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quinta-feira, junho 23, 2005

IVA mata a música

Vem hoje no jornal Correio da Manhã uma reportagem sobre o aumento do IVA aplicado aos discos (assim como a muito mais coisas, mas a notícia refere-se à música).

«A opinião é unânime: músicos, associações e empresas discográficas acreditam que a subida do IVA de 19 para 21 por cento nos discos vai “agravar a crise” que assola a indústria fonográfica.

Mais, os artistas temem pela “sobrevivência da música portuguesa” e pelo “desenvolvimento cultural do País”».

Parece que não, mas só a ideia de subir 2% faz mexer muita coisa...

Podem ver mais pormenores desta notícia, inclusive a opinião de Adolfo Luxúria Canibal, clicando em "Comments" já abaixo.

Para além desta notícia do CM jás estão marcadas várias palestras e debates sobre este assunto.

Não vai ser a última vez que vamos ouvir falar disto...

4 comentários:

Billy disse...

Música

2005-06-23 - 00:00:00

Crise - mercado discográfico desvalorizou 50 % em três anos

IVA mata o disco

José Barradas

As vendas de discos em Portugal têm vindo a cair a pique.

Nos últimos anos, o decréscimo atingiu os 40 por cento

A opinião é unânime: músicos, associações e empresas discográficas acreditam que a subida do IVA de 19 para 21 por cento nos discos vai “agravar a crise” que assola a indústria fonográfica”.

Mais, os artistas temem pela “sobrevivência da música portuguesa” e pelo “desenvolvimento cultural do País”.

Depois de uma acesa luta pela redução do IVA (para 5 por cento valor actualmente aplicado a bens culturais como bilhetes para espectáculo, cinema ou jornais), a indústria discográfica foi brindada com uma medida contrária que, na opinião da maioria dos ouvidos pelo CM “nem sequer ajuda a combater o défice”, dado que o volume de vendas de discos em Portugal é muito baixo.

Em 2004, por exemplo, venderam-se cerca de 11 milhões de discos, pouco mais de uma unidade por habitante, o que representa uma quebra de vendas de 40 por cento em relação a anos anteriores.

DISCRIMINAÇÃO

“Se o governo aumenta o IVA mas não prevê excepção para os discos, embora o faça para os livros e espectáculos, estamos perante uma discriminação”, afirmou Tozé Brito, Presidente da Associação Fonográfica Portuguesa (AFP), que faz parte da Plataforma Pela Música.

“Temos vindo a pedir ao Governo para se juntar a Espanha, França e Itália para alterar a directiva comunitária que regula o IVA dos discos , porque a decisão passa por Bruxelas”, acrescentou.

Como forma de luta, a Plataforma (que reúne várias entidades em defesa da música portuguesa) já fez chegar ao Ministério da Cultura e grupos parlamentares um manifesto assinado por mais de 100 artistas.

O quadro torna-se ainda mais negro quando a indústria tem de lidar também com a “pirataria industrial, cópias ilegais privadas e downloads na internet” que, segundo Tozé Brito já levaram a uma desvalorização de 50 por cento do mercado.

“Em 2002, a indústria discográfica valia 100 milhões de euros. Hoje vale metade”, revelou.

O resultado está à vista. Várias empresas discográficas em Portugal já reduziram os seus quadros para metade”, alertou por seu lado Eduardo Simões, director-geral da AFP.

No que toca a consequências, Pedro Abrunhosa, um dos subscritores do manifesto, vai mais longe: “O Iva está a matar o disco.

A sobrevivência de muita gente; produtores, técnicos, lojistas e, sobretudo, músicos, está em risco.

“Os músicos, que nunca pediram subsídios ao Estado, chegam a passar fome para poder fazer música. Pagam os instrumentos como bens de luxo, suportam as rendas dos locais de ensaio, etc.

Com a quebra de vendas, o disco será cada vez menos um meio de subsistência e divulgação.

Além disso, está a destruir-se grande parte da memória cultural portuguesa”, acrescentou.

MÚSICOS REAGEM

ADOLFO L. CANIBAL

“Já temos os discos mais caros da Europa e o aumento do IVA só vai ajudar a indústria a tornar-se ainda mais residual”

MAFALDA ARNAUTH

As quebras de vendas vão acabar por bloquear o trabalho dos artistas e assim impedir o desenvolvimento cultural”.

PEDRO ABRUNHOSA

“A música está de luto. Ir buscar dinheiro a uma indústria que já é residual para combater o défice é um escândalo”.

Billy disse...

Comentários no site do CM:


Comentários

Quinta-feira, 23 Junho


- ricardo salazar
Esta é a altura em que todos temos que fazer sacrifícios para ganhar mais à frente. Não podem ser sempre as lojas e os músicos, como se tem provado. No entanto, esta "luta" não é contra, é sim a favor de todos os que vivem da música e precisam da música para viver.

- ricardo salazar
4 – A regulamentação eficaz do mercado discográfico nacional no que respeita a práticas de dumping e a lançamentos exclusivos.A questão do IVA é apenas uma. Existem outras que as editoras multinacionais não falam (e que não beneficiam os músicos, nem os lojistas), que é o preço altíssimo dos nossos discos. Esquecem-se que o preço de 2 cd´s é equivalente a 10% do salário mínimo nacional...

- Ricardo Salazar
O Manifesto compõem-se dos seguintes pontos: 1 - Adopção de 12 euros como PVP máximo para CD’s.2 – Redução do IVA sobre produtos audiovisuais dos anunciados 21% para os 5%, como acontece com os demais produtos culturais.3 – Alteração da lei do videograma, de forma a garantir a livre circulação de produtos e o livre acesso dos consumidores à cultura.

- Ricardo Salazar
A Associação Portuguesa de Lojistas de Audiovisual fez uma manifestação no anteontem, dia 21, em frente à Casa de Música no Porto de forma a lançar o debate público dos pontos que constam do Manifesto 4´33. Estiveram presentes lojistas, músicos e consumidores, todos unidos em prol de um objectivo principal: inverter a tendência do mercado actual, procurando-se garantir a existência do mesmo.

- André Piteira
Vergonha total! Também sou músico e sei o que custa hoje em dia tentar viver da música em Portugal! Para além de ser um mercado muito pequeno, temos os instrumentos mais caros da Europa e se não bastasse o pouco lucro que se retira de vendas de discos, é posto em causa com o aumento do Iva situação incomprrensivel face aos impostos de outros items culturais!Enfim o Estado no seu melhor!!

Billy disse...

Sondagem no site do CM:


» Sondagem
IVA: Justifica-se a divergência entre 5% nos livros e 21% para a música?
SIM- 26%
NÃO- 74%

Billy disse...

Saiu uma reportagem no Y (Público) de 24/6/2005 com o título "O novo fôlego das lojas de discos alternativas", com entrevistas aos responsáveis das lojas...

Interessante...