quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Aqui D' El Rock - há que violentar o sistema

E fica aqui a lembrança, no cantinho nostálgico do Billy News, o primeiro disco (neste caso, o primeiro lançamento, em single-vinil) a ser lançado de Punk português, em Portugal.

Com dois temas, "Há que violentar o sistema" e "Quero Tudo", os Aqui D' El Rock ficaram registados como a primeira banda Punk portuguesa a lançar o seu trabalho para o mercado.

A imagem “http://geocities.yahoo.com.br/aquidelrock/images/AquiDelRock_02-3.jpg” contém erros e não pode ser exibida.

Imaginem Portugal em 1978:

"Há que violentar o sistema! Há que violentar o sistema! Há que violentar o sistema!" – gritava, com todas as forças que podia, o vocalista dos Aqui d'el-Rock no primeiro concerto desta banda punk, no pavilhão de Campo de Ourique.

O som, fortemente distorcido e ensurdecedor, não deixou ouvir mais.

E foi pena.

Aqui d'el-Rock é um grito de revolta e uma atitude política.

O rock é a linguagem e as letras - a pedrada.

Anunciado na nossa revista como o primeiro grupo punk português, Aqui d'el-Rock é um conjunto de quatro perigosos sujeitos cujo maior "perigo" é o estarem contra o sistema que os (nos) explora, subtil ou descaradamente, no dia-a-dia".

(in "Rock em Portugal" nº 04 de Maio/Junho de 1978)


E vejam bem as letras :

"Há que violentar o sistema

Puxa p’la pinha e adivinha
qual é a coisa qual
que sendo velha como o cagar
é nova ou está por inventar
pior que boa
melhor que mal
e que de tanto mudar continua igual

A coisa é peta por cheta,
é cheta por peta,
é virgem puta é treta
a coisa
são coisas e loisas
são loisas e coisas
a coisa é o sistema
e por isso há que violentar o sistema…

Quero tudo

Heróis à chuva fantasmas de Alice
somos de uva mas que grande chatice
amo o “Kleenex” amo o “Kleenex”
sou tudo hoje sou tudo hoje
que quero, ah… que quero, há?!

Não pedi p’ra nascer
nem agora nem nunca
e se já estou nos 20
sem vontade nem futuro oh, não

Rasga a camisa chateia toda a gente
rasga a camisa chateia toda a gente
bebo até cair bebo até cair
há tanto que afogar
há tanto que afogar amas-me agora?

Heróis à chuva fantasmas de Alice
somos de uva mas que grande chatice
amo o “ Kleenex” bebo até cair
há tanto que afogar e eu não sei fugir
que quero, ah… que quero, há?! "

E imaginem também, um som misto de Ramones e Motörhead, a ser lançado com um autocolante na capa com a inscrição "Punk"!

Mais tarde, o single seria retirado de mercado nacional por "fazer alusão a um fenómeno que tinha nascido em Inglaterra, que não se percebia bem o que era, mas que seria contra o governo" e então o procedimento "adequado" foi o de retirar das lojas (lembra-se de "Never mind the bollocks" dos Sex Pistols?), isto no pós-25 de abril...

Os Aqui D' El Rock abriram a "porta" a imensas bandas, que juntamente com outras que acabaram por não fazer qualquer lançamento discográfico (como os Faíscas, por exemplo), fizeram "nascer e crescer" o fenómeno Punk em Portugal.

Aqui fica prestada a devida vénia aos Aqui D' El Rock, que muito interesse desperta ainda nos jovens punks, actualmente.

No disco "Sistemados pelo crucifa", com os temas do primeiro disco dos Ratos De Porão gravado recentemente (quanto a mim, um dos melhores discos de sempre), os brasileiros prestam também a sua homenagem à banda portuguesa, exactamente pela importância que teve.

Assiste-se a tanto regresso de bandas da merd... com pouco interesse...

Bem que, embora fosse um pouco "forçado"(ou talvez não, se o espírito fosse semelhante aos dos dias de '77 ou se a intenção fosse de demonstrar esse espírito), seria um regresso visto com muito interesse e curiosidade por imensa gente.

Quem sabe se um dia...


6 Comments:

Blogger Billy said...

