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terça-feira, dezembro 18, 2007

Mata-Ratos em entrevista no Círculo De Fogo



O site Círculo De Fogo de Luís Filipe Neves, baseado no programa de rádio (entretanto extinto), publicou uma entrevista recente aos Mata-Ratos sobre o novo trabalho "Novos Hinos Para A Mocidade Portuguesa" editado pela Rastilho há pouco tempo e também sobre os longos anos de carreira da banda...

Podem ler a entrevista, clicando em "Comments" já abaixo...

1 comentário:

Billy disse...

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CÍRCULO DE FOGO

ENTREVISTA A MATA-RATOS


Neste último quarteirão de anos, poucos têm ficado indiferentes à toxicidade dos Mata-Ratos.

Clássicos como "A minha sogra é um boi", "Napalm na Rua Sésamo", "Deus, pátria e família", etc, marcaram uma posição da brigada de/com Miguel Newton, no panorama da música urbana portuguesa, os quais descarregam agora 13 "novos hinos para a mocidade portuguesa" (edição Rastilho Records, 2007), mantendo a mesma irreverência, a mesma juventude e a mesma falta de "papas na língua" a que nos habituaram.




Como descreves o disco "Novos hinos para a mocidade portuguesa", lírica e musicalmente?

MR-Como um passo determinante e sem regresso para cair nesse escuro e infindável abismo que está aí mesmo à nossa frente, só falta vir alguém por trás e empurrar-nos (o que desde já agradecemos!). Liricamente, creio que está mais cáustico e corrosivo do que qualquer outro trabalho anterior de Mata-Ratos. Musicalmente, considero que está bastante diversificado e aponta para alguns possíveis novos caminhos, a explorar num futuro próximo (se este existir). Este é o disco que finalmente nos colocou numa encruzilhada: e agora? Vale a pena continuar ou vamos cagar finalmente nesta merd* toda e dedicarmo-nos à pesca?


Quais os créditos na ficha técnica?

MR-A obra foi gravado em Agosto de 2007 nos estúdios Black Sheep e foi produzida por Makoto Yagyu dos If Lucy Fell. Todas as músicas e letras são da autoria da presente formação de Mata-Ratos, com a excepção de “Inocente o Doente”, com letra e música do Pedro Coelho. A arte e o grafismo do CD ficaram a cargo de Alexandre Bacala (ex-baixista e ex-baterista de Mata-Ratos). No disco tocaram Miguel Newton (voz), Tiago "Arlock Dias" (guitarra, voz, banco vermelho, cavaquinho e kazoo), Francisco "Lemmy Jackson" Esteves (baixo, voz e kazoo) e Ricardo Vieira (bateria, voz e assobios). Tivemos distintíssimos convidados do calibre de Duarte Ornelas (teclas), André Janeirinho (trombone de vara), Jorge Bruto (voz), Francisco "Xico Pequeno" Borges (saxofone alto, coros e guinchos), Makoto Yagyu (voz), Isabel Newton e Kika Geraldes (coros).


Depois do genial álbum "És um homem ou és um rato?" (2004), como descreves o vazio (ou não) que se tem, quando se ambiciona construir um próximo trabalho, com o intuito de vos/nos soar bem?

MR-Responder a uma pergunta como esta às 9 da matina de um domingo de facto provoca alguma angústia existencial. Agradeço o "genial", mas essa é uma palavra a que não estamos acostumados a ouvir e não sei se a devo tomar como um elogio ou uma ofensa grave. Não me revejo no que dizes, ou seja, não sentimos enquanto banda qualquer tipo de vazio, face à construção de uma nova obra (talvez daqui para a frente nos deparemos com esse problema). Não pensamos nem planeamos o que fazemos, em termos de composição. As coisas com os Mata-Ratos são fluídas e vão surgindo descoordenadas e caóticas ao longo do tempo, não temos (pelo menos, que seja consciente) um fio condutor. A única preocupação é a de evitar tornarmo-nos algo repetitivos em termos de abordagens aos assuntos e (evitamos) fazer temas que não sejam do agrado de todos os membros da banda.


Sentiram alguma pressão pessoal ou responsabilidade em não defraudar as expectativas de quem vos acompanha, na hora de escrever e compor novo material?

MR-Quanto ao público que nos acompanha, apesar de alguns nos verem como uma "instituição", a nossa posição é a seguinte: se gostar gostou, senão... (com todo o respeito e estima)... que se fod*! Não podemos agradar a todos e sinceramente chegamos a uma fase da nossa vida em que (por puro egoísmo ou não) em primeiro (e último) estamos nós. Mas como somos Mata-Ratos, o resultado tem a nossa marca e o pessoal aceita de bom grado. Não vivemos disto, consequentemente somos livres de constrangimentos de qualquer tipo.


Não fiquei indiferente à música n.º 13, que fecha o disco. Chama-se "Uma trilogia portuguesa", cheira a tuna académica (musicalmente falando) e retrata fielmente muitas fatias da sociedade portuguesa, em relação ao trabalho, ao futebol, à religião e à politica. Queres comentar o conceito desta música?

