quinta-feira, dezembro 17, 2009

Censurados - A contínua popularidade e actualidade


A contínua popularidade e actualidade dos Censurados


A realização de uma animada festa de tributo aos Censurados, no sábado passado no agradável e acolhedor In Live Caffé (Moita), que contou com a participação da banda Re-Censurados e do DJ Billy, e que incluiu a projecção de um filme documentário, fez-me reflectir sobre a contínua popularidade desta banda extinta em 1994.


Se as subculturas musicais portuguesas fossem um objecto sério de estudo na nossa academia, como acontece por exemplo no mundo anglo-saxónico, os Censurados seriam decerto um interessante case study.


Volvidos 15 anos do seu desmembramento, os Censurados continuam a possuir um imenso séquito de fãs de diversas gerações, duas bandas que lhes prestam tributo (100 Surrados e Re-Censurados), um livro (Censurados até Morrer!), vários websites e blogs que lhes são dedicados, e inclusivamente uma petição online, com quase 500 assinaturas, a solicitar que se juntem para um derradeiro concerto.

O que é que explica esta dedicação e esta espantosa e persistente popularidade - ímpar em Portugal - de uma banda há muito extinta, ainda mais numa altura em que a produção musical nunca foi tão abundante e acessível?




Podes ler o texto na íntegra, clicando em "Comments" já abaixo...


4 Comments:

Blogger Billy said...

*********************************

(continuação do texto)





O livro de Augusto Figueira e Renato Conteiro Censurados até Morrer! (2006) oferece-nos algumas pistas.

Um factor determinante terá sido a personalidade irreverente e a postura inconformista e transgressora dos membros da banda e a relação de grande proximidade que criaram com os fãs / amigos desde a sua formação, algo que está muito bem descrito no livro.

Muitos fãs assistiram literalmente à génese dos Censurados, nos vários locais do bairro de Alvalade onde a malta parava, nos ensaios na casa do Ribas, ou no primeiro concerto no Bar Oceano (2 de Setembro de 1989)… Rapidamente a banda congregou uma verdadeira legião de fãs, de diferentes estilos/subculturas, que os seguia e enchia os seus concertos frenéticos e electrizantes, num espírito de grande proximidade e comunhão: “Desde o primeiro concerto que o mosh, o stage diving, o crowd sufing e até o head banging se tornaram uma constante nos concertos da banda” (Conteiro e Figueira, 2006: 42).

Contudo, a música é, sem sombra de dúvida, o factor determinante para o extraordinário sucesso e popularidade, bem como para o estatuto mítico que a banda rapidamente alcançou e continua a deter: “As letras, em português, eram simples e directas, refrões fortes que traduziam o sentimento da juventude da era Cavaquista.

O primeiro registo em vinil, na compilação "Feedback 001" incluiu os temas Senhores Políticos, Não Vales Nada e Está a andar de Mota (um instrumental).

Tu ò Bófia, Não Vales Nada, Angústia, Senhores Políticos eram temas fortíssimos que foram passando de cassete em cassete e eram entoados em coro nos concertos muito antes do lançamento do álbum "Censurados", em 1990.

Este disco é um álbum histórico que foi aclamado pela mais importante fanzine dedicada ao Punk e Hardcore na altura, a Maximum Rockn'Roll (EUA)”

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Censurados )




*********************************

10:20 da manhã  
Blogger Billy said...

*************

É de facto a sonoridade dos Censurados, aliada a letras directas e acutilantes que abordam temáticas intemporais ou, por outro lado, profundamente actuais e ajustadas à sociedade contemporânea, que parecem explicar a imensa popularidade que os Censurados continuam a possuir, e o facto de continuarem a ‘tocar’ e influenciar as gerações mais jovens, posteriores ao ciclo de vida da banda.

No que respeita aos temas intemporais das letras, refira-se exemplificativamente a multiplicidade de situações / papéis que vivemos ao longo da nossa existência (ou a complexidade intrínseca do ser humano) de “Fui”, a rejeição social da diferença abordada em “Animais”, a inquietação, o desalento ou a perda de rumo em “Angústia”; “Não”; “A minha vida”, “Já sei” ou “Melhores dias virão”, os amigos falsos e oportunistas em “Amigo” ou “Venenosa”, a pequena vigarice de “Coxa”, as dificuldades da vida quotidiana urbana em “É difícil”.

