Calendário

sábado, março 30, 2013

Porta Voz "Não Vou Ser Assim" - review ao álbum


Custou, demorou, mas ao mesmo tempo, foi num ápice! Em finais de Novembro de 2012, os Porta Voz entravam em estúdio para gravar aquele que é o primeiro álbum (se não contarmos com as duas ´demos` lançadas em formato cassete, na década de 1990).

Em 1996, os Censurados tinham acabado há quase um ano e Orlando Cohen teve mais motivos para recuperar uma ideia antiga, os Porta Voz, projecto que fez com um familiar,  meio na brincadeira, sem resultados práticos.

A banda entrou em hiato cerca de 3 anos depois, para regressar no ano passado. Em Novembro passado participou num evento na Casa de Lafões (Lisboa) num concerto bastante atribulado e logo depois, decidiu avançar com as gravações deste disco.



O álbum abre com "Não Vou Ser Assim", o tema que escolheram para título deste trabalho e que simboliza bem o estado de espírito da banda. «Horas infinitas no local de trabalho... sentes-te perdido, sentes-te enganado...», ouve-se na faixa.

De seguida vem um dos melhores temas do disco, "Rotina De Interesses". Não que seja catchy, que repitam o refrão até à exaustão, ou fique mais facilmente no ouvido, mas sim pelo ritmo da música e pelo timbre do vocalista Bruno Alves (que é bastante especial), num registo grave mas bastante cativante. E a parte dos coros é mesmo excelente!

"Diz-se Por Aí" traz um tema com bastante energia, embalado por uma harmónica. «Leva-se a vida a pensar no que fazer...», num bom jogo de guitarras.

Logo depois vem "Estrela", um tema que facilmente associamos aos Revolta, o que no fundo faz algum sentido, pois a banda apresentava-o ao vivo há poucos anos, da qual fazia parte exactamente o vocalista Bruno. Muita melodia e sentimento nesta faixa.

De seguida vem o exlíbris dos Porta Voz, um dos melhores temas de sempre! "I.R.S. - Imposto de Roubo Social" tem tudo, grande ritmo, letra corrosiva e uma marcação de bateria inigualável, com um desfilar de solo de guitarra a fazer lembrar um tema clássico da música portuguesa, de seu nome "Animais" (vocês sabem de quem é a autoria). «País de livre expressão, em que há pessoas espancadas... procuras um trabalho, é coisa que não há». Sempre actual.



"Ó Vida" vem reduzir um pouco a velocidade da faixa anterior. Balanço e ritmo, novamente com ´o espectro Revolta`. Um dos temas mais acessíveis do disco.

Depois, "Memórias" traz mais guitarradas e frases de intervenção. «Memórias desta vida desgraçada... e já estou tão, tão farto...»

"Catatuas" é um tema diferente, em relação aos restantes do disco. Orlando assume as vocalizações e numa toada country, canta sem complexos, «Burro velho já não muda... maldizentes por natureza...difamam tudo e todos». Há guitarras semi-acústicas e outros instrumentos a acompanhar. Cativa pela diferença e pelo arriscar de novos caminhos em relação à sonoridade da própria banda.

Já o tema "Nunca Mais" regressa com as guitarradas em força e com um refrão fortíssimo. «Desse passado que foi um horror, que nunca mais se apaga a dor...» traz um amargo de boca, apesar do grande ritmo da música.

"Viagem" vem deixar respirar a música, trata-se de um instrumental a fazer lembrar outros instrumentais bem conhecidos, especialmente pela guitarra mas também pela composição do próprio tema (lá estou eu outra vez... sim, lembra Censurados, sim senhor).

Novo arranque com "Prisão", mais guitarradas desenfreadas e letra com bastante sentimento.

"Verão Cheio De Sol" é um tema descontraído e descomprometido, talvez em jeito de aliviar alguns sentimentos mais negativos, das faixas anteriores (mais sérias). Há ritmo reggae, ska e boa disposição, mas torna-se algo ´inofensivo` no meio de todo o disco.

O álbum termina com "Ficarás Para Sempre", mais uma faixa bem ao estilo da banda.



São 13 temas em cerca de 40 minutos, que mostram a banda num estado saudável, com estes temas (alguns novos, outros já da fase da década de 1990) prontos para serem apresentados ao público.

A gravação e produção está bastante positiva, com todos os instrumentos bem definidos.

A segunda guitarra introduzida nesta formação (por Rui Contacto, ex-Dalai Lume e Caso Crónico) dá mais consistência ao som geral da banda, o que é bastante salutar.

E há ´nota a roçar o excelente` para o baterista convidado para tocar no disco (de seu nome Marte Ciro, antigo parceiro de Orlando nos Peste & Sida).

Estes são os Porta Voz e nada melhor do que um bom trabalho para demonstrar que têm bastante valor no panorama punk nacional, onde se arriscam a conquistar cada vez mais fãs.




Podem ficar actualizados com as notícias dos Porta Voz, clicando aqui!


2 comentários:

Unknown disse...

Curti bué gravar este disco!!!
Grande abraço a todos e já agora... Já acabou o Jack... Tragam mais!! hahaha!!!

Rui disse...

É o maior ó Marte!
Abração!
Rui