Censurados - os pais do Punk Português

No sector das velhas memórias, relembro aqui a banda e carreira dos Censurados, através de um texto de João Pedro Baptista que encontrei no site Rock Actividade.
Ai, que saudades...

Só eu vi 22 concertos destes grandes impulsionadores do Punk em Portugal...
e tudo começou no RRV...

Comentários "Billyanos" a azul... (não podia deixar de "meter a unha" num texto sobre esta banda).

Os Censurados - Pais do Punk Português

Os Censurados, banda já extinta, merecem ficar para a história da música rock independente portuguesa como um emblema de uma época (disso não há qualquer dúvida, pá).

Como qualquer banda punk que se preze,seja da Califórnia ou de Alvalade, os Censurados foram sempre um perfeito exemplo de "do it yourself".
Nunca dependeram da MTV, nem das capas de jornais ou das playlists da rádio.
Por isso, acabaram quando lhes faltou a independência.

E também por isso ficaram como pioneiros ao colocar num disco, lançado em 1990, influências até aí circunscritas ao underground do nosso país: beberam a herança dos Xutos, e a rebeldia dos Crise Total/Kú de Judas e todos os cultos e angústias de uma geração (nem mais, não há pontos nem vírgulas a acrescentar).

E na altura em que os Censurados acabavam em Portugal, o punk renascia a nível internacional. Estranha coincidencia?

Os Censurados foram criados em 1988, pelo antigo vocalista dos Kú de Judas, João Ribas, que a seu cargo tem a Voz e a Guitarra, a ele se juntou o Guitarrista Orlando Cohen, o ex-membro dos Peste & Sida, o Baterista Samuel Palitos e ainda o Baixista Fred Valsassina.

Conseguiram, em 1990, o lançamento do primeiro álbum que dava pelo nome de "Censurados" e que tirou os Censurados do anonimato, muito em parte graças ao single com o nome do álbum (ao fim de muita espera, podes acreditar... já circulavam k7's de actuações da banda, ao pontapé, tudo DIY).

1991, o bom trabalho continua com mais um álbum "Confusão" , que conta com grandes musicas tais como o "Kaga na Cultura"(esse tema faz-me sempre lembrar o "UK 82" dos Exploited), "Coxa" e "Americano Gordo", que demonstram na perfeição as varias vertentes dos Censurados.

Em 1993, e após vários anos de estrada, vem o álbum "Sopa" que conta com o single homônimo, e com uma participação de Jorge Palma, no tema "Estou Agarrado a Ti" ao qual emprestou Voz e Letra.

Em 1994, o Fim dos Censurados, que acabam em grande com a participação no disco "Filhos da Madrugada",Tributo a Zeca Afonso, para o qual reeditaram uma das musicas mais famosas deste cantor de intervenção o "Que Faz Falta", este Álbum vendeu mais de setenta mil unidades e contou com várias bandas como Xutos & Pontapés, GNR, Delfins e Madredeus entre muitas outras, em junho é dado um concerto no Estádio de Alvalade, inserido no programa de Lisboa 1994 Capital Européia da Cultura, que tinha como objectivo a promoção do álbum "Filhos da Madrugada".

Este Concerto conseguiu ser o maior concerto de sempre dado em Portugal por Bandas Portuguesas utilizando um grande palco com 120 m de frente e meios de som nunca antes vistos em Portugal.
Neste concerto os Censurados tocaram "O Que faz Falta", mais dois grandes êxitos da sua carreira à semelhança de outras bandas que participaram neste grandioso evento.

1998, há uma reedição dos álbuns "Censurados" e "Sopa", pela editora de Tim, "El Tatu", já a prever o regresso no seguinte ano (que mesmo assim são edições difíceis de encontrar, hoje em dia).

1999, ano de reaparição dos Censurados, para alegria dos fãs, reaparecem na colectânea de tributo aos Xutos & Pontapés, designada por "20 anos 20 Bandas", para a qual gravaram "Enquanto a Noite Caí", e, ao contrario do que tinha sido anunciado por João Ribas, a reaparição dos Censurados não ficou limitada a uma musica, pois resolveram partir com os Xutos & Pontapés na tourneé de promoção de "20 anos 20 bandas", o ponto alto desta tourneé foi no Festival Sudoeste onde os Censurados tiveram um grande aceitação por parte do público (e também o mítico concerto em Coimbra, que resultou na edição do disco de Censurados ao vivo, editado o ano passado).

Para grande infelicidade dos fãs, este ressurgimento dos Censurados ficou por aqui.

O Que é feito dos Membros dos Censurados? Os membros dos Censurados não ficaram parados.

João Ribas, em 1997, funda os Tara Perdida uma banda que tem bastante sucesso dentro da cena Punk Portuguesa, conta com dois álbuns editados e um terceiro em vista; esta banda teve um dos seus pontos altos em Faro, com a actuação ao lado da cotada banda Americana NOFX
(o 3º disco já saiu entretanto, este texto já tem algum tempo, daí o desfazamento de algumas notícias, para além de o sucesso continuar).

Samuel Palitos ingressou em bandas como os LX90 e nos Sitiados, ao lado de João Aguardela, e actualmente é o baterista da banda do seu grande amigo To Trips, os Lulu Blind (que entretanto deram por finalizadas as actividades e Samuel continua com participaçoes em projectos vários, como os Flux).

Fred Valsassina está à frente do clube de fãs dos Xutos e Pontapés e participou recentemente nas gravações do primeiro disco de Tim a solo "Olhos Meus", no qual participou na bateria Samuel Palitos (iniciou o projecto Gazua, que animou as hostes com um rock não muito diferente dos Censurados, mas entretanto já o deixou, ficando o mentor dos Gazua Little John-João de Corrosão Caótica e Carbon H- ainda a liderar o projecto) .

Orlando Cohen criou, em 1997, a banda Porta Voz que tem um som menos punk que os Censurados, mas continua na mesma onda ( que também já encerrou actividades, mas Orlando voltou para os Peste & Sida, neste folgoroso regresso).