Mão Morta em Lisboa
Hoje os Mão Morta actuam em Lisboa, no cinema S.Jorge (Av. Liberdade) na digressão "Ventos Animais", aparentemente já com os bilhetes completamente esgotados.O início está marcado para as 21h30 e na primeira parte vão estar os Murdering Tripping Blues...
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Mão Morta: Rock n' Roll
Data: 02-04-2009
Mão Morta. Chega a ser redundante falar neles como A Banda rock nacional, tal é a riqueza do património dos quase 25 anos de percurso de Adolfo Luxúria Canibal e Miguel Pedro e os muitos e variados músicos que os acompanharam ao longo de todos estes anos na música. Já culto será o palavrão mais adequado para a experiência de um concerto da banda. Demasiados fãs para poucas aparições ao vivo, o resultado quase aritmético da devoção junto do grupo de Braga, que tem esgotado salas em todo o país desde que partiu sob o auspício dos "Ventos Animais".
Nesta noite ainda com medo da Primavera, muitos foram os que ficaram de fora da Sala 1 do São Jorge e desta passagem menos regular do que seria desejável, dos Mão Morta pela capital. Tudo começa naturalmente com a balada de "Corações Felpudos", que dá o nome à digressão, 'Ventos Animais' e nem há tempo para pensar que a coisa começou calma, porque logo a seguir chegam 'Budapeste', 'Tetas da Alienação' e 'E Se Depois', incendiários e claros como água, a declarar sob a distorção das guitarras que os Mão Morta estão de regresso à estrada para o bom e velho Rock n' Roll.
Aberto o diálogo com uma assistência algo 'arruaceira' demais do que os Mão Morta merecem, ou nas palavras de Adolfo Luxúria Canibal, a «usar demasiado do seu direito à expressão», cada intervalo entre músicas dava espaço aos habituais pedidos, mas poucas foram as vezes que a banda cedeu ao apetite dos fãs. Um pormenor no meio do ambiente incrível que agitou a sala lisboeta, sobretudo porque o grupo de Braga deu primazia aos primeiros discos da sua longa carreira, edições que remontam aos finais dos anos 80 e inícios dos 90, época que coincide com o auge da adolescência de muitos dos assistentes nesta noite de S. Jorge. Em especial para os fãs de "Mutantes, S.21", que depois de 'Budapeste', nos levou a 'Barcelona' e trouxe-nos de volta a 'Lisboa' ou de "O.D., Rainha do Rock & Crawl", o álbum de 1991, onde Adolfo e companhia foram buscar ainda mais irrepreensíveis versões para palco de 'Quero Morder-te as Mãos', 'Charles Manson', o indispensável 'Anarquista Duval' e 'Bófia', dedicada à baixista e aniversariante Joana Longobardi, ela própria a confirmar-se cada vez mais como uma das melhores executantes femininas no panorama rock nacional, mesmo no meio da timidez com que agradeceu um tardio 'Parabéns a Você' de um público com dificuldades em estar calado. Já António Rafael atirou-se a maior parte do concerto à guitarra. Três em simultâneo na maior parte do tempo, para mais uma vez não deixar dúvidas, que a noite era de «rock n' roll».
Quase a cumprir 25 anos de estrada, Adolfo Luxúria, a figura central indiscutível do rock poético dos Mão Morta e de uma certa maneira de tratar a língua, que é tão portuguesa como o ímpeto que levou D. Afonso Henriques a andar às turras com a mãe, está numa forma invejável para muitos dos seus seguidores mais novos, goste-se ou não. Dança, salta, grita do fundo dos pulmões e da alma. É O performer por direito próprio. Mesmo quando parece estar lá ao fundo, distante, no seu mundo e sem puxar muito pelo público.
Público esse que, apesar dos gritos, demorou algum tempo a levantar-se das cadeiras do S. Jorge, mas depois de perder a vergonha saltou, pulou e levantou os braços, nesse gesto tão rockeiro para prestar a devida homenagem aos refrões de 'Tu Disseste', 'É Um Jogo', 'Em Directo (Para a Televisão)' e sobretudo o coro inicial de '1º de Novembro', que serviria inclusive para chamar o grupo para o primeiro encore da noite. Não foi o único, porque o público lisboeta não deixou os bracarenses 'escaparem' tão rápido numa das suas poucas visitas à capital. Perante uma plateia que já não se conseguiu sentar, Adolfo Luxúria Canibal e companhia acabaram por deixar mais frescos na memória 'Velocidade Escaldante' e o velhinho 'Oub' Lá'. E não se furtaram a agradecer à beira de palco a previsível ovação final. Resta esperar que ainda este ano chegue novo álbum dos Mão Morta. «Porque vamos continuar nisto da música enquanto der gosto», dizem eles. Sim, já tínhamos reparado.
Este foi o alinhamento do concerto:
1. Ventos Animais
2. Budapeste
3. Tetas da Alienação
4. E Se Depois
5. Arrastando o Seu Cadáver
6. Tu Disseste
7. É um Jogo
8. Bófia
9. Em Directo (Para a Televisão)
10. Amsterdão
11. Penso que Penso
12. Barcelona
13. 1º de Novembro
14. Quero Morder-te as Mãos
15. Vamos Fugir
16. Lisboa
17. Cão da Morte
1º Encore
18. Chabala
19. Charles Manson
20. Anarquista Duval
2º Encore
21.Velocidade Escaldante
22. Oub'Lá
Texto: Rita Tristany
Retirado de...
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Billy
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