segunda-feira, maio 23, 2011

Loud! #123

Já está disponível nas lojas, livrarias e quiosques a edição de Junho da revista Loud!



Nesta 123ª edição, podemos encontrar referências a Peste & Sida, Agnostic Front, More Than A Thousand, We Are The Damned, Swans, ao festival Resurrection Fest III, GSM Fest 2011 (Barcelos) e obviamente a muito, muito mais!

Há mais detalhes da revista, clicando em "Comments" já abaixo...

1 Comments:

Blogger Billy said...

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LOUD! #123
Editorial


“Não havia mulheres, de todo. Nas bandas com que tocávamos – os Slayer, os Megadeth, os Pantera, os Anthrax, o Danzig, fosse quem fosse – não se encontrava uma única miúda... Na banda propriamente dita, na equipa técnica, no management; nem sequer a trabalhar nos bastidores”. A citação é de Sean Yseult, a ex-baixista dos White Zombie, que lançou recentemente o livro «I'm In The Band» sobre o tempo que passou com o colectivo nova-iorquino. O título partiu de uma piada recorrente no círculo em que os músicos se moviam, uma referência às ocasiões em que, por mais de uma vez, Sean foi impedida – por seguranças ou porteiros, presume-se – de entrar em clubes ou outros recintos em que ia tocar. Os anos 80 já estavam a chegar ao fim, mas aparentemente algumas pessoas ainda tinham dificuldade em acreditar que aquela miúda com um penteado excêntrico fazia parte da banda, confundindo-a com uma groupie ou, quiçá, fã à caça de uma lembrança tão inocente como um autógrafo. Até certo ponto, percebe-se porquê. Por muito que nos custe.

Quando Sean deixou a escola de arte para se fazer à estrada já tinha havido outras mulheres a fazer música pesada – a Lita Ford e a Doro seriam talvez as mais mediáticas – mas, mesmo assim, as pessoas tinham dificuldade em vê-la com um músico igual aos outros. Porque era uma rapariga. Desde o início, o heavy metal, incluindo todas as tendências a que foi dando origem, sempre foi uma coisa dos rapazes. A intensidade, a brutalidade e a força que dominam a música sempre estiveram mais associadas socialmente ao gene masculino e, mesmo com a mistura de glam e hard rock dos anos 80, as mulheres ainda não se tinham conseguido afirmar como artistas na tendência. No entanto, a lista de mulheres que, como líderes ou elementos de bandas, fizeram parte de projectos de heavy metal desde os anos 70 é extensa, talvez até chocante para alguns sexistas mais ferrenhos. Viajemos até 1978 e à formação das Girlschool, a primeira banda totalmente feminina de heavy metal. Estão juntas há trinta anos e Jackie Chambers recorda-se de um tempo em que “estava em palco e as pessoas perguntavam se estava a afinar a guitarra para um elemento da banda ou algo paternalista desse género. Não esperavam que uma mulher subisse ao palco e tocasse guitarra”. Lemmy, o eterno gentleman, pegou nelas e, contra a incerteza dos seus colegas de banda, levou-as em digressão com os Motörhead. Desde aí começou a haver cada vez mais mulheres envolvidas na cena, em todas as capacidades. O metal foi inventado por homens, provavelmente para homens, mas não quer dizer que não apele, mesmo de forma diferente, ao sexo oposto. No entanto, mesmo depois das riot grrrls todas, da Sabina Classen, da Jo Bench, da Great Kat, da Lori Bravo, das Mythic, da Cadaveria, da Karyn Crisis, da Gen ou da LSK, entre muitas outras, parece que as coisas afinal não mudaram assim tanto.

Aliás, olhamos para uma Revolver, com as suas Hottest Chicks In Metal, e ficamos com a sensação de que certas coisas não mudaram mesmo nada. Às tantas, fica a ideia de que quando se fala de mulheres no metal é só para analisar se são como os helicópteros – e há quem se preste a isto, que ainda é mais grave. Felizmente há quem contrarie essa tendência, com a inteligência de quem sabe o que diz e faz. A Angela Gossow está mais uma vez na capa da LOUD – acompanhada pelos Arch Enemy. Por ter um gutural brutal e rivalizar em termos de energia em palco com qualquer homem, não por ser mais uma carinha laroca num mundo “dominado” por homens. E por ter os pés bem assentes na terra, como provou na conversa que teve com o Nelson Santos. Num mundo ideal, o talento de cada um seria apenas o que interessava. Se sabem tocar, berrar ou cantar, não devia sequer interessar se são mulheres ou homens.







Retirado de...

http://www.loudmagazine.net/editorial.html


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11:35 da manhã  

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