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segunda-feira, outubro 06, 2008

Noite punk em Linda-a-Velha ...

...e foi mesmo!!!


Quem esteve em Linda-a-Velha no passado dia 4 de Outubro, pôde presenciar grandes momentos, que vão ficar na memória do pessoal, com toda a certeza!

O cartaz era apelativo, entre várias propostas, saltava à vista duas das bandas que se tornaram verdadeiras lendas no meio punk, os Crise Total pelo lado nacional e os britânicos Varukers que nos visitavam pela terceira vez...

Pelas 20 horas, o ambiente era morno com o bar em constante movimento, alternando-se

entre o golo de cerveja e a dentada na variada comida ao dispor, ao som de alguns

clássicos dos punk, com snookers e dois dedos de conversa pelo meio em mesas

recheadas de copos...

Era digno de se observar, este era um evento punk que

aglomerava muita gente com ‘várias décadas no lombo’ e alguns cabelos brancos,

apesar de se ver sempre o sangue-novo a circular.

Não era difícil de adivinhar que a maioria já tinha visto pelo menos uma das bandas de

cartaz.

Eram 20h45 quando os Dr.Bifes & Os Psicopratas

Já bem conhecidos da ‘casa’,

desfilaram os seus temas perante uma plateia já

composta, puxando pelo seu

punk/hardcore em alto tom que atingia as imediações que

momentos antes estava em

perfeita calmaria...

O animado baixista/vocalista

(que também faz parte dos Simbiose) apelava ao

ambiente de festa e era mesmo para isso que se estava ali...


Numa prestação directa e

segura, deram um bom espectáculo.



Não tardou muito para que após mais umas cervejas e

conversas cruzadas, os Crise

Total subissem a palco, depois de a habitual pausa para

mudança de material...

A atenção e maior curiosidade

(em termos de expectativa) da maioria do pessoal recaía

sobre este momento, Manolo o vocalista original dos Crise

Total iria actuar passados

muitos e muitos anos.

Não seria bem assim, pois 24

horas antes deu o seu primeiro concerto.

Mas devido a uma lesão no

joelho provocada pela actuação no dia anterior no Porto Rio,

Manolo apresentava-se em Linda-a-Velha com uma

bengala em jeito de muleta,

que de imediato fez muita gente recordar um episódio

com João Gordo dos Ratos De Porão (numa actuação mítica na Incrível Almadense, em

que

tinha problemas relacionados com o nervo ciático e que tinha

de ter o apoio de muletas,

que tratou de as destruir no

final, juntamente com a cadeira onde esteve sentado a actuar).

A imagem de Manolo transmite a sensação de que os anos passaram mesmo pelo

saudoso e enérgico vocalista... fisicamente está com um ar algo pesado, mas mesmo com

a bengala, iniciou a sua prestação num nível ferveroso.


E rapidamente tudo se agitou na sala da Academia, não fossem os temas dos Crise

verdadeiros clássicos que puxam pela malta logo aos

primeiros acordes.


A segurança transmitida pelo duo baixo-bateria dos ‘novatos’

Rattus (também ele dos Albert

Fish) e Jonhie (dos Simbiose,

mas aqui na bateria), deu azo à imaginação do guitarrista Rui,

também ele membro original

da banda, mas houve

principalmente liberdade (e a

tal segurança em termos de

ritmo) para Manolo estravasar a energia contida anos e anos

,

puxando pelos refrões que o pessoal fazia questão de

cantar, muitas das vezes em

cima de palco, no microfone.

O carisma do vocalista

sentiu-se e crescia tema a tema, especialmente fazendo

soar tal e qual como conhecemos os Crise no seu

melhor (a propósito, já está

disponível o CD com gravações remasterizadas da década

oitenta, no Rock Rendez-Vous,

extinta sala lisboeta).

O gesto de entrega do

microfone ao público não

enganava, ainda está com o

‘feeling’ todo e o ar de

contentamento era indisfarçável, transparecia à

medida que o tempo passava...

