 anos de carreira. Qual a memória mais nítida que você tem desse período?

É meio esfumaçado. A minha memória da infância é boa, de desenho animado. Eu me lembro de tudo. Mas nessas horas fica tudo meio enevoado. O Guidable, que é o documentário final da banda, tem muita coisa, mas são 30 anos condensados em duas horas. Tem cada história retardada que eu pretendo colocar em um livro.



Onde você cresceu?

Na Zona Norte de São Paulo, na Vila Gustavo. Meu pai me levou pra Angatuba (no interior) porque queria me salvar.



Tinha um movimento lá?

Movimento de viola. De samba. O único punk da cidade era eu. Naquela época, era punk. Hoje não sou mais. Eu ficava escutando o som, dando uma de fodido, de folgado porque era de São Paulo. A primeira fase do movimento punk paulista eu perdi por estar no interior, mas já conhecia um povo. Em 82, voltei pra São Paulo, peguei uns festivais, mas só voltei porque meu pai me expulsou de casa e me mandou procurar emprego. Aqui, comecei a frequentar o movimento punk.






Que bandas curtia quando era moleque?

Stones, Beatles, Sabbath, Creedence, coisas do final dos anos 70. Fui gostar de rock pesado quando entrei no Dom Bosco e os caras curtiam Queen, Kiss, Rush, AC/ DC... Eu só curtia pauleira. Em 77 pintou o punk, mas achei meio estranho. Fui introduzido ao punk pelo Fantástico e pela Veja. E não gostei, porque, lógico, eles fizeram uma matéria tendenciosa, dizendo que o punk era o culto ao lixo. Quando os Ramones apareceram na minha vida, tudo mudou.






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Billy disse...

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Você acha que existe alguma coisa, hoje, com esse potencial de choque?

Hoje em dia só tem lixo. Som do século 21 é tudo lixo. A última coisa legal foi o Nirvana, foi o grunge. New metal é legal? É ruim pra caralho. Mó punhetagem.



Com que idade seus filhos estão e o que eles ouvem?

A Vitória tem 7 anos e o Pietro, 6. Gostam de clássicos: AC/DC, Queen... O Pietro gosta de Ramones também. Chegou pra mim um dia e falou que tava gostando de Restart, que era legal e tal. E eu falei que Restart era som de menina apaixonada. Ele disse que não gostava mais.



Como você se definiria hoje?

Um pai de família desmiolado (risos). Eu larguei muita coisa pra me dedicar à família. Ideologias. O que interessa é meu filho estar na melhor escola de São Paulo, e foda-se. Me interessa é ganhar dinheiro.



Mesmo sendo ícone da história punk...

Ícone, pra mim, é o Rédson (vocalista do Cólera). Ele foi íntegro, nunca se vendeu... Eu me vendi. Foda-se. A imagem é minha!



O que é se vender?

Fazer uma propaganda, trabalhar na TV... Se andou de avião, já está se vendendo. "Ah, foi pra fora? Boy!" É uma questão de ser fodido para ter razão. Se você não está fodido, é boy. Por mais que tenha história, já tenha feito coisas visando a cena, é boy.



O punk é autodestrutivo?

Ah, cara, o punk em São Paulo era tosco pra caralho. Você assiste ao Botinada (documentário de Gastão Moreira, de 2006), mas não é nada daquilo. Nego era bandido, quase. Era porrada, morte, pancadaria, nego tomando Artane, cheirando cola, bebendo pinga, faca, tiro. Meia dúzia era inteirada no movimento. De resto, era mó tretaiada. E tinha bandidagem.



Que bandidagem?

Nego que puxava cordão na São Bento, fazia conto do vigário...



Quando foi seu primeiro show?

Na PUC, em julho de 83. Foi um dos poucos em que não morreu ninguém.






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Billy disse...

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Você se envolvia nessas brigas?

Às vezes, era obrigado a entrar. Sempre fui meio bunda-mole pra esses negócios, mas a primeira coisa que falei foi: "Pau no cu da Globo, de Deus e do ABC". Pô, me arrependo de ter falado do ABC (risos).



Conte o momento mais pesado que você já viu, dessa época, de violência.