Aqui ficam uns links que ajudam a conhecer melhor esta banda:

http://www.aquidelrock.cjb.net/

http://www.homestudio.com.pt/bandas/verbanda.php

4:30 da tarde  
Blogger Billy said...

(...) Em síntese foi o que se passou no CACO (Clube Atlético de Campo de Ourique) no dia 29 de Abril às 21 e 45!!...

A abrir o espectáculo tocaram os “Aqui d'el-Rock”, apresentados como grupo “punk”.

Como nós estamos desfasados em relação ao estrangeiro, agora que este tipo de grupos parecem encontrar algumas dificuldades, alguns estão mesmo a desaparecer, surgem em Portugal pelo menos dois.

(...) “Há que violentar o sistema! Há que violentar o sistema! Há que violentar o sistema!” – gritava, com todas as forças que podia, o vocalista do Aqui d'el-Rock no primeiro concerto desta banda punk, no pavilhão de Campo de Ourique.

O som, fortemente distorcido e ensurdecedor, não deixou ouvir mais.

E foi pena.

Aqui d'el-Rock é um grito de revolta e uma atitude política.

O rock é a linguagem e as letras - a pedrada.

Anunciado na nossa revista como o primeiro grupo punk português, Aqui d'el-Rock é um conjunto de quatro perigosos sujeitos cujo maior “perigo” é o estarem contra o sistema que os (nos) explora, subtil ou descaradamente, no dia-a-dia.

O Serra (baterista) e o Fernando (baixo) vivem em barracas pré-fabricadas no Bairro do Relógio.

O primeiro é servente de armazém e ganha cerca de seis contos que têm de chegar para sustentar, em conjunto com o ordenado da mãe, uma casa de família com um homem (o pai) inválido.

0 segundo é desenhador e, até à altura em que esta entrevista foi feita, ainda não tinha recebido o ordenado.

Depois, temos o Alfredo (guitarrista), estudante de Economia e professor de Filosofia, cargo de onde aufere quantia de três contos e seiscentos, e o Óscar (vocalista), também estudante de Economia e sem esperanças de trabalho.

O resultado destas situações é o Aqui d’el-Rock e a carga fortemente agressiva e política com que se dirigem aos “senhores” deste mundo por meio de letras cáusticas e subversivas (em português), e um som bruto, puro e arrasador de rock primitivo e violento.

Os elementos do Aqui d’el-Rock não são “punks” ortodoxos.

“Se o punk é o que nós fazemos, então somos punks”, dizem-nos.

Por outro lado, não cortaram o cabelo à “punk”, não usam alfinetes de dama espetados na orelha ou na boca e são (aparentemente) cidadãos normalíssimos desta terra.

“Apenas” revoltados. (...)

(in "Rock em Portugal" nº 04 de Maio/Junho de 1978)



Os "Aqui d'el-Rock" actuam pela primeira vez (que eu saiba) em Lisboa.

Da actuação pouco há a dizer... péssimo som, impossível de se ouvir o que quer que fosse para além de um som compacto saindo da aparelhagem.

Ainda por cima do ponto de vista musical aquilo que ouvi era totalmente “quadrado”.

O vocalista não se percebia (mas saltava, oyé!), a bateria era igual do princípio ao fim dos temas, o baixo não conseguia nada do ponto de vista rítmico, o guitarrista para além de alguns gestos mais ou menos pretensiosos também não conseguia salvar o esforço dos rapazes.

Enfim, não acredito que estes “punks” consigam chegar onde quer que seja - é caso para perguntar se é forçoso que se cheque a algum lado?! - para além daquela “massa” sonora que fere os ouvidos no mau sentido, fazendo no entanto vibrar alguns “meus” talvez a curtirem algumas viagens agradáveis. (...)

(in "Música & Som" nº 32 de Junho de 1978)

4:46 da tarde  
Blogger Billy said...

http://www.novaguarda.pt/140201/g_opi8.htm

5:18 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

muito bom este artigo

10:59 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

esta banda é algo q me acompanha pra sempre desde q comecei a ouvir musica rock! a q violentar o sistema ainda hj n era so em 77 ... ha q lutar sempre pelos nossos direitos! esta tenho de fazer cover sem duvida ehehe
grande som!

12:21 da tarde  
Anonymous rodrigo nyrak said...

ola!muito legal esse blog,parabens.

7:43 da tarde  

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