Dalai Lume "Sentido Proibido" - review ao disco

Está disponível o novo trabalho dos lisboetas Dalai Lume.

Este já é a terceira gravação apresentada ao público pela banda de Alvalade, depois de um split-CD com Allison Bentley (2007) e de um álbum em nome próprio "Para Manter A Chama Viva" (2009).

Agora chega-nos «Sentido Proibido», um álbum mais maduro e equilibrado, mais elaborado.

O disco abre com "A Diferença", um tema curto com introdução e por acaso (ou talvez não), nota-se imediatamente uma ´alteração/diferença`. Trata-se exactamente em relação a outras gravações da banda, pormenor esse que se estende a todo o álbum. Houve uma extrema preocupação com as vozes e em tornar os temas bem perceptíveis, o que ajuda a facilitar a audição e a compreender mias facilmente a temática das faixas (mal se necessita do livro do disco, com as letras, para acompanhar).

Logo depois, vem um dos melhores temas do álbum, "A Cidade Mata". Um ritmo bem forte com grande marcação da bateria e guitarradas, mais conciso com um refrão bem poderoso. «Tanta pressa para se chegar a nenhum lado... na cidade que te mata...» ouve-se nesta faixa. Muito bom.

"Sentido Proibido" traz todo o sentimento que os Dalai Lume nos habituaram ao longo dos anos, uma letra com a atitude de quebrar regras, infringir seja do que for, num balanço bem melódico com um refrão cativante.

De seguida há "Filhos De Putin", trata-se obviamente de uma faixa bem actual, focalizando-se no regime russo ou a tantos outros tão semelhantes, que «um dia pode chegar a ti». Trata-se de um tema cheio de feeling, sem dúvida.

"Fita Gomada" é um tema mais lento e melódico que traz coros ´à Dalai Lume`, ou seja, apela muito facilmente à entoação.

De seguida vem "Confusões", uma música acelerada que já foi bastante explorada ao vivo pela banda, é simples e directa, agrada prontamente aos primeiros acordes.

"Portugal" dispensa apresentações, fez parte das três gravações da banda, um tema com letra muito actual (há já vários anos) que ficou marcado na história da banda e é imprescindível ao vivo.

Depois vem "Do 8 Ao 80", um tema seguro (um pouco longo), com bastante melodia, coros a acompanhar e uma letra mordaz (que se pode aplicar a muita gente, actualmente, especialmente com tantas pessoas registadas como bipolares nos últimos tempos).

À nona faixa do disco surge um tema que (ainda que novíssimo) já se tornou um verdadeiro clássico, muito desejado pelo público que os vê ao vivo. Trata-se de "Bairro Alto". A letra é excelente, o ritmo saltitante, os coros bem festivos, tem tudo para alegrar um enterro! «Vai mais uma, bota abaixo [...] ao virar a esquina, no meio de um mar de gente [...] ando às voltas fico louco, ando às voltas fico tonto...» apela mesmo ao brinde e ao sing-a-long... não duvidem. Dá ´luta` na disputa de melhor faixa do disco.

"Invariavelmente" é uma faixa mais sóbria, com uma letra séria e a música é bem trabalhada (há bons solos de guitarra).

Perto do fim temos "Desenvolvimento", um tema antigo mas aqui com um balanço algo diferente, menos ´speedado`. Traz boas memórias (novamente a letra é um dos pontos fortes).

"Vejo A Hora..." tem uma música bem densa, numa mistura de vocalizações melódicas com gritadas. O refrão é fortíssimo, «o tempo deles está próximo, a revolta a fermentar [...] a hora está a chegar...». Um sentimento punk com uma fusão hardcore, num ambiente negro. Muito bom.

E o disco termina com "Dalai Lume", na certeza de que a banda fica na memória de quem ouve este álbum.

São 13 faixas em cerca de 43 minutos, com uma produção cuidada (talvez ´demasiado` equilibrada para quem os conhece ao vivo), mas com a certeza de que a maturidade que possuem contribuiu para que quisessem oferecer um trabalho bastante audível em termos da sonoridade de todos os instrumentos e voz.

Na verdade, a experiência desta banda (formada em 2006) com os imensos concertos dados ao vivo resulta numa evolução natural e nada melhor do que perpetuar essas músicas em formato CD, em 2013. Aconselhado vivamente pelo Billy News.

Queremos mais no futuro (mesmo que num ´mais próximo`, apesar do espírito no future).

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