Uma vez uns caras do ABC estavam indo para o Festival de Águas Claras. Passaram na São Bento e falaram: "Aqui é ABC, vamos zoar!" E eu vi uma lata de lixo ser jogada de cima da São Bento. Um punk viu os caras e chamou os outros. "Tem meia dúzia de caras do ABC zoando!" E eu, de canto, vendo a treta toda acontecer. Cada punk pegou duas lâmpadas fluorescentes e bateu nos caras. Foi lâmpada na cara, na cabeça... Enfiavam pedaço quebrado de lâmpada nos outros.



E drogas?

Uma época minha foi foda. Tomava muita coisa. Não sei como não morri. Na verdade, quase morri jovem.



Quantas overdoses você teve?

Uma. A primeira vez que eu fui pra UTI foi um lance de derrame pleural, que o pulmão encheu de sangue. Depois foi speedball, uma mistura de heroína com cocaína. Capotei no Lov.E, e precisou vir um guindaste me levar para o hospital. Eu pesava 200 kg. Cheguei a pesar 210. Hoje estou com 136.



Foi uma mudança de alimentação?

Eu operei o estômago.



Você se considerava um viciado?

Nunca fui dependente. Só fui dependente de cigarro, desde os 16 anos. E, quando eu quase morri, em 2000, fumava três maços de Marlboro vermelho por dia.



Quanto tempo ficou sem ver seu pau?

Bastante. Até hoje é difícil de ver (risos)!

Imagem de roqueiro sempre funciona pra pegar mulher. Com punk dava certo?

O Ratos de Porão sempre foi um celibato (risos)! Os mais bonitinhos aproveitavam e os feios se ferravam.






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Billy disse...

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Mas uma ou outra você pegava...

Se rock é sexo, drogas e rock'n'roll, o meu era só rock'n'roll e drogas.



Você já considerou ser uma entidade de corpo fechado por nunca ter morrido?

Não! Tenho é sorte. Sou um cara feliz.



Foi vontade de viver, talvez...

Não, isso não. Pelo fato de usar cocaína, você põe o que tem de ruim para fora. Cada um expõe o seu pior. Meu lado negativo era a autodestruição. Tanto que, depois de quase morrer de novo, a minha mulher, a Vivi, se declarou pra mim: "Preciso falar que gosto de você antes que você morra". E eu: "É mesmo?" (risos).



Antes dela, teve relacionamento longo?

Era só com mulher louca. Acabava rápido. Era só consumo de drogas.



Qual foi seu momento mais tranqueira no quesito gastronômico?

Teve épocas nos anos 90 em que eu chegava às 5h da manhã na Vila Gustavo e comia feijoada, sarapatel. Teve época em que tinha prazer em ficar estufado com refrigerante, suco, cerveja. Ficava batendo na barriga, com mó prazerzão. Quando via o que havia consumido, ficava impressionado. Tipo: seis litros de refrigerante.



E a história do churrasco grego?

Eu saía do Madame Satã e ia a pé até a São Bento. Na esquina com a São João, tinha um churrasco grego, que eu comia direto. Ia lá de madrugada, e era uma delícia. Cheguei, o cara tava acabando o espeto e falou que ia pegar carne. Sabe aqueles postes antigos com brasão da República? Tinha uma corda azul de náilon amarrada no poste, descendo até a boca de lobo. O cara puxou e saiu um saco branco, de farinha, vermelho de sangue. O cara guardava a carne dentro do bueiro.



No seu coma, você viu Deus ou o Diabo?

Vi meu médico vestido de romano. Peitoral dourado, capa vermelha, capacete com penacho debaixo do braço. E ele falava: "Escapou por pouco, hein, Johnny?" Depois eu tive pesadelos também. Com cobra. Ouvia barulho de cascalho. Quando minha mãe apareceu, chorei pra caramba. Eu abria o olho, via o Andreas Kisser. Fechava. Abria de novo, a Astrid Fontenelle. Eram pessoas indo me visitar.



É um pouco nebuloso?

Sim. Eu me lembro do procedimento médico inteiro. Foi a seco, eu não podia tomar anestesia de tão gordo que estava. Fiz uma broncoscopia a seco, e foi a coisa mais terrível da minha vida. É uma sonda que entra no seu nariz e vai até o seu pulmão. Deram uma injeção na garganta. E eu me lembro do cara tirando sangue do meu pulmão metendo um cano nas minhas costas, sugando tudo. O médico disse que eu precisava parar de fumar e puxou um saco com sangue misturado com nicotina. 900 ml. Isso virou até música.



