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segunda-feira, maio 30, 2005

SBSR - ao 3º dia...

Pois é, lá fui para a confusão, no último dia da 11ª edição do festival Super Bock Super Rock...

Primeiro imprevisto, cheguei pelas 19h10, julgando que a primeira banda tinha acabado de começar, pelas 19 horas, como anunciado...

Já estavam os Slayer em palco e um amigo meu constatou-me que já tinham actuado os More Than A Thousand, Wednesday 13, Mastodon e Ramp (que tinha ouvido a parte final, ao aproximar-me do recinto).

Nota para rever, verificar mais do que uma vez o horário destes festivais... nunca é de fiar a primeira informação que lemos... à frente!

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Os Slayer são um portento sonoro, a presença em palco de uma das bandas metaleiras com mais história, é segura e bem forte, mas como eu não aprecio muito o som da banda, dediquei-me a apreciar o "motor" principal deste grupo, que dá pelo nome de Dave Lombardo.

O homem faz tremer todos os que estão junto ao palco, a vibração é uma constante e as variações são excelentes.

O bombo duplo faz maravilhas e a malta aprecia.

Tom Araya foi bem simpático, dirigiu-se ao público com um sorriso sincero, de quem está a disfrutar um bom momento, inclusivamente filmou o público e o ambiente, com uma pequna câmara (para mostrar à mãe?!).

Definitivamente proporcionaram um bom espectáculo.

Alguém ainda gritava no público “gooooordos!!!”, mas é mesmo assim, os anos não perdoam.

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Pouco depois, surgiram os Bunnyranch, com o seu rock frenético, de tons blues, garage e mais uma mão-cheia de estilos algo característicos dos E.U.A. mostrando os seus temas de uma forma irrepreensível, realizando uma actuação bem positiva, com Kaló sempre a animar as hostes (neste caso, para o que viria a seguir).



Iggy & The Stooges... esta foi a actuação da noite!

O sr. Iguana conseguiu mexer com toda a gente, mal subiu ao palco.

A energia de Iggy Pop é contagiosa e ver este cinquentão a saltar mais do qualquer um naquele espaço, faz-me sorrir...

Os temas desfilam perante o público rendido ao rock, puro e duro, proto-punk, rasgado e sêco, como a malta gosta...

Iggy faz a festa e chama toda a gente para o palco... os seguranças ficam malucos, travam uma multidão, deixando escapar cerca de 15 malucos, aos saltos, tal como Iggy (entre os quais, elementos de Mastodon), "No Fun" é sinónimo de festa total!

Toda a gente salta ao som de "TV Eye"...

E a festa continua com "I Wanna Be Your Dog" (com direito a encore, no tema final), o tal tema que tanta gente cantou (Sid Vicious incluído).

Os elementos dos Stooges, especialmente Ron Asheton, deliravam com a reacção do público (um novo baixista, incluído).

Iggy salta para junto do público e é abraçado junto à grade por imensos fãs na primeira fila, como que agradecendo ao vocalista, pelo espectáculo que proporcionava.

No final, Iggy estava estoirado e parecia coxear, ao mesmo tempo que corria de uma ponta à outra, do palco.

Muita gente foi lá de propósito para o ver e não ficou nada desiludida.

O rock nunca esteve tão vivo...

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Os Wray Gunn tiveram a missão (ingrata) de tocar logo a seguir aos Stooges.

Voltou-se a ouvir a guitarra esgalhada, os coros blues-gospel e Paulo Furtado bem puxou pelo público, com aquele tema do “You got keep on trying...” mas era momento de converseta entre a maior parte do público (eu incluido) e muita gente virava-se para os comes & bebe (& pagas...), não havia nada a fazer.

A prestação positiva foi vista pelos ecrâns, pela maior parte da malta.

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Momentos mais tarde, seguiam-se os Audioslave, num momento algo apreensivo entre o público.

Esta banda ainda não conseguiu convencer o pessoal, apesar de haver muita gente junto ao palco a vibrar com os temas do projecto (agradecendo num cartaz, pela banda ter escolhido Portugal para primeiro concerto da digressão do novo disco, que sai hoje).

A precisão e a composição das músicas deixa uma sensação no ar, que tudo é muito “limpinho”, muito certinho, bem executado é certo, mas falta alguma garra e crueza para conquistar os verdadeiros amantes do rock.

Mas, quando estava a tentar ver se conseguia mudar de opinião, se o som proporcinado pelos músicos me fazia mudar de opinião, surgem várias versões de Rage Against The Machine e de Soundgardem de rajada!