Mencione-se ainda a abordagem crua e directa de temas de cariz social ou político em “Srs Políticos” (letra da autoria de João Pedro Almendra, “Autista”) (“Quanto é que eles ganham/E se fartam de gastar/Enquanto meia dúzia/Se enche a valer/Há pessoas que têm frio/Sem nada para comer”), “Guerra Colonial” (“Só iam para lutar / Só iam para matar (…) /Só iam para sofrer/Só iam para morrer”), “Quero ser eu”, “Revolução”, “É difícil” (“É difícil, é difícil conseguir estar empregado/Mais difícil, mais difícil é ter um bom ordenado”), “Sopa”, “Buracos”, “Todos no mesmo barco” (Não é preciso pensar muito/O que digo não é novo/Todos sabem e é verdade/Quem se lixa é sempre o povo”), ou “Não vales nada” , para não falar do brilhante “Kaga na Cultura”, em que a ideia (ainda hoje dominante) de que apenas o passado e a erudição são “cultura” é exposto, atacado e desprezado:

“Diz-me o que vês/Na nossa cultura/Cheia de recordações ancestrais (…)/Kaga na cultura em Portugal/Daqui a 500 anos/Também podes ser cultura/Seres falado por toda a parte/Fazerem-te homenagens/Meia dúzia de doutores/Dizem que foste um génio/Mas a ti já nada te interessa/Porque nessa altura já estás morto.”


*************

10:21 da manhã  
Blogger Billy said...

**************************



Citações sobre Censurados


Billy, a propósito do 2º concerto no Rock Rendez Vous (Janeiro de 1990): “A rua da Beneficência começou a ficar cheia, vinha pessoal de todo o lado. De garrafa na mão e cigarro na outra, contavam-se histórias de concertos passados, narrados com entusiasmo. Embora maioritariamente se vissem punks, também havia fãs de metal, de hardcore, de rock em geral e até freaks meio desvairados, mas a maior atracção eram os elementos dos Censurados a conviver no meio daquela amálgama de gente com a maior das naturalidades!” (Billy, a propósito(Conteiro e Figueira, 2006: 62).



Rafael, vocalista dos 100 Surrados sobre a actualidade da banda/das letras: “Censurados é uma banda que toca em toda a gente porque as suas letras são tão actuais agora como o eram em 1989. Cantar “Srs. Políticos” faz mais sentido agora do que nunca, “Tu ó bófia” com a repressão da polícia na actualidade, “Não vales nada” com a exploração dos patrões aos empregados no trabalho, “Sentado ao balcão” por 1001 razões, “Melhores dias virão”…” (Conteiro e Figueira, 2006: 167).



“Comments” emotivos que diversos fãs da banda têm deixado em vários blogs/websites nos últimos anos, em particular por altura da venda do 1º álbum juntamente com o Blitz em Dezembro 2005 e do lançamento do livro Censurados até Morrer! em 2006:

“(…) conheço as musicas de tras pra frente. Comprei os albuns sempre que foram editados "censurados"(vinil)+(mp3) "confusao"(vinil) "sopa"(cd). O primeiro encomendado na Bimotor ainda antes de editado. No dia em que o recebi pelos CTT reuniu-se um batalhao de malta em minha casa para o ouvirmos tipo concerto. (…) Até chorei no dia em que fui comprar o Blitz, (aquela terça feira fatidica tudo me aconteceu até acabei um namoro nesse dia, em que a capa dizia "Censurados acabam". Foram sem duvida os pais e reis do punk em portugues de portugal.” (http://spectrum.weblog.com.pt/arquivo/2006/01/censurados.html#comments )

“Também essa terça feira foi fatidica para mim quando comprei o Blitz e li "censurados acabaram",quando falei com o pessoal estava com as lagrimas a correr cara abaixo e todo arrepiado.Que saudades eu tenho desses tempo de glorias.” (idem)

“não tenho adjectivos para conseguir descrever os censurados , para mim , na minha humilde opinião foram e sempre serão a melhor banda nacional de todos os tempos (…) concertos no johnny guitar,cidade universitaria e outros mais censurados ate morrer.” (idem)

“nem imaginas o quanto te agradeço por esta noticia!!! curti Censurados na minha adolescencia e fiquei bastante triste quando acabaram mas quase que tive um orgasmo psicologico quando soube que se tinham juntado para gravar um tributo e iam estar na queima em coimbra... vi-os ao vivo e simplesmente adorei!! mais uma vez obrigado!!vìcio

(http://fumaca.blogs.sapo.pt)” (http://punkadaria.blogs.sapo.pt/10804.html )


**************************

10:23 da manhã  
Blogger Billy said...

***********************************




Texto da autoria de:

Sheena
http://crackinthecloud.blogspot.com/

(gentilmente cedido ao Billy News)




************************************

10:25 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home