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quarta-feira, março 03, 2010

Mão Morta na revista Blitz

A revista Blitz deste mês de Março traz uma extensa entrevista a Adolfo Luxúria Canibal sobre os 25 anos de carreira dos Mão Morta e à edição recentemente disponível da caixa com os 4 primeiros discos da banda, num conjunto de 12 páginas recheadas de histórias e fotos (algumas bem antigas).


Podem ler um excerto dessa reportagem da autoria de Rui Miguel Abreu, clicando em "Comments", já abaixo...

Esta edição nº 45 da revista traz ainda uma reportagem sobre os Ramones, inserida no tópico ´Máquina Do Tempo - Verão de 1975`.

3 comentários:

Billy disse...

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BLITZ #45:

Mão Morta: Sangue, Suor, Sémen e Algumas Lágrimas
Mão Morta são capa da BLITZ de Março.

Leia aqui um breve excerto da entrevista com Adolfo Luxúria Canibal.





Vinte e cinco anos de carreira é uma idade séria. Na música costuma medir a capacidade de "endurance", mas também uma determinada habilidade - a de equilibrar identidade e favores do público. O caso dos Mão Morta é, porém, muito singular: batem à porta de 2010 com um novo álbum na bagagem - para uma multinacional ainda por cima - e uma reiterada vontade de continuar a aguçar as suas facas rock and roll; ao mesmo tempo que investem no futuro imediato, os Mão Morta balizam 25 anos de actividade com a reedição dos seus primeiros quatro álbuns numa caixa "budget" de título Mão Morta 1988-1992 . No comboio que faz com que Braga fique apenas a três horas e meia de distância de Lisboa, prepara-se a entrevista com Adolfo Luxúria Canibal, o homem do leme deste colectivo desde a primeira hora.

O encontro está marcado para o fim de um dia frio de Janeiro à sombra da pedra milenar da Sé de Braga, local simbólico da mentalidade conservadora que viu, certamente escandalizada, o grupo de "Oub' Lá" nascer em finais de 1984. A primeira parte da longa conversa tem, no entanto, lugar num cenário radicalmente diferente: um restaurante de sushi gerido pela companheira de Adolfo, que representa não só um olhar para o futuro, como outro tipo de empreendimento - não artístico - do homem que quando não vocifera palavras de caos e desordem ganha a vida como jurista. "Estava farto de ter que ir ao Porto para comer sushi", desabafa. E é neste pedaço de futuro bracarense, que começamos a olhar para o passado.



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Billy disse...

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Em criança, o que é que queria ser quando fosse grande?
A única coisa que sei é o que me contaram e, claro, o que me contaram foi o lado anedótico. E dentro desse lado anedótico, ao que parece aquilo que eu queria ser era Presidente da República.

E quando é que sentiu que já não era criança?
Tenho a impressão de que mais do que psicologicamente ou racionalmente, esse meu crescimento esteve relacionado com a geografia, digamos. Eu vivi a infância em Vieira do Minho, o meu pai era administrador florestal e nós tínhamos uma casa de serviço, com jardim, floresta, rio. Era um espaço imenso onde a liberdade era um facto - podia pegar na bicicleta e ir apanhar castanhas, brincar com os cães, tomar banho no rio. E eu acho que o fim da minha infância chegou quando saí de Vieira do Minho e fui para Braga, com onze anos.

Sentiu algum choque?
Não. Quer dizer, senti que de repente a minha vida tinha mudado. Psicologicamente isso dizia-me que já não era uma criança, até porque tinha outra vivência, já não tinha a mesma liberdade de movimentos, as brincadeiras passaram a ser outras. E depois tinha a escola, a vivência urbana - dentro do que era a vivência urbana possível numa cidadezinha de província como era Braga nos anos 60. De qualquer maneira, comparado com o hiper-boculismo de Vieira do Minho, era uma realidade urbana.

O que é que era diferente em Vieira do Minho? Tinha uma casa na árvore?
Essa da casa na árvore tem graça porque é uma ideia hollywoodesca. Lembro-me do início da televisão e das emissões a preto-e-branco só ao fim do dia que começavam com séries juvenis. Lembro-me de uma série qualquer que era uma espécie de Robinson Crusoe com um tipo que estava numa ilha, dormia numa árvore e, para não cair, amarrava-se a um tronco com o cinto, o que era completamente absurdo. E eu lembro-me de ter experimentado essa técnica, a fingir que dormia numa árvore, amarrado a um tronco. A casa na árvore é uma noção distante da realidade: a nossa relação com as árvores implicava ir aos ninhos, ir apanhar castanhas, o que fosse, mas não construir casas nas árvores.




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Billy disse...

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Já em Braga, vivia entusiasmado com as novas possibilidades?
Continuava a ir a Vieira do Minho aos fins-de-semana, mas a relação já era diferente, era mais um reencontro, via as mesmas pessoas, mas já não era aquele convívio quotidiano. Mas, de facto, a cidade abria todo um leque de novidades. Mesmo apesar de eu sempre ter tido uma relação próxima com Lisboa, que era onde viviam os meus avós e onde eu ia umas duas vezes por ano, já tendo por isso uma relação forte com a vivência urbana - os autocarros de dois andares, os eléctricos (que Braga também tinha), os cinemas. Mesmo tendo essa referência, Braga representava uma mudança forte.

Lembra-se da primeira ida ao cinema?
Ao cinema propriamente dito penso que não, mas lembro-me dos primeiros filmes que vi. Quando vivia em Vieira do Minho, todos os verões fazia férias em Vila Praia de Âncora e aí todas as semanas havia cinema, nos Bombeiros Voluntários. E foi aí que vi os primeiros filmes.

Coboiadas?
Não. Era mais o Joselito e a Marisol, muita coisa espanhola. Talvez porque as histórias fossem emocionalmente mais violentas, mas esses filmes são as primeiras coisas de que me lembro. Via a Marisol a ser raptada, os pais à procura dela, os bandidos a esconderem a Marisol debaixo do banco quando a polícia os mandou parar.

E quais foram os seus primeiros heróis?
A minha relação com a banda desenhada começou ainda na infância com o Tintim, por volta de 1967, talvez. Mas não era propriamente um herói. Lia a revista todas as semanas - enviada pelo meu avô de Lisboa, enroladinha tipo canudo - lia as aventuras do Astérix, gostava muito, o Michel Vaillant, que eu adorava por causa dos carros.

Mas curiosamente, só começou a conduzir já tarde, não foi?
Sim, muito tarde, mas sempre fui um co-piloto de primeira ordem. Só tirei a carta em 1998 para o nascimento do meu último filho, o Mateus.

Entrevista de Rui Miguel Abreu

Leia o artigo completo na BLITZ de Março





http://blitz.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=bz.stories/57713





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