Bizarra Locomotiva em força

Foi no passado dia 10 de Abril que os Bizarra Locomotiva actuaram ao vivo em apresentação do seu novíssimo trabalho "Álbum Negro", no Musicbox.

Perante a sala lisboeta verdadeiramente esgotada, com fila para entrar até à rua de trás, mesmo com a entrada a valer 12 euros (e o respectivo álbum como oferta), não foi difícil adivinhar que a pujante apresentação cedo iria incendiar os presentes...




Com uma carreira inigualável no universo rock industrial português, a banda simpaticamente 'atrasou' o início do espectáculo para a maioria ter tempo de o presenciar na íntegra (foi um processo de entrada algo demorado, diga-se).

E sim, já se pode falar em «carreira», a banda formou-se em 1993, lançando o primeiro álbum no ano seguinte, mantendo um ritmo de concertos e edições consideravelmente regular, com nove discos lançados.

Rui Sidónio é sem dúvida o 'frontman' da banda, não só pela postura (por vezes a fazer lembrar Henry Rollins) mas pela contagiante forma de cantar e mesmo pela comunicação com o público, tornando-se definitivamente o porta-voz nos variados momentos.

Ao primeiro acorde, as sonoridades industriais tomam conta da sala marcadas pelo ritmo da bateria, enquanto as palavras sentidamente debitadas transformam o refrões em universos bizarros (lá está), deixando-nos estranhamente envolvidos...

As guitarradas de Miguel Fonseca (por vezes baixas) adornam os temas, tão subtilmente como uma lâmina a raspar lentamente em metal.

O aparato cénico é o do costume, plástico negro ou roupas em estilo sado-maso dão o mote...



Uma ideia saltou logo à vista, o novo disco traz grandes momentos...

Um deles é sem dúvida no tema "O Anjo Exilado" que conta com a participação de Fernando Ribeiro (vocalista dos Moonspell, saúda-se aqui o cantar em português e num registo próximo de Sidónio) e veio mesmo participar ao vivo, como convidado...

Mas não só, "Êxtases Doirados" ou "Engodo" são temas fortes, que facilmente os fãs de rock industrial vão apreciar...

Mas o concerto é uma celebração e "Escaravelho" ou "Cada Homem" agita o público com o power dos temas e mesmo o antigo "Druídas" mete o pessoal ao saltos em ritmo hipnótico...


Sidónio ainda salta para o público, mas o curto espaço disponível não permite grandes 'aventuras' e de seguida sobe para o palco, erguendo em ombros o seu teclista, sem nunca parar de cantar...

Perto de uma hora e meia depois, a banda volta para' encore' e completa o seu 'set', deixando os seus fãs extremamente agradados e ao mesmo tempo sedentos, perante o calor e agitação que uma noite recheada de sonoridades industriais (e cantada em português) nos trouxe!

Ter uma sala esgotada dá um motivo extra para que seja um grande espectáculo e foi mesmo disso que se tratou.

"Álbum Negro" foi editado pela Raging Planet (mais uma aposta arrojada e método que definitivamente conquistou, na oferta com o espectáculo) e ameaça desde já ser um dos melhores trabalhos nacionais este ano.

Vamos ver entretanto o que aí vem...



(imagens retiradas do myspace da banda em... http://www.myspace.com/bizarralocomotiva )