“Spoonman” e “Black Hole Sun”(em versão acústica só interpretada por Chris Cornell) intercalado com “Bulls On Parade”, “Sleep Now In The Fire e o bastante gritado “Killing In The Name”, deixam um amargo sabor de que como é possível uma banda que nas entrevistas quer demarcar-se do pesado legado que deixou nas bandas anteriores e quer ter uma identidade própria, faz uma cena destas.

O público apludiu e gritou, como em nenhuma música dos Audioslave, mas deixa uma questão no ar, qual será o futuro imediato desta banda...

De registar, a má voz do (excelente) vocalista durante quase todo o concerto, mas segundo me pareceu (contrariamente à primeira impressão de rouquidão), era devida à má captação do microfone (seria por Iggy Pop o ter lançado umas 20 vezes para o chão?).

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Mais um momento de pausa surgiu e quando as hostes se refastelavam (esta palavra existe?) entre mais uma cervejola ou um cachorro, surgem os Blind Zero em palco.

Sei que não é gracioso dizer isto, mas esta banda nunca me convenceu.

Sei também que se demarcaram do estigma Pearl Jam, que actualmente têm uma linha bem personalizada, mas definitivamente não me convence.

Pouco ou nada, prestei atenção, passados os 5 minutos iniciais da actuação.

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E para final da noite, estava reservada a performance mais teatral da noite.

Mr. Marilyn Manson e seus androgeno-oxigenado-esquisito-muchachos estavam de volta, mais uma vez ao nosso país (já lá vão 5 vezes, Portugal figura no mapa mundial do americano).

A longa espera que proporcionou (truque já bem utilizado pelo anti-cristo) deixa o pessoal num frenesim inquietante.

Um pano gigante ocupa todo o palco e ouve-se uma música instrumental, que sem saber exactamente o que é, arriscaria numas versões de cordas de temas da banda (que poderiam ser tanto de uns Apocalyptica, como de uns Royal Philarmonic Orchestra).

Vislumbra-se uma luz, no meio de um nevoeiro denso causado pelos fumos de palco...

Aí vem “a besta” com um candelabro, tipo ermita perdido na noite.

Explode o som nas colunas, cai o pano e começa o som debitante do rock industrial, tão poderoso como a fama do tão famigerado personagem criado por Brian Warner.

Muita gente vibra e aplaude tema após tema, cenário após cenário do universo de Marilyn Manson, como se tratasse de um papa, dum ditador ou de um líder de massas.

As expressões teatrais ganham mais sentido, tema após tema.

Excelente pormenor do teclista, sempre activo com o seu instrumento apoiado numa forca de aspecto bem real, feita de madeira.

De realçar um novo guitarrista que substituiu John 5, que cumpriu bem a sua função, embora Manson não dê espaço para grandes protagonismos, para além do dele.

Os temas vão desfilando, com descargas industriais, alternando com as versões dos Depeche (arghhhh) Mode a fazer o público cantar bem alto, deixando Manson de vocalizar e puxar pelo pessoal, garantindo assim a conquista de mais um “terreno”, para o seu portfólio pessoal.

Seguem-se os habituais momentos com a queda de milhares de papelinhos, encenações várias e (algumas) palavras dirigidas para o público português.

O concerto termina com a pose de ditador, em cima dum palanque, que (vi eu) tardou em surgir em palco, com Marilyn Manson a esbracejar com os roadies, naquela do “esta merda já devia de lá estar”, num canto discreto do palco.

Rendido, o público percebeu que mais um acto tinha terminado e que o anti-cristo terminava a sua actuação.

Profissional quanto baste, envolvente e absorvente, mas acima de tudo, boa música para quem gosta de rock industrial.

Nunca vi um mau espectáculo de MM e este não foi excepção...

Para concluir, realço vários aspectos da logística, tão contestada o ano passado (por mim, inclusive).

Positivamente, o cartaz virado directamente para o rock, houve comida, bebida e diversões variadas em grande quantidade, deixando de lado as filas intermináveis do ano anterior.

Negativamente, realço a consecutiva sequência de actuações, algumas vezes mal deixando uma banda de terminar, seguiu-se logo a seguinte (tipo, um minuto) e ainda a muito discreta localização da bilheteira na entrada. Como seria de esperar, há sempre gente que compra os bilhetes em cima da hora e para além de não se ver à partida, nem tinham Multibanco (pela Europa fora, os festivais têm até cartão de crédito, mas cá...), tivemos que emprestar momentaneamente dinheiro uns aos outros,para comprar o bendito bilhete...