MR-Já há algum tempo que ambicionávamos fazer algo com um "sabor" mais "rural/tradicional" e o resultado está à vista. É um novo modo de abordagem a temas que são caros aos Mata-Ratos. Não foi muito planeado, nem chegámos a ensaiar o tema, antes de chegar a estúdio. Tínhamos a letra e uma ideia algo confusa do que pretendíamos. A intenção era contar com instrumentos tradicionais como o acordeão, gaita de foles, guitarra portuguesa, etc. Não sendo isso possível, limitámo-nos ao que tínhamos à mão: um cavaquinho e os kazoos. De facto, o resultado soa a tuna, o que primeiro estranhamos, pois a intenção inicial era fazer uma marcha popular. Mas o atractivo do tema é mesmo esse: primeiro estranha-se e depois entranha-se... agora o Nel Monteiro que se ponha a pau, que quem vai tocar nas Festas da Senhora dos Entrefolhos em 2008 somos nós!


Os músicos de Mata-Ratos dispersam-se por Lisboa, Sabugal e Castelo Branco. Em algum momento, esta situação limita os ensaios, a composição de novas músicas e/ou as actuações ao vivo?

MR-Sempre. A existência da banda é negociada todas as semanas. Para lá da distância há o facto de todos trabalharmos e os horários nem sempre coincidirem. É complicado, mas o complicado é que nos atrai... se fosse simples, se calhar a banda já teria terminado há alguns anos atrás. Se Monsanto é a aldeia mais portuguesa de Portugal, então os Mata-Ratos são sem dúvida a banda (manhosa) mais portuguesa de Portugal ou pelo menos a mais (inter)regionalista. É sempre bom o pessoal da banda ir lá para a "montanha" oxigenar os neurónios, pois tanta é a "parvoeira" com que se defronta na capital do Império...


Os Mata-Ratos são a reencarnação rockeira do José Afonso, com a diferença das vossas mensagens serem bem explícitas?

MR-Por favor, não faças o senhor dar voltas na tumba... já tinham estabelecido antes esse paralelo, mas não nos revemos muito nele. O Zeca Afonso está conotado com determinada esquerda intelectual e nós não pendemos para a política "institucional" ou para a "extremista", quer de esquerda ou de direita. Fazemos Punk Rock, pelo que ser explícito é o caminho óbvio a seguir.


Numa altura de crise, que se vive actualmente em Portugal, sentes que as bandas de intervenção em uníssono podem ser rastilhos para uma nova revolução?

MR-Não. Os portugueses são demasiado brandos para revoluções e estas, já se constatou, não resolvem crises. A crise portuguesa é profunda e para lá do aspecto económico tem sobretudo a ver com mentalidades e valores culturais. Estes só mudam com pedagogia.


Muitos músicos fantasiam viver da música. Que conselhos dás a esse pessoal, tendo em conta que os Mata-Ratos, não só existem há 25 anos, mas principalmente porque editam discos e tocam ao vivo, de há 25 anos para cá?

MR-Não tenho conselhos a dar, porque nunca tive tal ilusão. Se o tivesse, certamente o percurso de Mata-Ratos teria sido totalmente diverso. O "viver de..." obriga a concessões que não estamos dispostos a fazer.


Há planos de edição de um best of de Mata-Ratos ou o facto de saltitarem de editora em editora impede-vos de seguir com este registo em frente?

MR-O best of já está feito (ao vivo, com o "Festa Tribal") e de facto esse saltitar impede que surja algo desse calibre, a não ser que seja por via da pirataria... se o fizerem, se houver alguém com cojones para tal, não serão certamente os actuais membros da banda que o irão combater... mais piratas do que nós é difícil encontrar...


Se o problema estiver relacionado com a protecção dos direitos dos editores fonográficos, podiam regravar músicas que gostariam de ter nesse trabalho... e que músicas seriam essas?

MR-Os Mata-Ratos já tem um legado de mais de 100 temas. É uma decisão algo difícil. Não me vejo a regravar temas. Há mais interesse em fazer um CD com temas antigos de Mata-Ratos, que nunca tenham sido gravados em estúdio. Existem e são suficientes para, pelo menos, um CD.


Cinco discos apreciados:

MR-(Oiço tanta música diferente que me é de todo impossível indicar 5 discos favoritos, mas indico 5 que muito aprecio, sem qualquer ordem de preferência)

"Do it dog style" (Slaughter And The Dogs)
"Lower east side" (Warzone)
"Forte e feio" (NZZN)
"Working for nothing..." (Bonecrusher)
"Mercy, mercy, mercy! Live at the Club" (Cannonball Adderley Quintet)






MATA-RATOS

www.myspace.com/mataratos1982
www.purevolume.com/mataratos
www.mataratos.agaragem.com
mataratos@netcabo.pt




Entrevista retirada de...

http://www.circulodefogo.com/



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