Gazua - entrevista

Os Gazua estão de volta aos concertos! Quem costuma ler o Billy News já conhece a banda, de certeza... punk rock interventivo recheado de mensagem, cheio de guitarradas e cantado em português.



Sempre com o mesmo espírito e agora com novo disco na mão (CD "ContraCultura", podem ler review clicando aqui!) acabado de ser editado, o trio lisboeta tem tudo pronto para apresentar os novos temas ao vivo.

O Billy News falou com João Morais (também conhecido por João Corrosão, por pertencer à extinta banda Corrosão Caótica), o mentor e vocalista/guitarrista dos Gazua sobre este novo trabalho e acerca do momento actual da banda. Podem ler a entrevista já abaixo...


Billy-O vosso recente disco “ContraCultura” surpreende logo pelo package, pela apresentação física do próprio CD, com o disco, folheto com as letras e imagens de pessoas ligadas ao tema, um pin (crachá), um patch, uma palheta… tudo alusivo à banda. Foi difícil conseguir conciliar tudo, para obter este ´pacote` tão atractivo?

João- foi sem dúvida difícil, mas depois da ideia ter surgido, só pensámos em conseguir atingir o objectivo. Com mais ou menos trabalho. Fazer as coisas um pouco fora do convencional é sempre mais trabalhoso, mas vale bem a pena!

Billy-Este é o vosso terceiro álbum lançado em três anos consecutivos… é no mínimo ambicioso, se falarmos em termos de bandas ´underground` portuguesas. Esse facto deveu-se com certeza a muita disciplina na banda, pois não há uma editora de raiz. Faz um relato rápido de como tudo aconteceu.

João- Esta banda esteve 5 anos em formação. Em constantes mudanças de line up. Digamos que de início não houve pressa para que as coisas fossem ao lugar. O tempo foi passando e quando o Paulinho chegou à banda, senti que as coisas ganharam consistência. A partir daí decidimos que o que produzíssemos em cada ano ficaria registado em disco. A entrada do Paulão ainda fortaleceu mais a ideia.

Já passaram 3 anos... já ficaram 3 discos... escusado será dizer que não estamos a pensar ficar por aqui :-)

Claro que para tudo se concretizar foi preciso criar um plano de rentabilização do projecto em que todo o dinheiro de discos, concertos e merchandise reverteria para as despesas da banda.

Billy-Mais uma vez, a mensagem é o mote principal para a edição deste último trabalho. Sucintamente, fala um pouco sobre o porquê da escolha, a temática em si (já que corresponde a um movimento criado na década de 1960) e também como está adaptado ao espírito dos Gazua e o encaras actualmente.

João- Os anos 60 servem (ou deviam servir) sem dúvida de inspiração para a nossa maneira de estar actual. Na América levantaram-se vozes contra a guerra do Vietname e contra a segregação racial, em França os estudantes e depois toda a população levantaram a voz por melhores condições de vida. Tendo em conta a situação política que Portugal vive actualmente, e a forma como perspectiva o futuro, penso que não podemos ficar quietos e calados.

Os Gazua são a nossa forma de levantar a voz contra um sistema político hipócrita e egoísta.

Billy-Falando sobre os temas, há bastante variedade tanto a nível musical como também na forma de cantar. “Ele Já Não Respira” e “Casa Dos Fantasmas”é digamos Gazua habitual. Por outro lado há novidades, o tema de abertura “Mudança”, mesmo “Preocupa-te”, “O Segredo” ou “Chamando Urano” leva ´mais além` a vossa sonoridade. Como optaram por incluir temas assim?

João- Temos felizmente gostos musicais muito abrangentes e isso na minha óptica enriquece o que produzimos. O que fazemos é simplesmente percorrer o mais possível esse largo espectro de estilos, tentando obviamente manter um fio condutor entre todo o conjunto.

Billy-Não têm ´aquele receio` de arriscar demasiado, em fugir à sonoridade habitual e que os fãs possam estranhar um ou outro tema?