Outro aspecto negativo e de grande referência diz respeito ao preço dos bilhetes, houve muita gente que até dava lá um salto, para ver uma ou duas bandas, mas com estes preços, não sei onde vamos parar...

Ah, e claro, o mau sabor da cerveja...

Mas para concluir mesmo, mereceu a pena ter ido este ano a este festival...

4 comentários:

Billy disse...

Esta foi a reportagem descontraída do autor do Billy News...

Mas isto já se sabe, as opiniões são como os chapéus (chapéus há muitos!!!), portanto...

Fica a porta aberta para outras opiniões, de pessoal que tenha lá estado (ou não, mas tenha ouvido qualquer coisa).

Força!

Billy disse...

Excertos da critica públicada hoje no Disco Digital do Diário Digital relativa ao último dia do Festival Super Bock Super Rock que contou com a actuação de Iggy Pop & The Stooges, More Than A Thousand e Bunnyranch, entre outros.

A edição do 11º Festival Super Bock Super Rock terminou na madrugada de segunda-feira culminando uma jornada de três dias de uma maratona necessariamente rock.

No último do evento destaca-se a actuação de Iggy Pop & The Stooges, naquele que foi o verdadeiro espectáculo do festival.

O verdadeiro arranque do dia ficaria a cargo dos More Than a Thousand.

Regressados de Londres por uns dias, os meninos-feitos-homens de Setúbal apresentaram-se destemidos e enormes.

A t-shirt de um dos guitarristas, onde se lia The Dillinger Escape Plan, era reveladora da escola musical frequentada.

Reclama-se urgentemente por um novo disco.


Os Bunnyranch não tinham a tarefa facilitada.

A banda anterior tinha fustigado os tímpanos dos milhares de pessoas presentes e o rock boogie do grupo de Coimbra teria que superar.

Kaló e parceiros agarram num alinhamento tradicional e levaram o público até à entrada do melhor espectáculo do festival: Iggy Pop & The Stooges.

Referir nomes de músicas ou debitar o alinhamento de um concerto de Iggy Pop é enjaular a iguana num cubículo.

Iggy tem que saltar, necessita de profanar, repugna os referidos seguranças apelidando-os de nazis.

Lá terá as suas razões.

Para junto dele manda subir a palco qualquer elemento do público que se sinta com vontade para tal.

Alguns destemidos, incluindo elementos de Mastodon, decidiram juntar-se à festa.

A vida de roaddie de Iggy não deve ser fácil, tal a imprevisibilidade do artista.

Não tardaria e Iggy quase que fazia um nu para toda uma população desprevenida, que por certo ia pensando: «mas como é que eu nunca ouvi esta banda?».

Iggy e o seu parceiro de sempre (Ron Asheton na guitarra) impunham «I Wanna Be Your Dog» (não, o ritmo não é dos Queens of the Stone Age - «Bettel Living Trhough Chemistry») e «TV Eye» (também não, esta guitarra não é da autoria de Tom Morello - «Sleep Now in the Fire»).

Rock é isto. Sem plástico.

Sem máscaras ou fogo de artifício.

É perigoso e inesperado.



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Retêm-se da 11ª edição do SBSR uma nova e fevilhosa máquina metaleira nacional (Blacksunrise e More Than a Thousand). O declínio dos Loto.
Os The Gift livres da perseguição irritante de alguns. Moby e The Prodigy a meio-gás. E o eternizar do que melhor tem a música através de nomes como New Order e Iggy & The Stooges.


Pedro Trigueiro

Anónimo disse...

e eu na minha opinião, que vale o que vale, não tenho ordem de grandeza para estes 3 concertos: Turbonegro, Mastodon e Slayer. Turbonegro porque foi uma oportunidade unica de ver uma banda rock que apesar de fazer parte daquele conjunto de bandas "bem guardadas", têm tudo para entrarem nos nossos corações (e não só!). Mastodon lançaram o que eu considero o melhor album de 2004, e ao vivo fizeram-me abrir a boca e meter as mãos à cabeça com a genialidade daquele som. E Slayer...porque ao fim de tantos anos continuam a dar-me vontade de esquecer a idade e ir lá para o meio!! New Order foi quase emotivo, System of a Down bastante melhor do que da ultima vez, a festa dos The Hives...and soion and soion...tivemos festival sim senhor!

Anónimo disse...

...de onde eu estava nao se via nada! Pouco se ouvia tb mas ainda deu para apanhar dois temas de Marilyn Mason....e cerveja nem vela... mas parece que foi um concerto que valeu a pena!