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sexta-feira, abril 15, 2011

No Means No em data extra em Lisboa

A informação já nos chega tardia, mas aqui fica... data extra dos No Means No na zdb (a 14 de Abril).



Fontes oficiais dizem que "foi um banho". Quem não pôde assistir à energia bruta dos históricos punks na noite de ontem na ZDB poderá comprovar hoje uma descarga de selvajaria sonora, uma vez que os NoMeansNo fazem um concerto extra no "Aquário" da Rua da Barroca esta noite. Aquela foto do Nuno Martins, ali em cima, dá uma ideia do que aconteceu ontem e daquilo que vai acontecer mais logo. Não é pra meninos.


publicado em Bodyspace.net
14 Abr 2011 - 17:12

http://bodyspace.net/noticia.php?id=001433

1 comentário:

Billy disse...

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review retirada de O PONTO ALTERNATIVO





Concerto: NoMeansNo @ ZDB


13 de Abril - Galeria Zé dos Bois, Lisboa
Escrito por António Matos Silva / Fotografia por Nuno Martins




Esperámos trinta anos por um concerto de NoMeansNo em Portugal. Salivámos trinta anos por uma mistura explosiva de punk, rock, jazz e noise. Alimentámos durante trinta anos a esperança de ver estas lendas que, vá-se lá saber porquê, ficaram na sombra de Ramones, Motorhead e outros que tais sem lhes dever pitada de talento. Mas eis que, em 2011, temos não uma, nem duas, mas três datas no nosso país. A segunda foi ontem na ZDB e, segundo reza a crónica dolorida, foi uma investida de duas horas sem dó nem piedade.

A veterania é um posto, fica-lhes bem e ainda bem que se servem disso mesmo para disparar para todo o lado com o seu humor cada vez mais refinado. E é que nem duvidem que por aquelas mãos já passou mais música que nas dos Stones, esses teimosos que gravam o mesmo disco desde 1978. É que os NoMeansNo são uma banda boa, uma banda a sério, que conseguem ser artsy sem soarem fartsy (que é como quem diz que têm técnica e estrutura, mas não são pretensiosos como eu, que usei esta expressão).

Com trinta anos de carreira e uma dezena de álbuns lançados, agradeçamos a Odin (Zeus ou Deus, conforme quiserem) que o trio tenha optado (ou conseguido) construir uma setlist de antologia. Ouviram-se três partes distintas: levámos na cara com punk de primeira ordem, rock matemático nos seus primórdios e estilhaços noise que se cravaram que nem estilhaços no nosso corpo e ouvidos. O público foi conquistado, o festão mínimo garantido foi assegurado e só se teve que esperar pela música que passámos o dia todo a desejar que eles tocassem – é que provavelmente tocaram.

Quem vinha armado para o confronto, aproveitou efusivamente Teresa e Oh No! Bruno!, como se o mundo fosse acabar já amanhã – e há melhor maneira de as aproveitar? Quem não vinha lá muito preparado – houve quem se atrevesse a entrar sala adentro de saltos altos -, foi brindado com sovas de meia-noite e mal conseguiu respirar em temas mais compassados como I Need You. Rock sem merdas e sem poupanças na altura de explodir (ou rebentar?), que em certas alturas, com a polvorosa que ia no Aquário da ZDB parecia que ia implodir com toda a gente. A solução possível era dar um passo cá fora, beber uma cerveja, respirar o ar menos quente da noite e mergulhar de cabeça para a festança orgiástica (parecia mesmo!) que ia lá por dentro.

Não valeu a pena esperar trinta anos para ver um canadiano mandar foder os mamões dos fotógrafos? Não valeu a pena esperar trinta anos para termos três canadianos a lixar-nos os tímpanos e a obrigar cada músculo a resistir até ao limite numa ZDB que parecia a sala de estar da minha vizinha do 1º esquerdo? Contas feitas, estas duas horas valeram 20 de ginásio, uma de sexo, 7 a andar de bicicleta, 10 a andar de patins e 29 filmes do Jackie Chan num domingo à tarde. As pessoas do Biggest Looser deviam pensar em fazer deles a banda residente. Num mês passavam de gordos mórbidos a bêbedos decadentes com um gosto musical impecável.

Quem não esteve lá, nunca vai ter ideia de como foi. E estas suadas palavras, assumo-o aqui e agora, são uma pálida reflexão do que ali se viu: a perfeita simbiose entre três músicos, o equilíbrio perfeito entre instrumentos, vozes e som. Mas deixo uma sugestão se quiserem sentir o que sentiu a partir dos vinte minutos de concerto e ainda se poupam do mosh. Vão à vossa casa de banho, liguem o chuveiro do vosso polibã (ou banheira ou jacuzzi), deixem a água aquecer e enfiem-se ali debaixo durante dez a quinze minutos. Ah, façam-no completamente vestidos. Depois saiam à rua e tentem sacar um beijo a uma gaja gira. Foi mais ou menos assim – mas com mais cheiro a suor.








http://opontoalternativo.wordpress.com/2011/04/14/concerto-no-means-no-zdb/



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