João- Sabemos bem que por vezes arriscamos um mau feedback de quem já segue o nosso som, mas o que queremos é manter sempre o factor surpresa presente no nosso trabalho. No dia em que o que fazemos se tornar demasiadamente previsível, terminamos o projecto.

Fazemos música em primeiro lugar que nós gostamos e esperamos que o pessoal goste também.

Fazer música à medida do público é o que torna as bandas superficiais e artisticamente desinteressantes.

Billy-Há outra novidade neste disco, a opção de colocar Paulinho na voz principal em “Morreu O Coveiro”, resultou bastante bem. Foi fácil ele assumir essa posição e decidir que correu bem após a gravação?

João- A ideia surge exactamente de experimentarmos qualquer coisa nova. Quebrar a fórmula.

Foi um desafio que o Paulinho aceitou logo. Ele é um músico muito criativo e talentoso, e por isso vamos concerteza repetir a receita.

Ficámos todos satisfeitos com o resultado!

Billy-Falando em concertos de promoção ao disco, apresentaram os novos temas no passado dia 18 de Junho no Cinema S.Jorge em Lisboa, numa sala que esgotou logo aos primeiros minutos do evento. Houve uma excelente aceitação por parte do público em relação às novas músicas. Concordas com isso? Tiveram esse feedback pessoalmente?

João- Foi uma sensação óptima sentir que o novo material resulta tão bem ao vivo como o antigo. Não queremos ser "reféns" do primeiro disco (como acontece tanta vez).

De uma forma geral o feedback que temos tido é bom.

Outra coisa boa é sentir que pessoas diferentes apontam para momentos bem distintos destes 3 discos e não sempre para o mesmo. É sinal que há muita coisa interessante ao longo dos trabalhos.

Billy-Nessa actuação houve uma performance teatral no meio do concerto, com a banda em palco. Foi sem dúvida uma experiência diferente, misturar várias formas de arte. Já tiveram poesia musicada no lançamento de “Música Pirata”. Pensam em repetir algo semelhante ou mesmo diferente numa próxima vez? Podemos esperar para breve um ilusionista?

João- he he he. Um senhor de preto a tirar imperiais fresquinhas da cartola... isso é que era!! :-)

Estas ideias surgem de forma bastante espontânea, por isso não sei dizer o que virá a seguir. Vamos é sem dúvida tentar sempre quebrar mais um bocadinho do muro. Temos sempre muitas ideias mas às vezes a passagem à prática impede que sejam levadas a cabo.

Billy-Depois desse espectáculo só regressam às actuações agora em Novembro. Houve algum motivo especial por isso?

João- O ano passado percorremos as capelinhas todas na promoção do "Música pirata", e este ano tínhamos decidido tentar tocar menos mas com melhores condições. O problema é que por causa "da tal crise" toda a gente está a tocar menos e connosco não foi diferente. O lado positivo disto é que estamos com motivação acrescida para as próximas datas!

Billy-Que datas estão confirmadas para já? Vão passar por que zonas do país?

João- O que está confirmado é o Musicbox em Lisboa para dia 4 de Novembro e o In Live Caffe na Moita dia 6 de Novembro. Para além disso, estamos a programar uma tour a meias com os Asfixia para o início de 2011 que esperemos nos leve a percorrer todo o país e quem sabe, a Espanha.

Billy-Num futuro próximo, que podemos esperar dos Gazua? Há ideias para um novo disco em 2011? Já têm temas novos ensaiados ou nem por isso?

João- O facto deste verão ter sido menos mexido que o habitual abriu espaço para começarmos a esboçar um novo trabalho.

O plano não é muito diferente dos outros anos. Já conseguimos pagar as despesas do "Contracultura", por isso no nosso horizonte existe agora um quarto disco a tomar forma.

Billy-Para terminar, peço-te uma frase para os leitores dos Billy News e apreciadores do ´universo` dos Gazua, que poderão eventualmente ver-vos ao vivo muito brevemente.

João- Acima de tudo que não fiquem quietos e calados! Apareçam!!

Podem obter info actualizada sobre os Gazua, acedendo à página da banda em...

http://www.myspace.com/gazua

Rock Puro e Duro!!