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Billy disse...

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A grana que você ganhou e te permite viver em uma casa legal veio de onde?

Veio do tráfico de cocaína (risos). Da TV! E eu sou um cara que tem uma vida simples. Meu luxo é comprar discos e ir na Liberdade comprar boneco. Sou caretão.




MTV e Record: dois mundos diferentes?

Completamente.



E como foi a transição pra Record?

A crítica foi gigantesca, por isso que me matei no Twitter. Mas isso passa. Meu contrato acaba em um ano.



Pra você, tá tranquilo?

Sim. O programa é muito índio pra pouca tribo. O Mion tem 75% do programa e mó galera divide o resto. Eles não sabem muito bem o que fazer comigo. Faço umas entrevistas, mas é algo meio esporádico.



Como é sua relação com o Mion?

Não era amigo dele antes de ele ir pra Band. Ele voltou mais humilde pra MTV, e eu comecei a cumprimentar, pá.



Dizem que ele é meio metido.

Ele é playboy! Mas playboy gente fina. Eu sei lidar com ele. E, quando ele chegou com essa proposta, não passava pela minha cabeça ir pra Record. "Igreja Universal", pô. Escrevi isso há 20 anos. E é aquilo mesmo da letra. Não sou o FHC, que esquece o que falou. Mas entra o profissionalismo, da minha parte e da deles.



Quanto o Ratos já vendeu de discos?

Não tenho ideia. Cada disco foi com uma gravadora diferente.



Qual foi o maior número de shows que vocês já fizeram?

Teve ano que fomos pra Europa quatro vezes. Em 98, 2000, aí eram 180 shows em um ano. Turnê de dois meses com 58 shows, sabe? Hoje não dá. Em uma semana, choro de saudade dos meus filhos.



Dos grandes nomes da música, quem você conheceu de maluco?

Eu já fumei um com Slayer, Jeff Hanneman, com Suicidal Tendencies, com os caras dos Ramones, com o Brett Michaels, do Poison, com Cypress Hill. O Pedro me ligou e falou: "Gordo, quer ir no aniversário do Gene Simmons?" E era sério. Fomos pra uma festinha num bar em Pinheiros, e o que tu imagina numa festa do Gene Simmons? Loucura, go-go girls e tal... Fomos em uma Fiorino, e o lugar era uma merda. Tinha umas groupies, que eram as mesmas de sempre, e vi o Paul Stanley saindo, parecendo um manequim. Entramos e o Gene tava sem maquiagem. Eu dei uma camiseta pra ele e ele jogou pra trás. Enchemos a cara e o bolo era uma bunda gigante (risos). O cara sacou a língua pra fora, passou no cu do bolo e eu fiquei impressionado com a língua do cara. É grande demais! Ele perguntou o que tinha pra fazer aqui. Pensamos em levar o Gene Simmons ao Love Story. Na hora de ir, o Gene Simmons viu a Fiorino velha e desistiu. E teve a parada com o Kurt Cobain. Foi o maior contato que eu tive com gringo, no Hollywood Rock. Eu já conhecia o Dave Grohl de antes. Nessa época, eu namorava a Lê, do Pin-Ups. Baixamos no hotel pra trombar o Grohl, mas ele não estava. De repente, vi um gordão que eu conhecia de algum lugar. Era o guitarrista do Exploited, que era roadie do Kurt Cobain! Ele tinha ouvido uma artista plástica inglesa falar de mim, e o cara abriu as portas. Encontramos todo o pessoal que veio: Alice in Chains, L7, tal. Os Chili Peppers também. De repente, chega o Cobain com a Courtney Love.






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Billy disse...

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Vocês saíram juntos?

O Kurt veio me pedir heroína. Eu disse que não tinha, mas tinha teco e sabia onde. Fomos eu, Kurt Cobain, Courtney Love, Flee, a baterista do Hole, um cara do Alice in Chains. Chegamos na Augusta - na época, não tinha nada de mais lá - e um amigo meu abaixou a porta: "Quem tá fora não entra e quem tá dentro não sai". Balada monstro, cara. Kurt Cobain correndo, pulando de cavalinho em mim. Ele sorrindo, cara! Tem umas fotos minhas com ele aí, na internet. Também, deu tanto teco que tinha que sorrir.