O guitarrista Rui dava o ‘tudo por tudo’, como se tratasse do melhor concerto de sempre da

banda (quem o conhece, sabe que ele é assim, não há

prestações mornas nas suas actuações, o homem não conhece o termo ‘mais ou

menos’, ou ‘é’ ou ‘não é’).

E o pessoal não parava,

andava tudo em reboliço, subiam ao palco, desciam,

atiravam-se, o habitual em concertos ‘quentes’.


Foi ver entusiasmante observar o entendimento entre os elementos da banda,

especialmente com pouco tempo de ‘ensaio a quatro’.

No final, ficou um refrão a ecoar na cabeça dos presentes, “...a crise continua”,

vejamos o que aí vem, se foi um ponto final nesta comemoração dos 25 anos,

ou talvez não.



Outro pensamento ficou na minha cabeça foi este...

Tanta popularidade dos temas dos Crise ao vivo em 2008, também se deve em parte ao renascer da banda em 1995 (com o vocalista Xico Gritador e o emblemático Libelinha, juntamente com os elementos originais Rui e o baterista Filipe), mas não só, também com o projecto ‘Crise [quase] Total’ que contou com Rui novamente e mais uma série de ‘sangue novo’, especialmente com o carismático Zorb (dos Dalai Lume) a vocalizar os temas que se tornaram verdadeiros hinos.

O aspecto que destaco é que ambos os momentos foram marcantes porque brindaram o público aos longos de alguns anos trazendo-os ao vivo com toda a energia que transportam, embora obviamente quando se trata de uma banda como esta, o momento de eleição é sempre com a banda original.

E não foi por acaso que todos os elementos que passaram por estes ‘renascimentos’ estavam por lá, ninguém queria perder estes momentos, nem mesmo pessoal ligado a outras bandas, todos ‘responderam à chamada’.

E se já tínhamos tido grandes momentos, ainda haviam mais por vir...

Agora sim, a confusão estava instalada no bar, a música que se fazia ouvir entrava em confronto directo com as conversas e pedidos ao balcão.

Depois de uma pausa na parte de cima da Academia, era hora de regressar, os Varukers iam actuar!

E é sempre um prazer ver Rat de volta, com Ricardo (o baterista português), o bem-disposto Biff, Sean e especialmente a curiosidade de ver o regressado Brian (baixista original da banda britânica).

E a conquista foi imediata!

A energia da banda envolve rapidamente os presentes e arrasta tudo e todos, tal é o power em palco.

Os clássicos foram todos tocados, “All Systems Fail”, “Soldier Boy”, “Protest And Survive” e muitos outros causaram a confusão...

O baixista estava completamente reintegrado e apesar de aparentar ter uns anos valentes, a mestria e o empenho com que tocava, fazia transbordar os graves da sala...

Ricardo martelava como que se ‘não houvesse amanhã’, o speed dos temas a isso o obrigava, mas era ele que coordenava tudo, à voz de comando de Rat.

A actuação pecou por escassa, daí ao público não ter deixado a banda abandonar o palco e lá regressaram para o desejado ‘encore’.

Mais agitação e frenesim, copos derramados ao chão e muito pogo...

No segundo pedido de regresso, já não voltavam, era sinal que estava terminada a prestação.

Era hora do desejado regresso ao bar...

Ainda houve música debitada em alto nível decibélico e o pessoal encalorado pedia por mais, mas infelizmente foi ‘sol de pouca dura’.

A presença da polícia à porta da Academia incitava ao encerramento do espaço e ao abandono das imediações, o aglomerado número de pessoas à porta estava a ‘fazer confusão’ aos agentes da lei.

Mas a satisfação de uma excelente noite punk, essa, não havia ninguém que a tirasse...

No dia seguinte ainda se fazia sentir, incluíndo algumas dores no corpo... são as ‘tais décadas’ de que tinha falado a relembrar que o punk tem mais de 30 anos.



(imagens dos Crise Total ao vivo retiradas do site dum fã do myspace em... http://www.myspace.com/crisetotal ...com mais fotos disponíveis!)

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