O que você usa hoje em dia?

Uso um baseadinho. Consegui ficar sem fumar (maconha) por quatro meses. Cigarro eu parei de vez, apesar de, no ano passado, ter tido uma recaída.



Você chegou a fumar crack também?

Cheguei, é delícia (risos)! Pra falar a verdade, eu não me lembro do gosto e do efeito. O Ratos é como que um precursor do crack no Brasil. Quando fomos pra Itália, em 90, voltamos com grana e, nessa época, uma amiga nos ensinou a fazer crack. Bicarbonato, colher, pra fazer a casca. Voltamos com esse know-how em 90. O crack explodiu quando? Em 92, 94. O Spaghetti saiu da banda e entrou o Boca. Nos primeiros meses, ele fodeu o pé no skate, e os caras começaram a fazer pedra. Ficamos viciados. Eu não fiquei, pois não tenho essa predisposição. De resto, todo mundo ficou. De sumir, ficar cinco dias no mato fumando pedra.



Então você foi um dos precursores do crack no Brasil?

Eu, não! Nós (risos). A banda. O bicho começou a pegar, nego começou a pisar na bola. Mandamos o Jabá embora, porque ele não conseguia sair do vício. E o Jão saiu.



Você nunca teve sequela nenhuma?

Não sei, acho que vai aparecer (risos).



E alucinógenos?

Tomei mais ácido do que você imagina. Pra caralho. A minha balada normal: quinta-feira dava teco. Sexta descansava. Sábado tomava um ácido, ia pro Matrix, comprava 50 paus de pó, cheirava e cortava o ácido. Tudo isso à base de uísque com Flash Power. Dessa balada, já ia para o Lov. E e pegava quatro, cinco ecstasy, tomava e depois dormia o dia inteiro. Ia para as baladas, ficava dando teco, tomando ecstasy. Segunda tu já acorda louco. Na terça-feira é ressaca, na quarta é a depressão e quinta já volta tudo de novo. Já levei até facada.



Como foi isso?

Tava com uns amigos numa balada, achamos um cartão no chão e detonamos. Na porta rolou bate-boca, discussão, empurra daqui, de lá e um cara me meteu uma facada na perna. Faca de cozinha, de pão, sabe? Cinco pontos pra dentro. E dói, meu. O cara podia dar nas costas, na bunda, mas deu na perna.






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Billy disse...

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Você já pensou na sua morte?

Eu penso todo dia.



Como você quer morrer?

De velho, dormindo. Uma boa morte é legal, mas é foda. Tive duas experiências chocantes e recentes que me fizeram pensar na morte. Meu pai faleceu recentemente, com um tumor cerebral fulminante, e a morte do Rédson, aos 49 anos.



Quais são os games que você mais joga?

Curto jogo de matança. Jogo Rage, Batman: Arkham City, Dead Space e o Dead Island, de zumbi.



Você sobreviveria ao apocalipse zumbi?

Tô preparado pro apocalipse zumbi! (risos). Pode vir.



No mundo do hardcore, tem muito de homem virar mulher e mulher virar homem?

Teve uma época foda. No começo eu era preconceituoso, agora isso mudou. Embora a gente tire aquele baratinho, é brincadeira. E eu respeito as bichas.



Já levou muita cantada?

Na época do Madame Satã, antes da aids, pô... Tinha uns caras que arriscavam um negócio, e eu enfiava a mão na cara. Uma vez eu empurrei o Cazuza da escada do Madame Satã (risos). A primeira vez que eu vi o Cazuza, ele era do Barão ainda. Ele pulou e passou as pernas por volta de mim. E eu: "Sai, quem é esse cara?" Dei mó tabefe na cara dele. E a partir de então ele vinha me provocar toda vez que me via. Uma vez eu o encontrei na escada e outra vez dei uma sapatada na cara dele. Tirei o tênis e "pá!". Eu tomava muito ácido nessa época. Ficava muito agressivo.






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Billy disse...

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Podem ver esta reportagem acompanhada de fotos e um vídeo, acedendo à página do site...



http://sexyclube.uol.com.br/portal/entrevista/joao-gordo/joao-gordo-entrevista-template.aspx









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Anónimo disse...

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